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Publicada em 05 de Dezembro de 2025 às 00:25

Campanha Tudo Gira Sobre Rodas: entrevista com Luiz Roberto Saalfeld

Luiz Roberto Saalfeld, Sócio-proprietário do Frigorífico Coqueiro Ltda

Luiz Roberto Saalfeld, Sócio-proprietário do Frigorífico Coqueiro Ltda

/SETCERGS/ Divulgação/ JC
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1. O transporte é essencial para o ciclo produtivo da pecuária, desde o deslocamento dos animais até a distribuição da proteína final.
Na sua visão, qual é a importância do transporte rodoviário para o setor pecuário, considerando o deslocamento de animais, o abastecimento das unidades industriais e a distribuição dos produtos até o consumidor final?
“Sendo bem sincero? É tudo. Depois que a gente viveu a greve dos caminhoneiros de 2018 e agora, em 2024, a enchente, a gente dá ainda mais valor ao transporte. Dentro da nossa empresa, o primeiro valor é o material humano e o segundo é o transporte, porque nada acontece sem ele.
Nós buscamos matéria-prima no campo, nas propriedades, com chuva, atoleiro, estrada de terra… e depois entregamos lá dentro da câmara fria do supermercado. Fazemos as duas pontas. Atendemos praticamente todo o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, um pedaço do Paraná e São Paulo.
É tudo rodoviário. Tudo gira sobre rodas.”
2. O setor frigorífico depende de uma logística extremamente rigorosa, que envolve bem-estar animal, temperatura controlada, inspeção, rastreabilidade e pontualidade.
O que aconteceria com a produção e a distribuição de proteína animal se o transporte rodoviário fosse interrompido por um período? Quais seriam os riscos para a operação, para a economia e para a segurança alimentar?

“No nosso caso, a cadeia produtiva está diretamente ligada à logística. É 100% ligada ao transporte. A gente busca o boi em vários cantos do Estado — Uruguaiana, Barra do Quaraí, Chapada, Tupanciretã, Rio Grande, Dom Pedrito, Bagé, Camaquã, Santa Vitória… e depois faz a outra ponta entregando nos supermercados.
Se falta energia, a gente utiliza gerador; se falta água, usa caminhão-pipa. Se algum processo o transporte trava, colapsa, pois tudo depende do transporte. Quando o transporte para, tudo para.”
3. Rodovias de qualidade influenciam diretamente a segurança do transporte de animais, o custo logístico e a competitividade das indústrias frigoríficas.
Como o senhor avalia o papel das concessões e dos investimentos em infraestrutura rodoviária na redução de perdas, na melhoria do bem-estar animal durante o transporte e no aumento da competitividade do setor pecuário?

“A área pecuária ainda está distante do que precisa ser. Grande parte das estradas é pista simples e sem conservação. Comparo com São Paulo, lá são quatro, cinco pistas. Aqui, ainda é muito limitado.
Falta muita infraestrutura, muita revitalização. É urgente. Sou totalmente favorável às concessões. Nós pagamos, por ano, mais pedágio do que custa um caminhão. Mas, se não tivesse pedágio, quem manteria as estradas? Só o Estado não dá conta. O caminhão é pesado, sim, o custo pesa, mas, com concorrência entre concessões, o preço baixa, como aconteceu com telefonia e aplicativos de mobilidade urbana.
E quando tu tem estrada boa, duplicada, segura… vale a pena. Muda tudo. A duplicação da 116 transformou a nossa região. A gente levava 3h para chegar a Porto Alegre; hoje leva 1h45, com segurança. E nem está concluída ainda.
Os postos de estrada que têm mais movimento são os que dão melhores condições e segurança ao motorista.
Em São Paulo, as concessões já exigem pontos de parada obrigatórios com estrutura — isso é fundamental. Motorista precisa de apoio, de um lugar seguro para parar. É gente que vive longe dos filhos, da família. Eu mesmo faço de 8 a 10 mil km por mês; imagina um motorista profissional.”
4. O selo reforça o papel vital do transporte como sustentação da vida, do abastecimento e do desenvolvimento.
O que essa mensagem representa para o Frigorífico Coqueiro, uma empresa que depende tanto da logística para garantir proteína de qualidade à população? Como ela se conecta ao propósito da marca e ao compromisso com sustentabilidade, segurança alimentar e responsabilidade social?

“Representa tudo. Estamos na era da IA, mas nada substitui o humano. Depois do capital humano, vem a logística. Sem transporte, não chega matéria-prima, não chegam colaboradores, não chega nada.
É por isso que tudo gira sobre rodas. É literalmente tudo.”
5. O fortalecimento do transporte também depende do engajamento de empresas que produzem, distribuem e sustentam setores essenciais da economia.
De que forma o Frigorífico Coqueiro pode contribuir para ampliar a valorização do transporte rodoviário como vetor de desenvolvimento regional, geração de empregos, integração produtiva e abastecimento?

“A gente já contribui valorizando as classes, como vocês estão fazendo agora com o transporte.
Uma voz sozinha não adianta, mas quando indústria, pecuária, agricultura e entidades se unem, aí somos ouvidos.
Um exemplo: na enchente de 2024, quando o governo queria aumentar os impostos, mais de 260 entidades se juntaram e isso fez diferença.
Juntos, fortalecemos emprego, renda, produção e desenvolvimento. Sozinho, ninguém vai longe.”
6. O transporte rodoviário é o elo que conecta produção, abastecimento e desenvolvimento em todo o território brasileiro.
Para encerrarmos, qual mensagem o senhor gostaria de deixar à sociedade sobre a importância do transporte para o futuro da pecuária, para a segurança alimentar e para o papel do Frigorífico Coqueiro no desenvolvimento do Estado?

“Eu acho que a mensagem principal é parabenizar a iniciativa de levantar essa bandeira, porque isso ajuda a mudar a opinião pública. As pessoas não têm ideia da importância do transporte até o momento em que tudo para — falta alimento, falta combustível, faltam remédios, falta oxigênio nos hospitais. Aí se percebe que realmente tudo gira sobre rodas.
No nosso negócio, depois do capital humano, vem a logística. Nada chega até nós sem transporte, e nada chega até a mesa das pessoas sem transporte.
Dependemos totalmente das estradas para buscar a matéria-prima no campo e para entregar o alimento com segurança. E quando a logística falha, o país inteiro sente.
Por isso, esse movimento é muito feliz no tema e no título, porque é a pura verdade: tudo gira sobre rodas. Desde o caminhão que busca o boi até a ambulância que salva vidas. Então, minha mensagem é que a sociedade enxergue essa relevância e que todos nós — setor público, privado e entidades — sigamos juntos, porque sozinhos ninguém consegue. A união faz a força, fortalece a produção, o emprego e o desenvolvimento das nossas regiões.”
Campanha SETCERGS | SETCERGS/ Divulgação/ JC
Campanha SETCERGS SETCERGS/ Divulgação/ JC

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