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Coronavirus

- Publicada em 27 de Agosto de 2020 às 16:13

Rio Grande do Sul completa seis meses de pandemia

Suspensão de aulas, fechamento de comércio, calamidade pública e distanciamento controlado foram assunto no semestre

Suspensão de aulas, fechamento de comércio, calamidade pública e distanciamento controlado foram assunto no semestre


JOYCE ROCHA/JC
Juliano Tatsch
No dia 10 de março, a imprensa anunciava a confirmação do primeiro caso de contaminação pelo novo coronavírus no Rio Grande do Sul. A ocorrência, porém, consta oficialmente como confirmada no dia 29 de fevereiro pela Secretaria Estadual da Saúde, na medida em que foi nesta data que o paciente apresentou os primeiros sintomas da doença. A pandemia havia oficialmente chegado ao Estado.
No dia 10 de março, a imprensa anunciava a confirmação do primeiro caso de contaminação pelo novo coronavírus no Rio Grande do Sul. A ocorrência, porém, consta oficialmente como confirmada no dia 29 de fevereiro pela Secretaria Estadual da Saúde, na medida em que foi nesta data que o paciente apresentou os primeiros sintomas da doença. A pandemia havia oficialmente chegado ao Estado.
Neste sábado, dia 29 de agosto, completam-se seis meses da presença da Covid-19 entre os gaúchos. Durante esse período, muita coisa aconteceu, o comércio fechou, reabriu, voltou a fechar, abriu de novo. Aulas foram paralisadas, eventos cancelados, competições esportivas suspensas. Vidas foram perdidas. Mais precisamente, 3.235 vidas foram perdidas. Para marcar a data, o JC recorda os principais fatos ocorridos nesse meio ano vivido sob a sombra de uma doença.

O primeiro caso

O caso número 1 no Rio Grande do Sul foi noticiado em 10 de março e tratava-se de um homem de 60 anos de idade, morador do município de Campo Bom, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Ele havia realizado uma viagem para a cidade de Milão, na Itália, entre os dias 16 e 23 de fevereiro, e voltou para o Brasil com o vírus Sars-Cov-2. O quadro de saúde do paciente foi leve, sem complicações.

A bola parou de rolar

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Protesto de gremistas repercutiu e pressionou por suspensão do campeonato (Foto de Richard Ducker/AFP/JC)
O novo coronavírus ainda tinha pouco mais de duas semanas de presença no Estado, mas a pressão pela suspensão de atividades já era grande. No futebol não foi diferente. A manutenção do Campeonato Gaúcho fez uma manifestação de jogadores gremistas na entrada em campo na partida contra o São Luiz de Ijuí, no dia 15 de março, repercutir internacionalmente. No dia seguinte, a Federação Gaúcha de Futebol anunciou a paralisação do campeonato por 15 dias. O prazo otimista não se confirmou. A bola só voltou a rolar no dia 23 de julho.

Aulas suspensas

Com o avanço da pandemia, o medo passou a fazer parte do dia a dia das pessoas. Sair de casa tornou-se um desafio. Aglomerações tinham de ser evitadas a todo custo e uma das primeiras grandes ações tomadas pelo poder público estadual foi suspender as aulas presenciais na rede pública a partir do dia 19 de março. Em Porto Alegre, as aulas foram suspensas um dia antes. Possíveis datas para o retorno das atividades presenciais foram sendo projetadas, mas nenhuma delas se confirmou. A última proposta do governo do Estado foi para a retomada em 31 de agosto, mas foi rechaçada por prefeitos, professores e entidades de classe. A nova projeção aponta a volta das aulas para meados de setembro.

O primeiro óbito

Passados 24 dias desde o primeiro gaúcho apresentar sintomas de contágio, o Estado registrou sua primeira morte causada pela doença. Uma idosa de 91 anos que estava internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Moinhos de Vento não resistiu e acabou perdendo a luta contra o vírus no dia 24 de março. Naquela data, o Estado já registrava um total de 210 casos confirmados de infecção.

Calamidade pública

Com o registro de casos subindo, a medicina tendo dificuldades para encontrar tratamentos que dessem resposta aos casos mais graves da doença, a falta de equipamentos de proteção para profissionais da saúde, a corrida às farmácias e mercados em busca de álcool gel, a aplicação de restrições e o posterior fechamento de atividades econômicas chegou ainda em março. No dia 19 de março, o governador Eduardo Leite decretou estado de calamidade pública no Rio Grande do Sul, com fechamento de shoppings centers, restrição no transporte público e suspensão das viagens interestaduais por ônibus, entre outras ações. Em Porto Alegre, os decretos relativos ao funcionamento da indústria, comércio e serviços foram publicados em 21 de março. A decretação de calamidade pública na Capital veio no dia 31 de março.

A falsa impressão de controle da crise

No final de abril, a impressão era de quem boas notícias estavam chegando em Porto Alegre. Com menos de 70% dos leitos em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) ocupados, a cidade via a curva de contágio ser domada, com estabilização e queda no número de pacientes hospitalizados em razão da Covid-19. Ledo engano. Depois disso, os números dispararam e mostraram que a crise não seria resolvida tão rapidamente.

Distanciamento controlado

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Modelo estadual foi elogiado nacionalmente, mas sofreu com pressões de prefeitos (Reprodução/JC)
Depois de um mês inteiro de restrições mais duras que chegaram, inclusive, a segurar o avanço da pandemia no Estado, o governador Eduardo Leite, pressionado por prefeitos do Interior que, com poucos casos, cobravam medidas diferenciadas, anunciou a implantação do modelo de distanciamento controlado. A iniciativa, apontada nacionalmente como o melhor sistema criado no País para abordar as diferenças regionais, criou um sistema de bandeiras que afrouxam ou apertam as restrições conforme parâmetros como casos, óbitos e leitos hospitalares, entre outros. Com o tempo, porém, o sistema apresentou fragilidades, os números da pandemia dispararam, prefeitos passaram a desrespeitar as medidas e o balizador estadual perdeu força.

Dez mil casos

No dia 2 de junho, o Rio Grande do Sul ultrapassou oficialmente a marca de 10 mil pessoas contaminadas pelo novo coronavírus. Naquela data, o número de óbitos causados pela doença no Estado já chegava a 245. Lajeado era a cidade com mais ocorrências, superando até Porto Alegre. O quadro mudou no decorrer das semanas seguintes.

Rápido avanço liga o alerta em Porto Alegre

A partir de junho, o vírus ganhou força na Capital, a pandemia se alastrou e trouxe muita preocupação para os gestores dos hospitais e para a prefeitura. No dia 20, o prefeito Nelson Marchezan Júnior anunciou um novo fechamento do comércio, autorizando o funcionamento apenas de serviços essenciais. Naquele momento, a cidade tinha 2,6 mil confirmações de contágio e 66 mortes causadas pela Covid-19. No Rio Grande do Sul, por sua vez, a marca de 20 mil casos tinha sido ultrapassada e o total de vítimas fatais era de 430.

Em meio à reabertura, a escalada de mortes

Em julho, o Rio Grande do Sul se viu em meio a uma escalada na letalidade da pandemia, seguindo uma tendência diversa da observada no restante do Brasil. O Estado estava tendo um aumento nas vítimas fatais três vezes superior ao do País. Os recordes de mortes diárias eram batidos quase que todos os dias. O grande aumento no número de vítimas, e também de casos, se deu em meio a flexibilizações das restrições, ao retorno do comércio e até da volta do futebol, o que gerou muitas críticas ao governo do Estado, que permitiu que essas atividades pudessem ser retomadas.

O lockdown no horizonte

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Volta das atividades comerciais veio junto com escalada de internações em Porto Alegre (Foto de Patrícia Comunello/Especial/JC)
A situação em Porto Alegre se agravou tanto que o prefeito Marchezan passou a cogitar seriamente a possibilidade de decretar um fechamento total (lockdown) da cidade em meados de julho. O aumento na velocidade de internações era muito maior do que a capacidade de reforço no sistema de saúde, o que indicava que a cidade caminhava a passos largos para um colapso no atendimento dos doentes. Com a reabertura de boa parte do comércio, somado a uma pitada de indisciplina de parcela da população que insistia em ir para a rua mesmo não sendo para trabalhar, a gravidade do quadro sem ampliou e o debate acerca da necessidade do fechamento total ganhou corpo, com profissionais de saúde defendendo a medida, e entidades empresariais se opondo. Ao fim, o cenário se acalmou e não foi necessário adotar a medida drástica.

Duas mil mortes, 100 mil casos

Agosto chegou e duas marcas significativas da pandemia foram ultrapassadas. Logo no dia 3, o Estado bateu as duas mil mortes pelo vírus. Quinze dias depois, no dia 18, o total de pessoas contaminadas pelo Sars-Cov-2 passou de 100 mil pessoas no Rio Grande do Sul.

Números seguem altos, mas com indícios de estabilização

O Rio Grande do Sul completa o seu sexto mês sob a égide do novo coronavírus em um momento de inflexão. Se, por um lado, a letalidade hospitalar aumentou, assim como o total de óbitos se comparados com os outros estados do Sul, por outro, a queda nas internações em unidades intensivas aponta para um cenário de estabilização da pandemia entre os gaúchos, que vem se consolidando nas últimas semanas e apontando para um futuro mais positivo.
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