A vitivinicultura gaúcha passa por um momento de recuperação e, ao mesmo tempo, crescimento, especialmente pela safra 2025, com volume e qualidade que fizeram brilhar e pesaram nos parreirais. E, com investimentos relevantes recentes e realizados nos últimos anos, as cooperativas do setor se sobressaem ao mirar o futuro e valorizar estratégias que vão além do curto prazo.
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Uma das mais antigas vinícolas cooperativas do Brasil, a Nova Aliança, por exemplo, iniciou em 2023 um consistente projeto para lançar um suco de uva em garrafa de vinho para atender a China — além, claro, de abrir mercado para o vinho. O primeiro passo foi estrear, naquele ano, na feira ProWine Shanghai. A proposta animou executivos e as mais de 600 famílias de produtores. Mesmo com alguns imprevistos no caminho, o que faz parte do mercado e do negócio, como a retração no consumo chinês, a Nova Aliança segue com a proposta justamente mirando a retomada.
"Nossos volumes ainda são pequenos, mas temos a expectativa de transformar o negócio de exportação em torno de 3% a 5% da operação. Atualmente é próximo de 1%, mas falo de forma estratégica, pensando em até 5 anos e, a partir disso, fazer mais investimentos, pesquisa e dados de mercado", explica o CEO da Nova Aliança Vinícola Cooperativa, Heleno Facchin.
O projeto, desde o início, teve como norte que o tempo e a constância são fundamentais, como se aprofundar no conhecimento da cultura local de negócios e expansão do portfólio. A exportação de suco de uva integral em garrafa de vinho, por exemplo, foi um pedido feito pelos próprios compradores chineses na feira.
Esse novo passo e a tranquilidade em observar um cenário atual, mas de olho no futuro, vem da experiência das primeiras exportações da Nova Aliança Vinícola Cooperativa, há cerca de 8 anos, e hoje está presente em países como Bolívia, China, Paraguai, Rússia e Uruguai.
Em 2024, apesar do ano desafiador, novos produtos foram lançados, a identidade visual foi renovada, e nova unidade de negócio foi criada, com investimentos nas plantas industriais e nos vinhedos.
Também baseando sua expansão em investimentos contínuos, a Cooperativa Vinícola Garibaldi projeta aplicar em seu complexo fabril, ao longo de 2025, cerca de R$ 12 milhões, principalmente na ampliação da capacidade de processamento. Aportes que se complementam aos já realizados em 2024 para melhorias no manejo e na ampliação da capacidade de recebimento e armazenamento.
Com investimentos contínuos em modernização industrial e no campo, a companhia avalia ter hoje um dos mais eficientes centros de produção de vinhos, sucos e espumantes não apenas do Brasil, mas globalmente.
"Esses investimentos serão feitos na ampliação da capacidade de estocagem, em autoclave na fermentação, em prensa para equipamentos para ampliar a capacidade interna para poder aumentar o volume processado. Queremos ampliar a participação, especialmente no segmento de espumantes, também com o projeto de reconversão de vinhedos, principalmente para uvas brancas, para dar conta do mercado", explica Oscar Ló, presidente da Cooperativa Vinícola Garibaldi.
Depois da tempestade, a bonança

Caderno Vinhos e espumantes 2021 - vinhos, uvas, vitivinicultura
/patr?cia lima/divulga??o/jcDe acordo com o Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS) a colheita de 750 mil toneladas de uva no Estado, em 2025, foi cerca de 38% acima da anterior
Os resultados positivos foram em quantidade e qualidade, o que, de acordo com o presidente do Consevitis-RS, Luciano Rebelatto, pode ser uma das melhores safras dos últimos anos.
O resultado vem, também, de acordo com a entidade, por investimentos do setor em capacidade e tecnologia, ampliando a inserção nos mercados interno e externo de produtos de altíssima qualidade.
De acordo com o pesquisador em fisiologia da produção da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Henrique dos Santos, a condição térmica favorável ao crescimento vegetativo, com a ausência de geadas tardias no início do ciclo das videiras, em 2025, contribuiu com a qualidade e o volume da safra.
Na primavera do ano passado houve registro de apenas seis dias de temperatura abaixo dos 10 graus, sendo um dos determinante para o pleno desenvolvimento das flores e das bagas de uva.
A pluviosidade também ajudou no processo: de agosto a fevereiro, período entre a brotação e a colheita, a região da Serra teve 657 mm de chuva. A baixa precipitação, com menos dias nublados e maior incidência de sol, favoreceu a uniformidade de maturação e reduziu as condições para o desenvolvimento de doenças nas videiras.