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REPORTAGEM ESPECIAL

- Publicada em 23 de Agosto de 2022 às 16:24

É preciso se adaptar: mudanças vieram para ficar nos supermercados

Isadora implementou o delivery em seu supermercado em Santa Maria dois meses antes da pandemia

Isadora implementou o delivery em seu supermercado em Santa Maria dois meses antes da pandemia


/Marcelo Kuczura/Divulgação/JC
O comportamento dos consumidores fez com que o setor direcionasse o olhar para o atendimento omnichannel, englobando todos os canais, como o WhatsApp, o Facebook, o Instagram, a central de atendimento por telefone e o aplicativo próprio, desencadeando a evolução das lojas. "Até os supermercados de bairros se organizaram para oferecer tele-entregas por WhatsApp e por telefone", salienta Francisco Brust, coordenador de Capacitação da Agas.
O comportamento dos consumidores fez com que o setor direcionasse o olhar para o atendimento omnichannel, englobando todos os canais, como o WhatsApp, o Facebook, o Instagram, a central de atendimento por telefone e o aplicativo próprio, desencadeando a evolução das lojas. "Até os supermercados de bairros se organizaram para oferecer tele-entregas por WhatsApp e por telefone", salienta Francisco Brust, coordenador de Capacitação da Agas.
O delivery funcionava há apenas dois meses na Rede Super Stangherlin, de Santa Maria, quando a pandemia começou. "Sempre acreditei nessa tendência. Fomos pioneiros nesse quesito na minha cidade, e o meu supermercado também foi o primeiro a vender na Delivery Much no Brasil", conta a empresária Isadora Stangherlin, que estima um aumento de 70% de vendas na modalidade desde 2020. Por conta da alta procura, de acordo com ela, foi necessário interromper o delivery em algumas ocasiões, pois não estava sendo possível atender à alta demanda.
Além de um aplicativo próprio, que promove ofertas exclusivas, a rede conta com atendimento por meio do WhatsApp. "O digital já é uma realidade. O cliente não mudou, ele aprendeu uma outra modalidade de compra, sendo ela uma nova opção para os dias corridos. A pandemia potencializou o e-commerce, porém, como é algo relativamente novo no ramo, sempre temos o que aprender, melhorar e atualizar, procurando mais interação nas redes e maior conexão com o nosso público", avalia a estreante na Expoagas, que busca no evento as novidades para melhor a experiência de compra do consumidor, seja em que canal for.
A também empresária Patrícia Machado, do Supermago Supermercados, de Porto Alegre, enfatiza que os supermercadistas acreditavam que o avanço do e-commerce seria lento. "Seria algo a pensar para daqui a uma década. Porém, os dados comprovam o boom que o e-commerce teve, visto que 80% dos brasileiros usam o smartphone para realizar compras e pagamentos e as vendas online no País também cresceram em dois anos", explica.
Patrícia participa do evento há mais de 10 edições e aguarda para ficar por dentro das novidades dos produtos, de tecnologia e demais serviços de gestão empresarial. "A Expoagas proporciona conhecimento, atualização, aproximação e networking, o que é fundamental para o crescimento das empresas do Rio Grande do Sul, considerando que são diversos os setores envolvidos na cadeia supermercadista. Para todos que trabalham diretamente ou indiretamente, é imprescindível acompanhar tudo", comenta.
"Desta vez, espero encontrar maior variedade de produtos orgânicos, embalagens desenvolvidas para diminuir o impacto ao meio ambiente e demais tecnologias para otimizar o dia a dia", projeta.
 

Tecnologia e evolução devem estar sempre no radar

A gaúcha Open Solution é expositora desde 2001 na Expoagas. E em mais de duas décadas de prestação de serviços para o setor do varejo, o diretor Marcos Arjona contabiliza que já pôde colocar em prática uma série de projetos nos supermercados do Estado. Em 2022, pretende trazer novidades que podem auxiliar da gestão à expansão do negócio. Entre os objetivos, está apresentar aos supermercadistas a importância da gestão e dos processos bem alinhados dentro de um ERP (Enterprise Resource Planning, em português, plano de gestão integrado), ou seja, um sistema que traz funcionalidades customizadas para cada negócio.
A empresa atua em serviços que envolvem setores e a jornada do cliente dentro de um supermercado. Isso inclui o desenvolvimento de aplicativos e sites de e-commerce, frente de caixa (como ferramentas de controle de vales, pagamentos de fatura e cartão fidelidade), fiscal (como auditoria de notas fiscais de entrada e banco compartilhado de alíquotas e tributos), estoque (como gráfico de vendas, sugestão de pedidos e controle de posicionamento da mercadoria no estoque), financeiro (como fluxo de caixa, acompanhamento de vendas em tempo real e demonstrativo de resultados).
Na prática, o ERP pode reunir informações e dados relevantes do negócio, facilitando o dia a dia do time e dos gestores e até ajudar na redução de custos através da análise de desperdício de mercadoria com o controle do estoque, da validade e da sazonalidade. O fornecedor foi parceiro da Agas em 2021 no desenvolvimento e lançamento do aplicativo Agas Total, uma plataforma de consulta de fornecedores de produtos, equipamentos e serviços para o varejo e para a cadeia de abastecimento gaúcha.
"Teremos no evento, ainda, algumas soluções para lojas autônomas, como totens. Pretendemos abrir um leque de oportunidades. Desde 1995, estamos trazendo soluções para os nossos clientes e continuaremos sempre assim", ressalta Marcos.
E é visando à implementação de novidades no negócio que Leonardo Giovelli, do Supermercado Cegil, de Giruá, sairá do Noroeste do Estado para visitar a Expoagas.
"Estamos avaliando, criteriosamente, investimentos em e-commerce, CRM e comunicação de compras e itens que acreditamos serem necessários. Venho de família de supermercadistas, e a Expoagas está no nosso calendário há muitos anos. É um momento para buscar um fôlego antes do final do ano, compreender as tendências que vêm por aí e estreitar o relacionamento com os fornecedores", planeja o empreendedor do interior do Estado.

Consumidores e empresários passaram por renovação

CD do Supermercado Beltrame de Santa Maria com equipamentos da Lumenk

CD do Supermercado Beltrame de Santa Maria com equipamentos da Lumenk


/Lumenk/Divulgação/JC
Brust cita que, dentre outras características que fazem parte do cenário atual e que devem influenciar o futuro do segmento, está a adaptação do consumidor em relação às escolhas nas gôndolas, associadas ao aumento da inflação e que impactam a economia dos negócios do setor.
Com o crescimento, segundo ele, de 25% nos preços dos alimentos nos últimos anos em todo o mundo, as pessoas tiveram que repensar suas compras. "Quem comprava carne bovina está comprando a de frango, quem optava pelo frango está comprando em promoções de suíno e quem comprava suíno passou a consumir mais ovo, por exemplo. Como a renda do consumidor não acompanhou o aumento da inflação, os supermercados, com esse cenário, tiveram que baixar suas margens", explica. Outro fator que impactou nas margens foi o aumento da concorrência, com a inauguração de cerca de 1,2 mil lojas no Estado desde 2019.
Ou seja, é tendência que o supermercadista busque economizar, por meio de alternativas diversas, inclusive no consumo de energia. "Em supermercados que não estão em imóvel alugado, o maior custo fixo é com energia elétrica. Então, é muito rentável a geração própria de energia fotovoltaica, independentemente do tamanho da operação. A economia obtida possibilita a relocação desse investimento na empresa, o que acaba gerando melhorias para os clientes finais e aos colaboradores", justifica Marcus Vinícius Wagner, sócio-proprietário da Lumenk, empresa de energia solar que participa pela primeira vez da Expoagas.
Devido aos benefícios, o empresário considera o mercado aquecido e revela que tem observado um aumento na procura de supermercados interessadas na geração própria de energia. Wagner destaca que uma das maiores usinas de geração de energia solar fotovoltaica (UFV) em telhado no RS é, inclusive, no centro de distribuição de uma rede de supermercados localizada na cidade de Santa Maria.

Público quer itens saudáveis

Olegário Araújo será um dos palestrantes da Expoagas

Olegário Araújo será um dos palestrantes da Expoagas


/Arquivo Pessoal/Divulgação/JC
Se frescor é a palavra do momento, não é possível deixar de fora a tendência pelo consumo de alimentos mais saudáveis. Além de Francisco Brust, coordenador de Capacitação da Agas, quem faz esse apontamento é o especialista Olegário Araújo, que será um dos palestrantes da Expoagas (ao lado de Angelita Garcia e Fátima Merlin, ele ministrará a palestra Transformações da sociedade e seus impactos no comportamento do Shopper e da Gestão).
"A sociedade já estava num processo intenso de transformação e a pandemia intensificou este movimento. O que se agregou foi, em escala global, uma maior consciência da fragilidade humana e, consequentemente, uma maior preocupação de como cuidar da saúde. Eu cito, assim, a preferência por produtos menos processados, e o leite é um bom exemplo. Existem diferentes opções de leite, como o de cabra, de arroz, de soja, de amêndoa e de castanha", menciona.
Para Araújo, é importante ressaltar que esses produtos ainda têm um consumo controlado devido às restrições econômicas das pessoas, "mas há diferentes 'brasis', por isso, é importante estar ciente dessas novas demandas", complementa. "Do ponto de vista de hábitos de compra e consumo, não podemos generalizar, porque a natureza humana é contraditória. Podemos consumir produtos saudáveis e, ao mesmo tempo, apreciar salgadinhos geneticamente modificados, produtos com muita gordura, açúcar ou sal. São ocasiões de consumo diferente e, mesmo com essas contradições, vamos transformando os nossos hábitos", ressalta Araújo.
A nutricionista Luiza Tavares classifica a alimentação saudável como a composta por alimentos in natura ou minimamente processados. "Um exemplo de uma refeição saudável é o famoso prato de arroz, feijão carne e salada", diz ela, que, como consumidora, busca ter uma alimentação variada, priorizando o preparo em casa.
E é com a oferta de produtos naturais, livres de conservantes e aditivos químicos que Nilmar Machado da Rosa, empreendedor da Temperalle, de Canoas, espera divulgar a marca e os produtos na Expoagas, relacionando-se com novos parceiros. O negócio possui linhas de chás, sais, produtos naturais e temperos. O empresário concorda que o nicho em que atua está em alta.
"O tema gourmet soa bonito, porém o cliente espera que o produto seja saudável e original, nada carregado de conservantes e aditivos químicos. Um produto original e com simplicidade é o que eu sinto que o cliente busca", comenta.
Nilmar detalha que o consumidor, atualmente, pesquisa muito para saber o que deseja, situação relacionada ao fortalecimento das mídias digitais e à preocupação das pessoas em ter uma vida saudável. "O nosso compromisso é ter um produto saudável que esteja ao alcance de todos."

Passado, presente e futuro

Olegário Araújo compartilha que, de fato, o período de pandemia foi um gatilho para transformações da sociedade que já estavam em curso. "Isso impacta os supermercados desde a sua estratégia, cultura, atração e retenção de pessoas, competências relacionais e técnicas e, consequentemente, resultados", observa.
"Os empresários do setor de supermercados são ágeis e estão oferecendo aos clientes possibilidades de compras de diferentes maneiras, mas o canal é só um meio. Eles estão revendo modelos de negócios para atender às novas necessidades. A loja física não acaba, mas está em transformação", salienta.
Quer dizer que os supermercados do futuro, como todos imaginavam, não vão se parecer com cenário de filmes de ficção científica? Para ele, não. "A pandemia fortaleceu o conceito de colocar o ser humano no centro. Este é, ao meu entender, o principal aspecto da pandemia", acredita Olegário.
Ou seja, nem tudo é somente tecnologia, mas sim envolve o bem-estar, a saúde e a otimização do tempo das pessoas.

Programação especial na feira

A Expoagas preparou uma programação especial para os dias do evento. As palestras e seminários abordarão assuntos e tendências relacionadas ao varejo, como a conjuntura econômica e hábitos de consumo (ministrada pelo economista e comentarista Samy Dana, no dia 23 de agosto); a transformação do mindset e dos resultados da área comercial (com Sergio Alvim, Caio Cesar Lira, Julio Lohn e João Claudio Andrade, no dia 24 de agosto); a rentabilidade e produtividade dos negócios (pelo consultor Alexandre Ribeiro, em 25 de agosto); as mudanças nos perfis dos consumidores ao longo dos anos (pelo doutor em comunicação e conferencista Dado Schneider, no dia 25 de agosto); a era da ansiedade (com as reflexões do filósofo Luiz Pondé, no dia 24 de agosto), dentre outras.
Na programação da Agas Jovem, no dia 23, o empresário Ricardo Vontobel e Pedro Valério, fundador do Instituto Caldeira, irão conversar sobre empreendedorismo e inovação; e no Agas Mulher, que ocorre em 24 de agosto, haverá um painel com o debate sobre os desafios da mulher supermercadista, que contará com a influencer Claudia Bartelle e as supermercadistas Margot Dreher, Patrícia Machado, Agnes dos Passos e Priscila Reinheimer.
Já o Seminário Jurídico, que acontecerá em 25 de agosto, trará relevantes temas para o segmento, como Perspectiva pós-pandemia - relação individual e coletiva do trabalho; Os desafios do ICMS para o desenvolvimento do Estado' e Subvenções para investimento.