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Publicada em 25 de Maio de 2023 às 00:15

Resiliente, indústria gaúcha enfrenta desafios para crescer

A logística para o transporte tanto de matéria-prima quanto dos produtos finais é um dos entraves

A logística para o transporte tanto de matéria-prima quanto dos produtos finais é um dos entraves

/ANDRESSA PUFAL/JC
A logística para o transporte tanto de matéria-prima quanto dos produtos finais é um dos entraves

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A indústria gaúcha encolheu nos últimos 12 anos. A informação tem base em dados recolhidos pelo IBGE e pela Confederação Nacional da Indústria. Atualmente, a indústria representa 23,2% do PIB do Rio Grande do Sul. Ao comparar o desempenho atual com os dados de 2009, quando a indústria correspondia a 27,5% do PIB gaúcho, é possível perceber o encolhimento do setor.
A indústria gaúcha encolheu nos últimos 12 anos. A informação tem base em dados recolhidos pelo IBGE e pela Confederação Nacional da Indústria. Atualmente, a indústria representa 23,2% do PIB do Rio Grande do Sul. Ao comparar o desempenho atual com os dados de 2009, quando a indústria correspondia a 27,5% do PIB gaúcho, é possível perceber o encolhimento do setor.

Confira o conteúdo completo do Dia da Indústria

Na avaliação do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Petry (leia mais nas páginas 12 e 13), os motivos para essa retração estiveram relacionados à grande recessão vivida pelo País entre 2014 e 2016, que impactou fortemente o setor em função da redução dos investimentos, fechamento de empresas e queda nos empregos.
Levantamentos recentes, no entanto, demonstram uma recuperação, com os números de 2020 sendo os maiores desde 2017, quando a indústria atingiu uma espécie de fundo do poço na participação do PIB local, com a menor marca, 22,4%. "Vale destacar que o ganho de participação, justamente no primeiro ano de pandemia, mostra a importância que o setor teve naquele momento de tantas dificuldades e incertezas para a sociedade, pois a indústria não deixou faltar produtos para suprir as necessidades da população", comenta Petry. Ele afirma ainda que, segundo estimativas da Fiergs, a fatia do setor no PIB deve crescer em 2022, podendo chegar a 25,3%. Caso esse percentual se confirme, será o maior desde 2012.
Entre os principais entraves para o crescimento do setor industrial como um todo no Estado estão questões velhas conhecidas das lideranças e dos empresários. A campeã de reclamações é a alta carga tributária, que se mescla a mazelas como excesso de burocracia, ineficiência de alguns serviços públicos e guerra fiscal entre os estados para resultar em uma bomba para as indústrias.
Em dois terços das 75 edições da Sondagem Industrial, levantamento realizado pela Fiergs, a taxação excessiva foi considerada o principal problema do setor. Em períodos de crescimento, taxas e impostos limitam o desempenho das empresas frente aos concorrentes internacionais, segundo explica Petry. "São necessárias reformas desburocratizantes e controle de inflação. Com isso, as taxas de juros que oneram o crédito para capital de giro e investimento das empresas podem começar a cair sem pressionar os preços. Isto elevará a confiança", projeta o presidente da Fiergs.
Outro problema histórico que atormenta o setor é a logística para o transporte tanto de matéria-prima quanto dos produtos finais. Com um modal predominantemente rodoviário, o Estado ainda sofre com a conservação das estradas e tem recursos limitados para o financiamento de obras de manutenção na malha viária. A distância do Sudeste do País faz com que este se torne uma questão decisiva para muitos setores que precisam transportar sua produção. O melhor desempenho do setor passa por avanços na logística.
O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, observa que, em 2022, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) investiu mais de R$ 1 bilhão de recursos do Tesouro do Estado nas rodovias estaduais, um valor sete vezes superior à média dos últimos 10 anos. Também chama a atenção para as hidrovias, até hoje pouco exploradas para diversificar os variados modais de transporte de mercadorias dentro do Estado e em direção ao Porto de Rio Grande.
Polo destaca que o Estado custeou a última dragagem do Porto, retirando 2,85 milhões de metros cúbicos de sedimentos do canal de acesso, o que aumenta a capacidade de tráfego de navios. "Na hidrovia principal, entre a Região Metropolitana de Porto Alegre e Rio Grande, já está em vigor um sistema de tarifação, entendendo-se que o autofinanciamento é o que torna este trabalho de dragagem e manutenção das hidrovias uma política permanente", salienta.
 

Sobrevivência do ramo de fertilizantes requer foco nas mudanças climáticas

Primeiro e talvez mais brutalmente atingido pelas mudanças climáticas, o agronegócio depende da implantação bem-sucedida da agenda ESG para seguir prosperando ao redor do mundo. A cadeia de fornecimento do setor já compreendeu a importância de aderir ao esforço global para descarbonização da economia. As unidades gaúchas da Yara, gigante global de fertilizantes e de soluções para nutrição de culturas, atuam na agenda ESG.
"Reduzir as emissões de gases de efeito estufa é a ação-chave para minimizar as consequências, enquanto a adaptação e as avaliações de risco também são necessárias para proteger os ativos e a produção de alimentos. Nossas soluções desempenham um papel importante na mitigação de emissões e na melhoria da resiliência das culturas ao estresse climático", salienta a gerente de Saúde, Meio Ambiente, Segurança e Qualidade para a Região Sul da Yara Brasil, Laura Borges.
De acordo com informações da companhia, o Estado recebeu mais de R$ 2 bilhões em investimentos nos últimos anos - parte desse montante para tornar as operações mais eficientes e sustentáveis. Um dos destaques foi a instalação de um "shiploader", carregador de navios, em tradução livre, em seu complexo no Porto de Rio Grande no ano passado.
O equipamento permite o carregamento dos granéis diretamente para o navio, possibilitando inclusive o transbordo dos produtos entre embarcações.
Isso significa que o fertilizante produzido pela unidade ou a matéria-prima importada podem ser passadas de um navio para outro e, das embarcações, para os armazéns da empresa, ou vice-versa.
Na prática, o equipamento garante mais agilidade, reduzindo custos e tempo de operação, aumentando a eficiência. E, principalmente, permite ampliar o transporte de produtos por cabotagem, aproveitando a hidrovia. As barcaças que atravessam carregadas a Lagoa dos Patos em direção a Porto Alegre reduzem o uso dos caminhões, diminuindo as emissões de carbono. Para os próximos cinco anos, há mais projetos para a implantação da agenda ESG.
Os armazéns devem melhorar seu desempenho com a adoção de ferramentas tecnológicas, aumentando os parâmetros de sustentabilidade das operações. "Haverá novos investimentos na gestão hídrica e no controle de emissões atmosféricas nas unidades. A empresa acompanha de perto as oportunidades e as novas tecnologias para manter o compromisso que temos com o planeta", completa Laura.
 

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