Com sede em Ibirubá e atendendo a 72 cidades do Rio Grande do Sul, a cooperativa de energia Coprel estima realizar em 2025 um investimento de aproximadamente R$ 193,5 milhões. O presidente da Coprel, Jânio Vital Stefanello, ressalta que se trata de um incremento de 3% em relação ao aportado no ano anterior. Uma das ações que está sendo desenvolvida é a implementação da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Santo Antônio do Jacuí, no rio Jacuí, entre os municípios de Victor Graeff e Mormaço.
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Jornal do Comércio - Qual o investimento previsto pela Coprel para este ano?
Jânio Stefanello - A Coprel projeta para 2025 um investimento superior a R$ 193,5 milhões em todas as suas unidades de negócio, o que representa um crescimento de 3% em relação a 2024. A expectativa é seguir ampliando os aportes no próximo ano, com foco em energia, telecomunicações e na consolidação de obras de geração própria, como a finalização da PCH Santo Antônio do Jacuí. Os valores definitivos serão validados pelos conselhos da cooperativa, reforçando o modelo de governança participativa que é marca registrada da Coprel e fortalece sua presença nas comunidades.
JC - Quais são os empreendimentos nas áreas de geração e distribuição previstos pela cooperativa?
Stefanello - Do total de investimentos previstos para 2025, cerca de metade será destinada à área de distribuição de energia, contemplando a construção de redes e subestações, troca de postes, instalação de equipamentos e implantação de novas tecnologias. Na Coprel Geração, o principal destaque do ano é a conclusão das obras da PCH Santo Antônio do Jacuí. Na (distribuição de) energia o destaque é para a subestação NMT2, em Não-Me-Toque, que terá uma infraestrutura moderna, planejada com responsabilidade técnica e visão de futuro. São R$ 27,3 milhões investidos em uma subestação que fortalece a rede elétrica. Essa estrutura é um passo fundamental para garantir qualidade no fornecimento, permitir a conexão de novas cargas e manter a Coprel à frente das necessidades energéticas da região.
JC - Em que estágio está a construção da PCH Santo Antônio do Jacuí e quando deverá ser concluída? Qual a potência e o investimento nessa usina?
Stefanello - A construção está em estágio avançado com 80% (das obras finalizadas) e a previsão é de conclusão para o final deste ano. A PCH Santo Antônio do Jacuí terá potência instalada de 5,2 MW, com investimento total estimado em
R$ 77 milhões.
R$ 77 milhões.
JC - E o que se espera de aporte para a área de Telecom?
Stefanello - A Coprel Telecom, com um investimento superior a R$ 58 milhões, segue ampliando sua área de atuação, com recursos aplicados constantemente na expansão de redes, aquisição de novos equipamentos e modernização tecnológica. Levar conectividade ao Interior é uma das prioridades da cooperativa, pois acreditamos que acesso à internet de qualidade é essencial para a educação, saúde, produção agrícola e desenvolvimento das comunidades rurais. São 18 municípios que já possuem acesso universalizado à internet via Coprel, e os demais seguem avançando nessa meta. Paralelamente, a cooperativa também amplia sua atuação em áreas urbanas, buscando garantir a sustentabilidade econômica do negócio.
JC - Como está o desenvolvimento do projeto, autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que conta com a participação da Coprel para avaliar o comportamento do consumidor de baixa tensão no mercado livre (em que ele pode escolher a origem da geração de energia)?
Stefanello - O projeto Sandbox Tarifário (para experimentação de novas modalidades tarifárias ou formas de faturamento) está sendo conduzido na Coprel com o objetivo de testar, de forma inédita no Brasil, o comportamento de consumidores de baixa tensão no mercado livre de energia. A iniciativa permite que residências e pequenos comércios, tradicionalmente atendidos no mercado cativo, possam experimentar tarifas diferenciadas e modelos inovadores de contratação. O projeto visa oferecer mais liberdade de escolha, melhores condições comerciais e ampliar o conhecimento da população sobre o funcionamento do setor elétrico.
JC - Quais os resultados foram obtidos até o momento?
Stefanello - Nos primeiros seis meses de execução, já foi possível identificar padrões relevantes entre os consumidores participantes. Dos 1,35 mil cooperantes selecionados, 232 aderiram voluntariamente ao projeto, o que representa uma taxa de adesão de 17,18%. Outro dado importante é a taxa de desistência extremamente baixa, demonstrando que os produtos ofertados têm gerado uma boa percepção de valor, confiança e satisfação. Isso revela um potencial promissor de crescimento da base ativa nos próximos meses. A análise da distribuição de adesões ao longo do tempo mostra que os consumidores respondem de forma direta à constância e intensidade das ações de comunicação. À medida que compreendem melhor o mercado livre, suas decisões tornam-se mais seguras, o que reforça a importância de estratégias educativas contínuas, com foco na clareza das vantagens, nos modelos tarifários e na autonomia proporcionada pela migração.
JC - Quando a experiência deve acabar?
Stefanello - A previsão de encerramento do projeto é dezembro de 2025, completando os 12 meses de testes e análises regulatórias previstas. Até lá, espera-se reunir um conjunto robusto de dados sobre o comportamento do consumidor do grupo B (baixa tensão) frente às diferentes tarifas e condições oferecidas. Os resultados devem embasar futuras decisões e políticas públicas para a ampliação do mercado livre de energia no Brasil, com foco na inovação, eficiência e no empoderamento dos consumidores.
JC - Como as cooperativas de energia serão afetadas com a maior abertura do mercado elétrico?
Stefanello - De modo geral, as cooperativas vêm se preparando para a abertura do setor elétrico, compreendendo que essa evolução é uma tendência internacional. No caso da Coprel, a criação de uma comercializadora própria foi um passo estratégico para atender os cooperantes que já possuem o direito de migrar para o mercado livre, sem abrir mão do atendimento qualificado e da consultoria especializada da cooperativa. Além disso, a Coprel coloca sua expertise à disposição de empresas e consumidores que, com a abertura do mercado, passam a ter o direito de escolher de quem comprar energia.
JC - Passado um ano das enchentes, qual a sua avaliação do evento e já foi possível recuperar os prejuízos causados?
Stefanello - As enchentes de maio de 2024 causaram prejuízos incalculáveis em todo o Estado. Foi um evento trágico e histórico, com profundas consequências econômicas e sociais. Por isso, além da recuperação, é necessário falarmos de resiliência e da necessidade de nos prepararmos para os efeitos das mudanças climáticas. A área de abrangência da Coprel não foi tão severamente afetada em 2024, como ocorreu nas regiões dos Vales e Metropolitana. No entanto, ainda sentimos impactos, como danos em estradas e outras infraestruturas. Além disso, é importante considerar os prejuízos acumulados pelas estiagens recorrentes, que comprometem a capacidade de investimento dos agricultores e demandam ações coordenadas.
JC - As chuvas de junho deste ano geraram mais impactos?
Stefanello - As chuvas recentes de junho também causaram impactos significativos, especialmente pela danificação de estradas e alagamentos, o que dificultou o acesso das equipes de manutenção da Coprel e ocasionou atrasos no restabelecimento da energia em alguns pontos. Em resposta a essas adversidades, seguimos investindo fortemente em tecnologia de redes, comunicação e previsão do tempo, para ampliar nossa capacidade de resposta e garantir segurança no fornecimento de energia aos cooperantes.