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90 Anos do JC

- Publicada em 24 de Maio de 2023 às 16:47

Zaida Jarros comandou o JC por três décadas

Fundadora do JC é lembrada até hoje pelo carisma e empatia

Fundadora do JC é lembrada até hoje pelo carisma e empatia


/ARQUIVO/JC
Fundadora do Jornal do Comércio, Zaida Jayme Jarros apoiava Jenor Cardoso Jarros desde a primeira edição. Mas passou a ter dedicação exclusiva ao JC após a morte prematura do marido, em novembro de 1969.
Fundadora do Jornal do Comércio, Zaida Jayme Jarros apoiava Jenor Cardoso Jarros desde a primeira edição. Mas passou a ter dedicação exclusiva ao JC após a morte prematura do marido, em novembro de 1969.

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Ainda sob o impacto da perda, ela escreveu uma carta em tom emocionado, dirigida a leitores, colaboradores e anunciantes do Jornal do Comércio. O texto foi publicado na capa do diário em 1º de dezembro daquele ano.
Dona Zaida, como era chamada pelos funcionários, havia atuado na publicação nos anos 1930, nos tempos mais difíceis do embrionário Consultor do Comércio, quando era uma jovem professora. Agora, aos 56 anos, anunciava seu retorno à empresa, em mais uma época complicada, quando o jornal perdia seu líder, e ela, o marido com quem fora casada por 34 anos. A nova dirigente compreendeu a dimensão que havia ganhado o JC, que, como ela mesma definiu, era para Jenor "seu orgulho e razão de viver".

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"Sei que hoje o Jornal do Comércio é um patrimônio do Rio Grande do Sul e quero dar a ele o melhor dos meus esforços para, com a ajuda de Deus, de meu filho Delmar, dos velhos companheiros de trabalho Ismael Varella e Walter Lockmann, e mais os jornalistas Homero Guerreiro, como diretor-secretário, e Paulo Poli, como secretário-geral, e de todos os funcionários, realizar os ideais que sempre alentaram seu fundador. Aos amigos que ao longo de 36 anos confiaram no Jornal do Comércio, aos nossos anunciantes, às empresas de publicidade, aos bancos e, especialmente, aos nossos leitores, reafirmamos nosso firme propósito de continuar a veicular o PROGRESSO, realizando plenamente a obra do nosso inesquecível líder", finalizava o editorial.
Zaida teve a sorte de contar com o filho Delmar Jarros, que já trabalhava na empresa. Os dois comandaram o jornal nas três décadas seguintes - ela como presidente e ele como diretor administrativo do JC. A primeira tarefa foi dar continuidade à reformulação que Jenor estava implementando. Além de ampliar o quadro de pessoal, havia negociado a compra da primeira impressora em offset da Capital e a segunda do Rio Grande do Sul. Em 9 de novembro de 1970, o JC circulava impresso na nova rotativa. Com a offset, o jornal se expandiu, com sucursais no Interior, no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
E a concorrência era forte nos anos 1970 - Porto Alegre ainda tinha sete diários: JC, Correio do Povo, Diário de Notícias, Folha da Tarde, Folha da Tarde Esportiva (depois Folha da Manhã), Jornal do Dia e Zero Hora. Com Zaida e Delmar, o JC se firmou como o jornal de economia e negócios do Estado. E resistiu à crise na imprensa gaúcha: em meados dos anos 1980, apenas dois diários se mantinham na Capital, o Jornal do Comércio e ZH.

Professora e ativista de causas nobres

Zaida Jayme Jarros nasceu em Porto Alegre, em 15 de outubro de 1913. Iniciou os estudos no Colégio Americano, transferindo-se depois a Santa Maria, onde se formou professora no Colégio Centenário. Filha do pastor Eduardo Menna Barreto Jayme, desde cedo dedicou-se à filantropia e à assistência social, valendo-se do magistério e de sua atuação na Igreja Metodista para concretizar valioso projeto comunitário.
Quando voltou a Porto Alegre, Zaida conheceu o jovem Jenor Cardoso Jarros, que depois fundaria o Jornal do Comércio. Casaram e tiveram dois filhos, Delmar e Noemi. Desde logo, Zaida colaborou para a consolidação do então Consultor do Comércio, inclusive corrigindo textos, dados e tudo o mais que, pioneiramente, era publicado.
Liderança nata, presidiu a Federação das Senhoras Metodistas, participou do Rotary Club e, após a morte de Jenor, sucedeu-o na Sociedade de Proteção e Amparo aos Necessitados (Spaan).
Além da direção firme do Jornal do Comércio, Zaida Jarros notabilizou-se por estar sempre disponível, desde as mais altas autoridades federais, estaduais e municipais que visitavam o JC até um anônimo, mas importante entregador, a quem auxiliava na solução de problemas dos mais diversos, pessoais e profissionais, incluindo familiares.
Em 1998, Zaida e Delmar Jarros iniciaram a transição para o processo de profissionalização do Jornal do Comércio. Ela faleceu aos 90 anos, em março de 2004, e deixou exemplos de amor à vida, intensa solidariedade, espírito cristão, tirocínio empresarial e um forte poder aglutinador.