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Dia da Indústria

- Publicada em 24 de Maio de 2021 às 19:00

Pandemia continua sendo um desafio, afirma Clovis Tramontina

Clóvis Tramontina, CEO da companhia, quer celebrar 110 anos da empresa com faturamento recorde

Clóvis Tramontina, CEO da companhia, quer celebrar 110 anos da empresa com faturamento recorde


DEBORA ZANDONAI/DIVULGAÇÃO/JC
Cristiano Vieira
Jornal do Comércio - Quais caminhos para retomada econômica do Brasil e do RS neste ano?
Jornal do Comércio - Quais caminhos para retomada econômica do Brasil e do RS neste ano?
Clovis Tramontina - Como representante de uma empresa centenária que, junto com o Brasil, já passou por inúmeras crises, um caminho posso afirmar: a continuidade de investimentos. É assim que, passada a maior dificuldade, a retomada acontece. Temos muito mercado, seja em cenário nacional quanto no Rio Grande do Sul. O país tem uma marca forte que é o agronegócio, fundamental para a economia e que atinge uma produtividade acima da média mundial. No caso da indústria de manufatura, a maioria das empresas, como é o caso da Tramontina, são bem competitivas internamente, mas quando é “para fora”, precisa enfrentar os custos como logística, impostos e outras situações que prejudicam o resultado. Precisamos aprimorar isso para melhorar a competitividade brasileira.
JC - O que a indústria precisa para crescer em termos gerais?
Tramontina - A indústria precisa de apoio do Estado, que precisa ajudar investindo na simplificação da carga tributária - fator importante para as empresas crescerem. A Reforma Trabalhista foi fundamental para a melhora da relação do trabalho. Vale lembrar que a repercussão do apoio entre indústria e país não é apenas econômica. Os reflexos são também sociais, ao gerar ocupações profissionais e que dinamizam o ecossistema de inovação em cenário nacional. E então, tocamos em outro ponto importante que é a inovação. A indústria precisa inovar em produtos, processos e sistema de vendas para crescer. A Tramontina está sempre atualizada em relação à tecnologia para assegurar a constante melhoria dos processos e atender à dinâmica de um mercado sempre em transformação.
JC - Quais os desafios para gerir uma empresa do tamanho da Tramontina nesse período da pandemia?
Tramontina - A pandemia foi e está sendo desafiadora para todos nós. No início do ano passado, quando tudo começou, nós imediatamente criamos um comitê de gestão de crise para estabelecer regras claras e definir protocolos corretos para todos os procedimentos. O objetivo também era oferecer tranquilidade para todo o grupo empresarial. Tivemos e ainda priorizamos o cuidado enorme com a saúde e bem estar das pessoas, nosso foco desde sempre. Em termos de produção, graças ao nosso constante investimento em inovação, automação, controle e tecnologia aplicadas aos processos de manufatura - princípios da indústria 4.0, conseguimos dar continuidade ao negócio neste período que exige tanto da nossa capacidade produtiva e logística. Não demitimos nenhum funcionário, ao contrário, durante a pandemia a Tramontina admitiu mais de 1500 pessoas. Temos uma empresa sólida, em constante movimento que gera valor para todos.
JC - Quanto a Tramontina investiu no ano passado e quanto pretende investir neste ano?
Tramontina - Como mencionei, o investimento em inovação, tecnologia e pessoas é constante. Mas, principalmente, desde o início da pandemia, nossos investimentos estão bastante focados na saúde e bem-estar das pessoas, nosso bem maior. Desde março do ano passado, a empresa já doou mais de R$ 6 milhões entre verba direta e produtos da marca para hospitais e instituições do RS, cestas básicas aos municípios da Serra e região e, de forma especial, com a doação de mais de 50 unidades do Ventra - equipamento de suporte respiratório desenvolvido pela própria empresa. O produto, que sai pronto da fábrica da Tramontina em Carlos Barbosa, foi homologado pela Anvisa como alternativa para auxiliar em situações de emergência, diante da alta demanda na rede hospitalar e distribuído para hospitais de mais de 20 municípios do estado desde dezembro.
JC - A empresa está finalizando uma nova fábrica em Pernambuco para produção de porcelanas. Qual a previsão de inauguração e o foco deste novo investimento?
Tramontina - A previsão é iniciarmos ainda neste ano. Porém, a pandemia vem atrasando a abertura da nova operação por problemas restritivos, como impossibilidade de receber técnicos da Itália e Alemanha, além do atraso para concluir a instalação dos equipamentos e máquinas, essenciais para iniciarmos as operações que estavam previstas a partir de maio. A nova unidade no município de Moreno, em Pernambuco, será focada no segmento Hospitality (B2B - Hotéis, Bares, Restaurantes) e também Home (B2C), linha de porcelanas que atendem ao consumidor final. A estimativa é estar operando plenamente a partir de 2022.
JC - Qual a perspectiva de crescimento para a Tramontina neste ano? O mercado de consumo segue aquecido?
Tramontina - Sim, o mercado segue aquecido. A Tramontina foi beneficiada pelo fato das pessoas ficarem mais tempo em casa e precisarem e/ou desejarem renovar os itens. Nosso mix de 18 mil itens, entre utensílios e equipamentos para cozinha, móveis, ferramentas e materiais elétricos, atende o público com soluções que inspiram o dia a dia e estimulam experiências no lar, onde passamos mais tempo nesse último ano. Hoje, nossa meta para 2021 é atingir R$ 9,4 bilhões de faturamento, 20% a mais do que no ano passado.
JC - O senhor acredita na vacina como a maior chance que temos para retomar à normalidade, tanto na economia quanto na rotina?
Tramontina - Sim, acredito muito na vacina. O foco principal é buscar a saúde das pessoas. E saúde em massa se faz pela vacinação - nosso combate direto ao vírus. Em relação aos outros tratamentos, depende do conhecimento e experiência da área médica.
JC - O senhor defende a competitividade como fator essencial no mundo dos negócios. No caso do RS e do Brasil, o que precisamos para ser mais competitivos?
Tramontina - Precisamos melhorar a matriz tributária, principalmente, simplificando os impostos e dando mais clareza à legislação. A judicialização que existe no Brasil cria muita insegurança para as empresas, gerando aumento de custos e perda de competitividade que, sim, é essencial para o mundo dos negócios.
JC - No final do ano passado tivemos fábricas reclamando de alta nos insumos, como aço, e falta de matérias-primas, como vidro, papel. Em 2021 parece que o problema continua em muitos setores. Como está para a Tramontina?
Tramontina - A Tramontina sentiu em diversos setores e algumas linhas de produtos sofreram muito com a falta de fornecimento de matéria prima e insumos. Mas, como trabalhamos com estoque de segurança, a Tramontina passou relativamente bem neste quesito.
JC - A empresa tem crescimento ano após ano e se aproxima dos R$ 10 bilhões de faturamento. Essa meta será atingida neste ano ou em 2022?
Tramontina - Como otimista que sou, espero que a Tramontina cresça este ano. Seria um marco a empresa faturar R$ 10 bilhões no ano em que completa 110 anos, em 2021. O melhor está por vir!
JC - O senhor comentou, na nossa última entrevista, em dezembro passado, dos planos de deixar o comando e se dedicar ao conselho de administração em 2022. Estes planos se mantêm por ora? E os planos para o curso de qualificação de líderes, como estão?
Tramontina - Sem dúvida, as pessoas passam e as empresas se perpetuam. Por isso, temos que ter sensibilidade e saber o momento de deixar o comando. Já está previsto o processo sucessório para o ano que vem. No que se refere à formação de líderes, este é um projeto que levarei adiante a partir de agora. Outro aspecto é a educação, principalmente, a educação básica, que deve ser disseminada de forma gratuita e de qualidade para todas as crianças e jovens do Brasil.
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