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AGRO

- Publicada em 30 de Junho de 2022 às 18:19

Para Cotrijal, fusões são o futuro do cooperativismo

Para o presidente da Cotrijal, Nei Mânica, incorporação foi maior ação da história da cooperativa

Para o presidente da Cotrijal, Nei Mânica, incorporação foi maior ação da história da cooperativa


Ramiro Furquim/JC
A Cotrijal vive o momento mais grandioso em sua história de 65 anos. Em fevereiro deste ano, a cooperativa oficializou a incorporação da Coagrisol, de Soledade. A soma de faturamento das duas cooperativas aproximou-se dos R$ 6 bilhões em 2021, o que faz a Cotrijal figurar entre as maiores cooperativas agrícolas do País.
A Cotrijal vive o momento mais grandioso em sua história de 65 anos. Em fevereiro deste ano, a cooperativa oficializou a incorporação da Coagrisol, de Soledade. A soma de faturamento das duas cooperativas aproximou-se dos R$ 6 bilhões em 2021, o que faz a Cotrijal figurar entre as maiores cooperativas agrícolas do País.
Com atuação em mais de 50 municípios e área de 1,3 milhão de hectares, a cooperativa de Não-Me-Toque atingiu uma posição para poder facilitar negócios de aquisição de insumos e negociação de vendas para seus produtores, além de auxiliar associados em questões problemáticas como as quebras de safra com a estiagem. Para o presidente, Nei César Mânica, fusões, uniões e incorporações são o futuro do cooperativismo gaúcho, a exemplo do que já ocorreu em outros estados. "O cooperativismo gaúcho está fortalecido e vem crescendo muito. Esse movimento fortalece ainda mais", sintetiza ele nesta entrevista.
Jornal do Comércio - O que mudou para a Cotrijal e para os cooperados com a absorção da Coagrisol?
Nei Mânica - A Cotrijal passou a atuar em todas essas áreas de ação nos municípios. São 53 municípios onde agregamos uma área, de 800 mil, para 1,3 milhão de hectares. Isso fez com que a Cotrijal pudesse implementar suas tecnologias e serviços junto aos produtores da Coagrisol. Fomos muito bem aceitos pelos associados, pelas comunidades e agregamos mais de 600 funcionários que viraram nossos colaboradores na cooperativa. Existe uma mobilização muito grande, e é muito positivo para os produtores tanto da Coagrisol como da Cotrijal. A Cotrijal tem seu conhecimento, sua forma de serviço, e pode agregar muito mais nesta região de atuação que assumimos desde 1 de março deste ano.
JC - Essa fusão colocou a Cotrijal entre as maiores cooperativas de agronegócio do País. Que facilidades essa posição gerou?
Mânica - Quanto mais volume você tem para vender produção, quanto mais volume você necessita de aquisição de insumos e fertilizantes, você pode conseguir um preço mais acessível e adequado que o mercado oferece. Isso vem em prol do nosso produtor. Mas o mais importante que eu vejo para os produtores, principalmente nessa nova área, é a tecnologia do setor técnico, de agricultura de precisão, manejo, rotação de cultura, enfim. Todo esse processo vai fazer com que o produtor possa aumentar sua produtividade. Além dos custos de produção, o maior gargalo do produtor é aumentar a produtividade para conseguir ser competitivo para se manter no campo. Foi a maior ação que a Cotrijal fez na sua história. Um grande passo. Realmente foi muito positivo porque hoje muita gente entende que é pelo caminho da incorporação, da parceria, da fusão, das oportunidades que se faz o corporativismo mais forte aqui no Rio Grande do Sul.
JC - As fusões de cooperativas podem ser o futuro?
Mânica - O cooperativismo gaúcho está muito fortalecido. E esse movimento fortalece ainda mais. Principalmente naquelas regiões necessitadas de maiores investimentos. Para isso, o cooperativismo é muito positivo, temos certeza que será cada vez mais, como ocorreu no Paraná nos anos passados.
JC - Esses movimentos que ocorreram no Paraná, de alguma forma, inspiraram a decisão da Cotrijal?
Mânica - Com certeza. No passado, as próprias cooperativas do Paraná eram em um número bem maior. Elas acabaram fazendo suas uniões, fusões, incorporações e ficou um sistema muito fortalecido. Hoje, o Paraná tem em seu cooperativismo uma força muito grande nas agroindústrias. O Rio Grande do Sul já tem agroindústria, mas, com isso, vamos poder ter oportunidade de fazer mais agroindústrias.
JC - Qual o papel das cooperativas em momentos de perda de safra, como foi neste ano com a estiagem?
Mânica - Diria que o papel das cooperativas é fundamental em todos os momentos do ano. Mas, quando ocorre uma catástrofe como a desse ano, novamente, de uma quebra muito grande nas culturas de soja e de milho, na grande parte das regiões do Rio Grande, as cooperativas têm que, e conseguem, apoiar ainda mais o produtor. No exemplo prático da Cotrijal, tínhamos um grande volume financiado ao produtor, e temos uma carteira de seguros muito estruturada com 85% das lavouras seguradas, e o seguro está indenizando em mais de R$ 350 milhões os produtores da Cotrijal. Se não houvesse a cooperativa, os produtores estariam devendo isso para parcelar em quatro, cinco anos, junto aos bancos, às empresas. Seria um problema bastante sério. Assim não, a cooperativa ajuda o produtor na hora de oferta de recursos, de insumos, dá uma garantia de restituição e ainda faz um seguro dos seus custos de produção até com um percentual de receita para a manutenção do campo.
JC - A estiagem tem sido o principal assunto no setor agropecuário. Quais os caminhos que a Cotrijal enxerga para solucionar esse problema?
Mânica - Essa estiagem não foi a primeira e não será a última. Estamos trabalhando muito forte a questão ambiental. Precisamos de retenção de água. Fazer açudes, barragens. Tem ainda uma legislação com alguns empecilhos. Tivemos uma seca muito forte até março, abril, e agora, no mês de maio e junho, tivemos mais de 1 mil milímetros chovendo. Essa chuva toda vai aos rios, que sobem seus limites e três ou quatro dias depois essa água vai toda embora para o mar e nós não conseguimos reter. Está se trabalhando, com todos os órgãos e entidades, para que haja uma modificação da lei ambiental, para que se possa fazer a retenção de água, o que amenizaria muito o problema de quebra de safra do Rio Grande do Sul com a irrigação.
JC - A produção de inverno está crescendo entre os cooperados da Cotrijal?
Mânica - Uma coisa que se fala muito é que precisamos fazer mais uma safra no Rio Grande do Sul. Nós, das cooperativas, estamos incentivando o cultivo de inverno, principalmente de trigo e cevada. Esse ano vai crescer 30%, mas ainda é pouco. Se compararmos a área de produção no verão com o inverno, poderíamos crescer bastante. Esse ano vai ter um aumento de 30% na área de ação da Cotrijal em virtude até da própria quebra de safra da soja. O produtor planta mais no inverno para tentar recuperar prejuízos.
JC - Como a paralisação do Plano Safra impactou os produtores durante este ano?
Mânica - Não foi diferente para a Cotrijal como para as demais. Acontece que houve falta de recursos ainda da safra de 2021/2022. Foi liberado um valor que não foi suficiente ainda e agora estamos aguardando para o mês de julho a liberação do Plano Safra 2022/23. Como a gente sabe, os recursos com juros equacionados pelo governo cada vez são menores e temos, cooperativa junto com o produtor, que buscar alternativas no mercado.

Cotrijal

  • Fundação e sede: 1957, Não-Me-Toque
  • Faturamento (2021): R$ 4,3 bilhões
  • Sobras líquidas (2021): R$ 171 milhões
  • Número de associados: 18.668