A Creral está envolvida atualmente com o projeto da usina Foz do Prata, que será a maior hidrelétrica da cooperativa de energia que tem sede em Erechim. O presidente da Creral, Alderi do Prado, recorda que o empreendimento terá 49 MW de capacidade (o que corresponde a cerca de 0,9% da potência hídrica instalada no Rio Grande do Sul hoje). A unidade será implementada no Rio da Prata, entre os municípios de Veranópolis e Nova Roma do Sul, e deverá entrar em operação até o primeiro semestre de 2029.
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Jornal do Comércio - O projeto da hidrelétrica Foz do Prata, que terá 49 MW de potência instalada, será a maior usina da Creral. Como surgiu a proposta dessa iniciativa?
Alderi do Prado - A gente vem sempre acompanhando as oportunidades de desenvolvimento de projetos tanto no Rio Grande do Sul como em Santa Catarina, alguma coisa no Paraná também. Essa surgiu para nós há quatro anos. Envolveu todo um processo de primeiro analisar o empreendimento, a viabilidade e, segundo, analisar junto à comunidade os diálogos para sabermos do interesse das pessoas e, a partir daí, também o desenvolvimento ambiental do local.
JC - Em que etapa está esse empreendimento?
Prado - Agora o projeto está em uma fase bem mais madura, mas é um longo processo, porque é um projeto bem grande e precisamos ter todas as análises para sua implantação.
JC - Recentemente Foz do Prata recebeu sua licença ambiental prévia. Se tudo transcorrer dentro do previsto, quando deve ser possível obter o licenciamento de instalação?
Prado - A gente trabalha com a perspectiva de um ano. Lógico que as equipes ambientais estão analisando e preparando o material e vão levar um tempo ainda para a liberação da usina.
JC - E, dentro dessa estimativa, quando a usina poderá ser concluída?
Prado - A gente estima que o projeto leve em torno de dois anos e meio para ser implantado a partir do começo das obras. Então, digamos que no primeiro semestre de 2029 o projeto já deve estar em funcionamento.
JC - Qual o investimento previsto nessa usina?
Prado - O investimento previsto nela agora é de aproximadamente
R$ 400 milhões.
R$ 400 milhões.
JC - E a cooperativa pensa em contar, futuramente, com mais investidores para realizar a iniciativa?
Prado - Sim. A gente já está analisando possibilidades e propostas de investidores e financiadores para a implantação. A gente sabe que agora é o período de amadurecer a viabilidade financeira do projeto com a captação dos recursos necessários para sua implantação.
JC - O projeto irá concorrer no leilão de energia marcado para agosto para tentar comercializar sua geração?
Prado - Ele está cadastrado no certame de agosto e vamos ver o resultado que a gente alcança. Mas não é a única opção esse leilão, a gente trabalha também com outras opções porque o mercado é bem dinâmico.
JC - E para esse ano e mais imediatamente, quais são os principais empreendimentos que a Creral está desenvolvendo?
Prado - Para este ano, os principais volumes de aportes estão previstos para a conclusão da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Santo Cristo, em Lages, Santa Catarina, com a previsão de a gente colocar em operação no início de 2026. Estamos concentrando os investimentos lá, no projeto de 19,5 MW, do ponto de vista de geração. E também na distribuição a gente vem trabalhando para a implantação da subestação de 138 kV em Sananduva, que visa a atender aos nossos associados da região, como os de Ibiaçá, Carlos Gomes, Centenário, São João da Urtiga, Santo Expedito do Sul e São José do Ouro. Além disso, tem as interligações no entorno da subestação com as unidades consumidoras, principalmente, de indústrias e a conexão com Santo Expedito do Sul, uma linha dedicada a partir da subestação para melhorar a condição de atendimento nessa cidade e para os consumidores de São José do Ouro.
JC - Qual é a projeção de investimento nessas iniciativas?
Prado - A gente vai investir na subestação em Sananduva cerca de R$ 25 milhões e também nas linhas de distribuição a gente já está trabalhando para um investimento superior a R$ 5 milhões. E na conclusão das obras da PCH Santo Cristo, da parcela da Creral (a cooperativa desenvolve esse complexo com a participação de outros parceiros), estamos prevendo investimento de
R$ 25 milhões para este ano.
R$ 25 milhões para este ano.
JC - A Creral também possui iniciativas na área de geração solar fotovoltaica. Como estão esses empreendimentos?
Prado - A gente acabou a implantação de 11 usinas solares, de 1 MW cada, sendo 10 unidades em Santa Vitória do Palmar e uma em Guaíba. A conexão na rede foi feita em abril.
JC - Em que mercado está sendo comercializada essa geração de energia?
Prado - Essa energia é locada como geração distribuída para clientes da concessionária CEEE Equatorial.
JC - E qual foi o investimento nesses empreendimentos?
Prado - Finalizamos com cerca de R$ 50 milhões investidos, trabalhando com vários parceiros pulverizados esses investimentos.
JC - Qual a perspectiva futura nessa área de energia solar?
Prado - Agora a gente está analisando um pouco mais o comportamento de mercado. Temos pela frente algumas perspectivas de implantação de pequenas usinas no Estado, para ver se conseguimos ainda nesse campo a implantação de mais aproveitamentos de geração de energia solar. Estamos ainda em análise e acredito que até o fim de julho a gente consiga definir se iremos fazer novos investimentos dentro dessa questão.
JC - A cooperativa estuda desenvolver empreendimentos com outras fontes de energia?
Prado - Estudamos também a energia eólica. A gente desenvolve alguns projetos, mas percebemos que a vocação da energia eólica está mais centrada em grandes grupos, contudo estamos trabalhando no desenvolvimento dos projetos. São quatro empreendimentos, em Santa Vitória do Palmar (2), Rosário do Sul (1) e Santana do Livramento (1), que somam 1,5 mil MW de potência. Essas ações já estão em uma fase de medição de ventos e trabalhando para uma etapa de licenciamento ambiental desses parques.
JC - A Creral tem espaço para crescer o número de ligações no segmento de distribuição de energia (nesse segmento, a cooperativa atende a 37 municípios da Região Norte gaúcha)?
Prado - Atualmente, temos cerca de 8 mil unidades ligadas. Tem espaço para crescer mais, sim. A nossa região tem uma vocação bastante agrícola e a irrigação tem demandado bastante energia, assim como aviários e tambos de leite. E, claro, que tem o mercado industrial, que também puxou bastante nos últimos anos e é responsável por mais da metade do consumo da energia distribuída. A tendência é de um crescimento ainda maior.
JC - Quais ações a cooperativa pensa em desenvolver na área de distribuição?
Prado - A gente vai trabalhar neste ano, ainda estamos em uma fase de desenvolvimento, na implantação de telemedições. A gente está tentando fazer a implantação em um bloco de consumidores para que a gente tenha os medidores eletrônicos conectados à internet e possamos fazer a medição instantânea, leitura, envio de contas, tudo via digital. Já estamos na fase de discussão de implantação da iniciativa, que será gradativa, já passou a etapa de aprovação.
JC - E como está o segmento de Telecom da Creral?
Prado - Hoje estamos restritos a atender aos nossos associados em fibra ótica. Então temos feito investimentos voltados apenas para ampliação. A gente já tem fibra em todos os nossos municípios, em todas as nossas comunidades, e vai atendendo aos novos clientes que vão necessitando ter esse serviço, cada vez mais crescente. Atualmente, temos cerca de 2,5 mil planos de internet ativos.