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Publicada em 08 de Março de 2024 às 16:34

Expodireto Cotrijal fatura R$ 7,9 bilhões, mesmo com commodities em baixa

Feira recebeu 377 mil visitantes, superando o recorde registrado no ano passado

Feira recebeu 377 mil visitantes, superando o recorde registrado no ano passado

TÂNIA MEINERZ/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia
De Não-Me-Toque
De Não-Me-Toque
A Expodireto Cotrijal 2024 terminou nesta sexta-feira (8), com um faturamento recorde de R$ 7,922 bilhões. O resultado, 12,48% acima dos números do ano passado, foi anunciado pelo presidente da Cotrijal, Nei César Manica, em coletiva de imprensa, no parque do evento, em Não-Me-Toque.
As vendas no Pavilhão da Agricultura Familiar totalizaram R$ 3 milhões, alta de 16,4% sobre 2023. São números que reafirmam o sucesso desse segmento nas feiras agropecuárias e que validam a percepção do movimento de público no espaço ao longo do evento. Muitos expositores não esconderam o entusiasmo com as vendas realizadas nos estandes e também com o encaminhamento de negócios para depois da Expodireto. E o volume de público também chegou a novo recorde, com 377,6 mil pessoas visitando o parque ao longo dos cinco dias da mostra, 17,8% a mais em relação à edição anterior da Expodireto Cotrijal. Em 2025, quando completa 25 anos, mostra de tecnologia e inovação será de 10 a 14 de março.
A organização da feira não detalhou o desempenho do setor de máquinas e implementos agrícolas, tradicional carro-chefe das vendas no evento. Antes de apresentar os negócios, Manica pondeou que a expectativa para esse segmento poderia ficar atrelada a fatores como a cotação das principais commodities agrícolas. Lembrou que há um ano a saca de 60 quilos de soja era negociada a R$ 170,00 e que, atualmente, os valores giram em torno de R$ 108,00.
"Teremos uma excelente safra, mas com preços em baixa. Além do mais, parte do Brasil terá produção frustrada. Entretanto, o produtor rural está capitalizado e, apesar da atual taxa de juros estar acima do considerado ideal, as linhas de crédito oferecidas serão utilizadas, na confiança de que, ao longo do financiamento os juros fiquem mais baixos".
Nesta edição da Expodireto, negócios com recursos próprios ficaram em R$ 500 milhões, 12,2% inferiores ao ano passado. Mas os bancos ampliaram participação, movimentando R$ 7,1 bilhões, desempenho 13,17% superior aos R$ 6,3 bilhões de 2023. 
O Banrisul ampliou seu volume de negócios, somando nesta edição R$ 1,12 bilhão, alta de 22,7% sobre o ano anterior. Conforme o presidente da instituição, Fernando Lemos, o resultado está relacionado ao atendimento mais especializado das equipes, à disponibilidade de linhas e limites de crédito, e às taxas de juros especialmente anunciadas para a feira, que é referência mundial em agricultura de precisão.

Destinada à aquisição de máquinas e equipamentos, a linha de crédito Agro Empresarial Banrisul foi a mais procurada. Com taxa de 10,5% ao ano, abaixo da média do mercado, prazo de até seis anos e financiamento de 100% do valor do bem, a linha captou mais de R$ 300 milhões em pedidos.

A procura por financiamentos para irrigação somou mais de R$ 100 milhões à carteira do Banrisul. Para o diretor de Desenvolvimento do Banco, Fernando Postal, esse resultado acompanha os esforços do Governo do Estado, que lançou nas últimas semanas, o programa Supera Estiagem, focado em ampliar as áreas irrigadas. De acordo com o superintendente de Agronegócios do Banco, Robson Santos, a busca por financiamento para correção de solo superou as previsões, ultrapassando R$ 250 milhões em demandas.
Já o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) fechou sua participação na mostra com R$ 257,5 milhões em novos financiamentos e pedidos encaminhados. A performance supera em 17% o volume de pedidos da última edição, com ênfase para projetos de geração de energia com fontes renováveis (R$ 92 milhões) e para a área da inovação (R$ 86 milhões).

De acordo com o vice-presidente e diretor de Operações do BRDE, Ranolfo Vieira Júnior, o desempenho alcançado em Não-Me-Toque aponta para perspectivas positivas na economia gaúcha para 2024. “Tudo indica que teremos uma safra de verão com recordes, o que amplia a necessidade de novos investimentos para projetos que serão estratégicos ao futuro do agro gaúcho. Esse é justamente o papel do BRDE”, acrescentou Ranolfo.

As políticas de sustentabilidade da matriz energética e transição climática representaram o maior número de demanda por crédito. Projetos de geração de energia responderam por 36% do total das operações encaminhadas, somando investimentos de R$ 92 milhões. Um dos destaques foi a contratação de R$ 72 milhões para a implantação da central hidrelétrica – PCH Santo Antônio, no rio Jacuí, por iniciativa da Cooperativa Regional de Eletrificação Rural Alto Jacuí (Coprel). O projeto foi anunciado na abertura da Expodireto.

Projetos de inovação alcançaram a cifra de R$ 86 milhões, especialmente voltados para desenvolvimento de novos produtos e modernização dos processos industriais. Os investimentos para aumentar a capacidade de armazenagem também tiveram destaque entre as operações, totalizando R$ 35 milhões, para o novo posto de recebimento e concentração de leite que a CCGL irá construir no município de Hulha Negra, com capacidade para processar 400 mil litros ao dia.
Por outro lado, o Pavilhão Internacional registrou R$ 226,6 milhões em negócios, crescimento de 97,15% em relação aos R$ 114,9 milhões da edição passada. Conforme Manica, apenas um grupo chinês fechou R$ 120 milhões em negócios na feira com empresários do Tocantins que atuam na cadeia do açúcar.

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