Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 23 de Maio de 2025 às 00:15

Distritos industriais crescem e se modernizam em municípios gaúchos

Yara Fertilizantes, que recentemente ampliou sua produção, é uma das principais empresas instaladas no Porto Indústria de Rio Grande

Yara Fertilizantes, que recentemente ampliou sua produção, é uma das principais empresas instaladas no Porto Indústria de Rio Grande

YARA/DIVULGAÇÃO/JC
Compartilhe:
Ana Stobbe
Ana Stobbe Repórter
Criados pelo poder público, os distritos industriais concentram empresas de pequeno a grande porte atraídas por incentivos fiscais e logísticos nos municípios gaúchos. O governo do Rio Grande do Sul, por exemplo, possui sete distritos industriais vinculados ao Programa Estadual de Desenvolvimento Industrial (Proedi). A política, organizada pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico oferece — solicitando contrapartidas — descontos de até 90% na compra de terrenos para que indústrias se estabeleçam nos lotes disponíveis.
Criados pelo poder público, os distritos industriais concentram empresas de pequeno a grande porte atraídas por incentivos fiscais e logísticos nos municípios gaúchos. O governo do Rio Grande do Sul, por exemplo, possui sete distritos industriais vinculados ao Programa Estadual de Desenvolvimento Industrial (Proedi). A política, organizada pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico oferece — solicitando contrapartidas — descontos de até 90% na compra de terrenos para que indústrias se estabeleçam nos lotes disponíveis.
Ao todo, os distritos industriais do Proedi somam mais de 5 mil hectares e concentram cerca de 200 empresas. Dois deles, na Região Sul do Estado, estão passando por transformações: o maior, localizado em Rio Grande, com 2.580 hectares, deverá ser modernizado para implantação de novas indústrias e realocação das atingidas pelas enchentes de 2024; e o menor, localizado em Bagé, está sendo transferido para o poder municipal, não possuindo indústrias alocadas no momento.
Em todos os sete há perspectivas de crescimento, conforme o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo. "Temos distritos industriais, como o de Rio Grande, com potencial de disponibilidade de área e com muitos projetos em curso para investimento, com várias empresas demandando. Outros têm uma área mais limitada. Estamos trabalhando para que possamos alocar empresas interessadas nos espaços disponíveis para atrair mais investimentos, porque são locais que já têm uma boa estrutura".
Em muitas das cidades brasileiras, entretanto, os próprios municípios construíram e mantêm os seus distritos industriais. Aqui no Estado, a secretaria possui políticas para auxiliar nessa tarefa, com foco no crescimento econômico do Estado. "Temos linhas de crédito para apoiar as prefeituras a melhorarem a infraestrutura e, assim, poderem receber investimentos de empresas", pontua Polo.
Na Região Norte, os dois maiores municípios em população possuem seus próprios distritos industriais e, hoje, focam na sua expansão e modernização. O movimento acompanha o aumento do protagonismo local na economia gaúcha.
Passo Fundo, com cerca de 200 mil habitantes, possui dois distritos e está investindo em obras de infraestrutura nos trevos e estradas que dão acesso a eles. Enquanto isso, Erechim, com seus pouco mais de 100 mil habitantes, construiu recentemente um segundo distrito industrial com 41,2 hectares e já conta com 30 empresas aprovadas para se instalarem nos lotes disponíveis.
 

Porto Indústria de Rio Grande tem projeto de modernização previsto

Sedec e Portos RS farão obras de infraestrutura e drenagem buscando atrair investimentos

Sedec e Portos RS farão obras de infraestrutura e drenagem buscando atrair investimentos

YARA/DIVULGAÇÃO/JC
O maior distrito industrial do Estado, com 2.580 hectares, é o de Rio Grande, conectado ao porto situado no município do Litoral Sul gaúcho e vinculado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico.
Apesar do tamanho, ainda é necessário aprimorar sua infraestrutura e investir na atração de negócios para as áreas disponíveis. Para isso, a secretaria, em convênio com a Portos RS, projeta uma modernização do local.
"Esse é um tema para nós de grande importância, que é de criar um espaço para o desenvolvimento, para a atração de novas indústrias. E em Rio Grande, o nosso Distrito Industrial é um espaço privilegiado. Eu costumo brincar que a indústria tem no pátio dela um porto para exportar. Isso é um grande diferencial, a possibilidade do escoamento das produções", reflete a prefeita de Rio Grande, Darlene Pereira.
Entre as melhorias, está prevista a pavimentação de 15 quilômetros de vias internas do Distrito Industrial, assim como obras voltadas à drenagem do local. De acordo com o superintendente da Portos RS, Fernando Estima, estão sendo buscados recursos junto ao governo do Estado para a execução do projeto, que tem como objetivo, conforme Estima, dar segurança para novos investimentos no local e melhorar as condições de acesso das empresas já instaladas.
Perspectiva semelhante é compartilhada pelo secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo. "A modernização dos distritos industriais tem como reflexo o aumento na atratividade destes espaços para as empresas que desejam investir. São muitos os benefícios que vêm deste processo, como a melhoria da logística, tanto no acesso a transporte quando no de serviços no entorno, a redução de tempo e custo para se instalar e simplificação dos licenciamentos".
Uma pequena porção da área do Porto Indústria foi afetada pela enchente de maio de 2024. Portanto, além de realocar as empresas situadas nesses locais, há a expectativa de mover até o Distrito as indústrias situadas em lugares da região que foram diretamente impactados.
Uma delas é a indústria Josapar, que teve sua unidade de Pelotas inundada e optou por transferi-la a Rio Grande. A escolha também levou em consideração os benefícios logísticos da proximidade com o porto. Com investimento orçado em R$ 201,7 milhões, sendo 75% financiados pelo BNDES, a expectativa é que a substituição da unidade pelotense pela riograndina seja concretizada em 2026.
Rio Grande também espera a plena operação da primeira biorrefinaria do Brasil, com investimento da Petrobras. Outros aportes podem chegar a partir de leilões previstos, como o de um terminal de celulose e o de um terminal de produtos químicos. Além disso, é esperada uma modernização e expansão do terminal de contêineres, adquirido pelo grupo MSC.

Passo Fundo aposta em infraestrutura e prepara edital para indústrias

Be8 ampliou sua planta com o início da construção de uma nova usina que irá produzir etanol a partir do trigo

Be8 ampliou sua planta com o início da construção de uma nova usina que irá produzir etanol a partir do trigo

Be8/Divulgação/JC
Com dois distritos industriais (Invernadinha e Paulo Rossetto), Passo Fundo, a maior cidade da Região Norte do Estado, conta com importantes empresas instaladas em cada um deles, mas que enfrentam um problema antigo: a dificuldade logística de seus acessos. Atualmente, ambos os trechos estão recebendo investimentos da prefeitura voltados ao aprimoramento da estrutura viária. "São as duas maiores obras que nós estamos realizando no município neste momento", garante o prefeito Pedro Almeida.
O trevo de acesso ao Distrito Industrial Paulo Rossetto, onde estão instaladas empresas como Ambev e Italac, receberá um investimento de R$ 18,2 milhões em obras já iniciadas, que devem ser finalizadas em até 12 meses. A intervenção será realizada em dois quilômetros da via e, segundo o prefeito, deverá "dar mais segurança e destravar um gargalo logístico muito antigo da cidade".
Por outro lado, o Distrito Industrial Invernadinha, que comporta a Be8 e a Kuhn do Brasil, deverá receber a ordem de serviço para o início das obras muito em breve. Almeida garante que será realizada uma intervenção em quatro quilômetros da via de acesso ao local, com melhoria na infraestrutura, canalização e iluminação, tanto na área quanto no seu entorno.
E é possível que Passo Fundo receba mais investimentos industriais a partir de uma área de 45 hectares da antiga Manitowoc, localizada à margem da RS-324, próxima ao Distrito Industrial Paulo Rossetto e que foi retomada pelo município em 2024. No momento, estão sendo realizados estudos para a abertura de um edital de licitação de ocupação do espaço. "Tenho certeza que a área vai trazer aí um grande player da indústria para gerar mais emprego, investimento e renda em Passo Fundo", acrescenta Almeida.

Por outro lado, indústrias locais têm sido ampliadas com recursos privados. É o caso da Be8, que realizou um dos maiores investimentos da história do município em uma usina de produção de etanol, cujas obras, iniciadas em abril deste ano, devem ter um aporte de mais de
R$ 1 bilhão.

Município de Erechim investe em tecnologia no novo distrito industrial

Indústria tem auxiliado a impulsionar geração de empregos em Erechim

Indústria tem auxiliado a impulsionar geração de empregos em Erechim

PREFEITURA DE ERECHIM/DIVULGAÇÃO/CIDADES
Na Região Norte do Estado, o município de Erechim possui seu próprio distrito industrial municipal — denominado Paulo Rossetto — desde 1978. Lá, os cerca de 100 hectares comportam em torno de 60 empresas. Com o tempo, questões logísticas passaram a impedir a expansão da área, conforme aponta o prefeito da cidade, Paulo Polis. Com isso, um novo distrito industrial, mais moderno e tecnológico, começou a ser construído em 2023, e deve ter suas obras finalizadas até junho deste ano.
O novo distrito industrial, localizado em outra região do município, conta com 41 hectares e já possui 32 empresas habilitadas para se instalarem no local. "Ele tem uma pegada mais tecnológica, ligada à inovação. Inclui, por exemplo, uma empresa que faz placas eletrônicas para televisores e computadores, e outra voltada para LED. É algo que tem vindo nos distritos industriais mais recentes, essa questão da tecnologia", explica Polis.
A cidade, de pouco mais de 100 mil habitantes, atualmente, também conta com um boom empresarial: são quase 22 mil CNPJs ativos. Por isso, a prefeitura também pretende investir em micro, pequenas e médias empresas, que poderão se instalar em uma área localizada a 500 metros do novo distrito industrial, que está com o projeto pronto, mas ainda não teve as obras executadas.
"Hoje nós temos uma indústria metalmecânica forte, uma indústria de alimentação com frigoríficos, balas e chocolates, enfim. E também muitos serviços", pontua o prefeito.
Aliado a isso, está a geração de empregos: são criadas, em média, quase 100 novas vagas de trabalho por mês no município, e o Executivo tem como desafio preenchê-las.
Nesse sentido, a cidade, emprega seus próprios habitantes e oferece postos de serviços para a população da Região do Alto Uruguai, da qual faz parte. Por outro lado, também atrai migrantes: além dos cerca de 4,5 mil estrangeiros, grupo formado principalmente por senegaleses, haitianos e venezuelanos, há famílias que saíram do Vale do Taquari após as enchentes de 2023 e 2024, fixando residência em Erechim.
Assim como em Passo Fundo, o município de Erechim também está investindo em infraestrutura viária. Enquanto a rua João Caruso, que dá acesso ao antigo distrito industrial, foi ampliada, o novo distrito industrial está tendo um trevo de acesso construído, com entrega prevista para junho próximo.

Bagé planeja criar um polo de desenvolvimento com centro logístico

Prefeitura receberá área do Distrito Industrial, transferida pelo Estado

Prefeitura receberá área do Distrito Industrial, transferida pelo Estado

/Marcos Nagelstein/MTur/JC
O menor distrito industrial vinculado ao governo do Estado, com 67,56 hectares, está em processo de cessão à prefeitura de Bagé. A demanda para que o Executivo municipal assumisse o complexo, conforme informou o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, partiu do próprio governo bageense.
"É um distrito que há muito tempo está instalado e tem esse movimento junto ao governo municipal para poder avançar e fazer com que essas áreas sejam utilizadas para investimentos, gerando empregos e oportunidades de trabalho", avaliou Polo.
Localizado ao leste da zona urbana do município, o Distrito Industrial de Bagé tem sido um ponto de atenção da gestão do prefeito Luiz Fernando Mainardi, que está pela terceira vez comandando o município. "Iniciamos um trabalho de criar um polo de desenvolvimento", afirmou em entrevista ao JC. A ideia é que a região sirva como uma espécie de centro logístico, integrando a Região da Campanha e o Porto de Rio Grande. A proposição está em fase de planejamento.
Mas a região enfrenta uma dificuldade logística que se torna empecilho ao desenvolvimento industrial, na avaliação de Mainardi. "Quando você industrializa um produto, tem que ter um mercado e nós, na fronteira, estamos muito longe e temos uma população pequena, não tem mercado local", pontua. O Distrito Industrial de Bagé, apesar dos incentivos do Estado, não é região de preferência das indústrias locais. "Hoje, elas foram muito mais para a entrada da cidade, do outro lado, e queremos impulsionar a região", explica.

Notícias relacionadas