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Dia da Indústria

- Publicada em 24 de Maio de 2021 às 19:00

Yara conclui ampliação da unidade de Rio Grande

Leonardo Silva, vice-presidente Brasil da Yara, diz que projeto irá consolidar a principal operação no RS

Leonardo Silva, vice-presidente Brasil da Yara, diz que projeto irá consolidar a principal operação no RS


YARA/DIVULGAÇÃO/JC
Jefferson Klein
Jornal do Comércio (JC) - Quais os caminhos para a retomada econômica do Brasil e do Rio Grande do Sul neste ano?
Jornal do Comércio (JC) - Quais os caminhos para a retomada econômica do Brasil e do Rio Grande do Sul neste ano?
Leonardo Silva - De uma forma geral, no nosso País e no mundo, a gente percebe que todos sofreram bastante com essa pandemia, com impactos em diversos setores. Nós (Yara) temos, vamos dizer, o benefício de estarmos atrelados à agricultura e ser um carro-chefe, ajudando a alimentar o mundo e não sofremos tantos impactos que vimos na economia. Vivemos em um oceano à parte. O próprio agricultor, o nosso cliente, vive um momento diferente. Mas, de uma forma geral, é esperado o aquecimento, temos boas projeções. Enxergamos isso pelos demais segmentos retomando a partir de mineração, da indústria da construção. Naturalmente é esperada essa retomada, a vacina é fundamental para a gente ter uma imunidade e que a economia possa retomar a pleno.
JC - O que a indústria precisa para crescer neste ano?
Silva - Conseguir chegar a um bom nível de vacinação é essencial para que a economia retome e, por consequência, a indústria siga com a recuperação também. Todos os segmentos, aprendendo uns com os outros, fizeram com que a indústria permanecesse ativa, criando protocolos internos, que mantiveram uma estabilidade operacional. Essa retomada da economia vai puxar a indústria junto. A construção civil, vindo como está vindo, os demais setores vêm atrás.
JC - Quais os desafios neste período de pandemia?
Silva - A gente passou primeiro por fazer uma boa adaptação, ou seja, reinventar o negócio. Conseguimos rapidamente, no mês de março do ano passado, colocar 1,8 mil colaboradores em home office. Tivemos que fazer adequações em todas as nossas 23 operações para que os nossos 3,5 mil colaboradores e mais 4 mil terceirizados, que estão tocando um enorme projeto em Rio Grande e o outro em Serra do Salitre (MG), pudessem trabalhar. Tivemos a vantagem de que algumas unidades da Yara enfrentaram a Covid antes, porque atingiu primeiro na Europa e esse aprendizado contribuiu bastante para que já estivéssemos preparados quando chegou aqui a onda.
JC - Quanto a empresa investiu em 2020 e quanto pretende investir neste ano no Rio Grande do Sul e no Brasil?
Silva - Estamos concluindo o projeto de Rio Grande, no qual estão sendo investidos R$ 2 bilhões, ao longo de quatro anos e meio, temos mais um pacote de investimento em outros segmentos, mas no ano passado a gente girou algo em torno de R$ 500 milhões no Brasil e, boa parte disso, uns R$ 250 milhões, foi no Rio Grande do Sul com a finalização do projeto de Rio Grande. A gente segue em uma boa batida. Se olharmos os nossos últimos anos, a Yara está apostando muito, acreditando no Brasil. De 2012 a 2021, a gente colocou R$ 15 bilhões no País com diversas aquisições e investimentos estratégicos, como esse de Rio Grande.
JC - Para 2021 a empresa já tem um número projetado?
Silva - Para este ano, nós temos, mas como estamos no final do projeto de Rio Grande e há algumas incertezas na retomada de Serra de Salitre, a gente está falando em algo em torno de R$ 200 milhões, sendo uns R$ 100 milhões no Rio Grande do Sul.
JC - Qual a data prevista para a finalização do projeto de ampliação da unidade em Rio Grande?
Silva - A construção já está finalizada. No começo de maio, iniciou a transição do pessoal de construção para o de operação. Já temos boa parte do projeto operacional, cerca de 70%, metade dele já rodou em 2020, uma parcela importante, uma planta de granulação entrou em operação em fevereiro deste ano. Claro que ficam algumas finalizações, então até o fim de maio a gente conclui o que é da etapa de projeto e o pessoal da operação começa a atuar com os equipamentos e fazer os testes, com a curva de crescimento de volume operacional até atingir a capacidade máxima da planta, que a gente espera alcançar por outubro deste ano.
JC - Com a expansão, a unidade de Rio Grande passa a ter qual capacidade de produção?
Silva - Esse projeto vem para consolidar a nossa principal operação no Rio Grande do Sul. A produção de fertilizantes passará de 750 mil toneladas por ano para 1,2 milhão de toneladas e a capacidade da parte de distribuição, mistura e ensaque, passa de 1,5 milhão de toneladas para 2,5 milhão de toneladas. E o produto final pode sair por hidrovia, indo boa parte por barcaças até Porto Alegre ou por ferrovias, onde distribuímos também por Cruz Alta, onde temos uma unidade, e também por rodovias.
JC - A Yara pretendia concluir a ampliação do complexo rio-grandino em menos tempo, mas não foi possível. O que causou a postergação do cronograma?
Silva - A gente teve alguns desafios, ao longo da construção, como, por exemplo, na parte energética. O Estado estava com um gargalo de energia e, com isso, estamos fazendo um projeto de uma linha de transmissão para aumentar a capacidade energética do distrito industrial de Rio Grande. A estrutura deve entrar em operação em junho, quando deve ser interligada com a nossa planta. Parte do atraso também se deve à própria Covid-19, houve alguns lockdowns na região e tivemos que nos adequar e rever a nossa curva de contratados, o que fez com que o progresso da obra diminuísse. Com isso, a conclusão que era esperada para agosto do ano passado ficou para maio de 2021.
JC - A produção da unidade de Rio Grande será destinada para quais mercados?
Silva - O maior cliente é o estado do Rio Grande do Sul, o agricultor gaúcho, mas com a competitividade que nós temos através da planta de Rio Grande a gente exporta para a Argentina, atende aos mercados de Santa Catarina, oeste do Paraná, Mato Grosso do Sul e, às vezes, até Mato Grosso. Nós estamos com um projeto que vamos colocar em execução, em Rio Grande também, que é um shiploader (equipamento empregado no carregamento e descarregamento de granéis sólidos em embarcações) para poder enviar produtos para São Luís, no Maranhão, onde também temos planta de distribuição.
JC - Como está o desenvolvimento do projeto da empresa em Serra do Salitre (MG), que prevê a mineração do fosfato e a conversão do material em fertilizante através de um investimento de R$ 5 bilhões?
Silva - Os desafios da Covid-19 lá acabaram se impondo de uma forma maior do que em Rio Grande. Em Rio Grande, contratamos muito mão de obra local. Isso foi um grande benefício, porque minimiza o risco de trazer outras pessoas de fora nesse momento complicado com o coronavírus. Em Serra do Salitre foi diferente, é um município de 10 mil a 11 mil habitantes, onde tínhamos cerca de 3 mil terceirizados, que a cada 15 dias tinham que ir e voltar para as suas regiões. Então, com o nosso parceiro de montagem e a prefeitura, a gente decidiu dar uma reduzida no projeto esperando a vacinação para retomar o empreendimento com força total, pois o risco é bem maior do que se a maioria dos trabalhadores fosse local.
JC – O que esperar para o futuro do agronegócio?
Silva – A Yara acredita muito no Brasil, vê o potencial do País. Hoje, no mundo, o Brasil alimenta aproximadamente 800 milhões de pessoas, com toda a sua produção. Viemos de incrementos fantásticos, o Rio Grande do Sul e o País cresceram 10% do ano passado para este em termos de demanda de fertilizantes. Estamos atingindo safras recordes de colheita de grãos. A gente vê o agricultor investindo muito em tecnologia. O que também percebemos da agricultura do futuro é o questionamento de como se faz uma agricultura mais verde, ou seja, como conseguir ser ambientalmente mais amigável.
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