De Não-Me-Toque
Uma das maiores dificuldades do agronegócio atualmente, além da falta de mão de obra, é a permanência dos jovens nas propriedades rurais de suas famílias. A sucessão e as estratégias para manter os jovens no campo foi tema na Arena Agrodigital da 25ª edição da Expodireto, em Não-Me-Toque. Nesta quinta-feira (13), durante o painel Do Campo para o Mundo: O Protagonismo do Jovem no Agro, ministrado por integrantes do Programa Jovem no Agro, foram apresentados caminhos para a sucessão familiar e a necessidade de empreender no setor.
Paulo Brum, gerente de desenvolvimento do cooperativismo do Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi)- Integração dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais, instituição parceira do projeto, afirma que a ausência dos jovens no agronegócio tem sido uma preocupação crescente nos últimos anos. “Estamos buscando formas de entender essa questão”, explica. Foi assim que, em parceria com o Instituto Manager, surgiu a ideia do programa. “É um projeto totalmente prático. Os filhos dos associados têm aulas uma vez por semana, onde vão para a lavoura e aprendem sobre solo, sementes, plantio e pulverização”, conta.
Ainda na Arena Agrodigital, depois da palestra, os 152 jovens do programa foram convocados a se dividirem em grupos menores e a participarem de um concurso que levará os vencedores a conhecer uma fazenda modelo em Minas Gerais ou São Paulo. “É uma forma de reconhecer o esforço deles. Os participantes deverão criar um projeto prático para as lavouras, e o grupo vencedor viajará para um desses estados”, explicou Brum.
O Programa Jovem no Agro, que tem duração de 14 meses, acontece em cinco cidades: Passo Fundo, Mato Castelhano, Coxilha, Pontão e Ernestina. “Sabemos que lidar com jovens nem sempre é fácil, mas a metodologia prática faz toda a diferença. Começamos com 168 alunos e, após dez meses, seguimos com 152, o que considero um ótimo número”, destaca. Segundo ele, os participantes chegam motivados pela oportunidade de aprender na prática. “Na aula sobre hortifruti, por exemplo, eles viram caixas de abelhas e descobriram que a polinização acontece por meio delas. Ficaram encantados. O conhecimento é uma moeda forte”, enfatiza.
Jonas Algeri, head de inovação da Cooperativa Agropecuária e Industrial (Cotrijal) e responsável pela Arena Agrodigital, reforça que o espaço remete à inovação, algo muito comum no cotidiano dos mais novos. “Isso atrai a atenção dos jovens. Percebemos o desejo deles de aplicar tecnologia na propriedade da família. O que queríamos era vê-los ajudando os pais na lavoura, e isso está acontecendo. Temos depoimentos fantásticos das famílias”, conclui Brum.