Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 23 de Maio de 2025 às 00:15

Fábricas de móveis apostam nas exportações neste ano

Sindmóveis projeta uma retração de 3,5% em relação ao ano passado

Sindmóveis projeta uma retração de 3,5% em relação ao ano passado

/Jeferson Soldi/DIVULGAÇÃO/CIDADES
Compartilhe:
Roberto Hunoff
Roberto Hunoff Jornalista
O mercado externo deve ser um importante canal de venda para a indústria moveleira do Rio Grande do Sul, em 2025. Ainda que pouco representativas no faturamento total do setor, de R$ 13,5 bilhões no ano passado, as exportações, que foram de US$ 261 milhões, têm se caracterizado por abertura de novos mercados e retorno de tradicionais compradores, fato constatado durante a Movelsul, feira realizada em fevereiro, em Bento Gonçalves.
O mercado externo deve ser um importante canal de venda para a indústria moveleira do Rio Grande do Sul, em 2025. Ainda que pouco representativas no faturamento total do setor, de R$ 13,5 bilhões no ano passado, as exportações, que foram de US$ 261 milhões, têm se caracterizado por abertura de novos mercados e retorno de tradicionais compradores, fato constatado durante a Movelsul, feira realizada em fevereiro, em Bento Gonçalves.
O presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Rio Grande do Sul (Movergs), Euclides Longhi, destaca que no primeiro trimestre do ano o setor consolidou faturamento de R$ 3,2 bilhões, alta de 12,7% sobre igual período do ano passado. As exportações somaram US$ 197 milhões, crescimento de 3,7% na mesma base de comparação.
Destaque neste ano é a retomada das vendas para a Argentina, principal comprador no passado, mas que chegou próximo de zero em decorrência de problemas internos do país. Outros importantes mercados do trimestre foram Uruguai, Peru, México, Paraguai e França, além dos Estados Unidos. Equador e Porto Rico são novos países que começam a mostrar interesse no móvel nacional.

A vice-presidente do Sindicato do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis), Priscila Manfroi, reforça que a exportação é um bom caminho para o setor, que tem seu produto bem avaliado no exterior por sua qualidade e design. De acordo com dados do primeiro trimestre, as vendas externas representaram
R$ 13 milhões, algo como dois por cento do faturamento da atividade, em Bento, que foi de R$ 800 milhões.

Longhi acredita que a nova política comercial do governo de Donald Trump pode gerar oportunidades de negócios para a indústria nacional de móveis no médio e longo prazo, já antiga fornecedora para os americanos. O dirigente frisa que as empresas exportadoras têm explorado nichos de mercado e investido em design, inovação e parcerias estratégicas em países-chave.

Mercado interno pode enfrentar desaquecimento

Longhi demonstra preocupação com custo de produção

Longhi demonstra preocupação com custo de produção

/Vagão Fiolmes/divulgação/JC
A alta de 12,7% no faturamento trimestral tem muita relação com a inflação do período, não devendo se manter ao longo dos próximos meses. Ele estima crescimento final de 3% a 4%, segundo Euclides Longhi, presidente da Movergs. O dirigente avalia que o mercado interno deverá apresentar problemas, principalmente no segmento de maior consumo, as classes C e D, responsáveis por 80% das compras. "A inflação deve frear as compras nestas faixas", estima. Em relação aos públicos A e B, a tendência é de reflexos menores.
Longhi observa que o setor tem se preocupado em negociar com os lojistas repasses de aumentos por conta dos reajustes na cadeia de fornecimento. "Parte é absorvida pela indústria e a diferença é negociada para que o varejista possa ter margens junto aos clientes", explica.
Após o crescimento em 2024, a vice-presidente do Sindmóveis, Priscila Manfroi, entende que 2025 é um ano de insegurança interna e com mercado retraído. Estima que, com a importante contribuição da Movelsul, o setor conseguirá ter um exercício similar ao passado. Ela não projeta problemas com a cadeia de suprimentos em função do mercado mais estagnado do que em 2024. "Já temos matéria-prima disponível e com redução no prazo de entrega, excetuando-se algum caso específico. O que interfere negativamente é o Custo Brasil, com inflação em alta, impactando toda a cadeia. É o grande desafio", sinaliza.
Priscila demonstra preocupação com as taxas elevadas de juros, que dificultam os investimentos necessários para a modernização fabril. "A realidade de expansão que estamos vivendo no momento não é geral, é localizada em algumas empresas, se diferenciaram pelas exportações", alerta. Segundo ela, pensar no longo prazo com juros em 15% é uma situação difícil para o empreendedor. "Temos de seguir buscando mão de obra, mais mercados e tecnologias. Mas o momento requer cautela", avalia.
Longhi ressalta que o setor tem várias preocupações para o exercício. A primeira é com o aumento de custo de produção, elevando o risco inflacionário. A segunda é a dificuldade na mão de obra que pode limitar o crescimento ao longo do ano e, por fim, as elevadas taxas de juros, as quais afetam o acesso do consumidor ao crédito e das empresas às linhas de capital para modernização.
De acordo com o dirigente, a cadeia de suprimentos de chapas, principal insumo do setor, ainda não foi totalmente normalizada após as enchentes de maio de 2024. As duas fábricas existentes no Estado ficaram 30 dias paralisadas e ainda têm problemas com as entregas, especialmente pela euforia que atingiu o setor no segundo semestre de 2024 para reposição de móveis perdidos nas enchentes.

Notícias relacionadas