O Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) confirmou, na tarde desta sexta-feira (3), o primeiro registro de contaminação pela
variante Ômicron do coronavírus no Rio Grande do Sul. O contágio é de uma moradora de Santa Cruz do Sul, que voltou de viagem à África do Sul na última semana.
A análise de sequenciamento genético completo do vírus foi realizada em tempo recorde pelo Cevs, que recebeu a amostra da paciente no início da tarde de quinta-feira (2), em cerca de 24 horas, para agilizar as ações de vigilância e a adoção das medidas sanitárias necessárias.
A mulher está em isolamento domiciliar e acompanhada pela vigilância em saúde do município. Ela, que já havia recebido duas doses de vacina contra a Covid-19, apresentou febre como sintoma. Seus contactantes também serão testados para a doença.
Segundo o especialista em saúde do Cevs, Richard Salvato, o sequenciamento genético completo é o teste capaz de determinar com precisão a linhagem do vírus. “É uma técnica laboriosa que, em geral, demanda de dias a semanas para obtenção do resultado. No entanto, trabalhamos sem parar desde que chegou a amostra, inclusive durante a noite, e utilizamos um método de sequenciamento mais rápido para conseguir definir se é uma Ômicron no menor tempo possível.”
Diante da confirmação da chegada da nova variante no Estado, a secretária da Saúde, Arita Bergmann, reforçou a necessidade de as pessoas investirem, cada vez mais, nos cuidados básicos, especialmente o uso de máscara e o distanciamento adequado. Também alertou para procurarem as unidades de saúde, caso ainda não tenham se vacinado, ou falte alguma dose.
Nesta sexta, 842 mil pessoas estavam com a segunda dose em atraso, e 721 mil com a dose de reforço atrasada. "Com essa nova variante em circulação, é ainda mais necessário que a proteção seja efetiva, especialmente com uma alta cobertura vacinal", alertou Arita.
Se for indicada a presença de uma mutação existente na Ômicron- e não na Delta ou na Gamma, variantes em circulação no Rio Grande do Sul até então- essa amostra passa por um sequenciamento genético completo para a confirmação. Esse processo poderá ser realizado no Cevs ou na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.
A vigilância genômica do coronavírus é um trabalho de rotina do Cevs durante a pandemia, mas intensificada durante os períodos em que surgem novas variantes de preocupação no mundo. Salvato explica que a Ômicron apresenta um grande número de mutações na proteína Spike do vírus, que é a parte responsável por se ligar à célula humana, e também é a região em que parte das vacinas agem. As mutações fazem, principalmente, com que o vírus se torne mais transmissível, e essa é das prováveis características da nova cepa.