A Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), no âmbito do ambiente de negócios, defende a implementação de políticas públicas para quem investe e empreende no Estado. A entidade afirma que é fundamental que o associativismo empreendedor tenha segurança física e jurídica para transformar o ambiente de negócios e para fortalecer as empresas. O presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, afirma que sobre os potenciais gaúchos é necessário que haja uma atenção prioritária para a mineração, comércio externo, setor de energia, saúde, agronegócio e turismo.
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O dirigente cobra também o uso racional dos recursos públicos, desde equilíbrio fiscal até otimização da máquina pública. Com relação à eleição para a Presidência da República e para o governo do Estado do próximo ano, Costa destaca que a federação concluiu um mapa de ações para mobilização da opinião pública de 2025 até o pleito eleitoral, com 12 eixos que definem tendências para os próximos 30 anos. As propostas, conforme Costa, serão no sentido de buscar posicionamentos e compromissos dos candidatos em relação aos entraves e oportunidades para o Estado, que vão do ambiente de negócios até pautas de infraestrutura e gestão de serviços públicos.
Jornal do Comércio - Quais as principais pautas defendidas pela Federasul?
Rodrigo Sousa Costa - Atualmente, no âmbito do ambiente de negócios, temos pautas relativas às políticas públicas que representam ameaças ao trabalho e à renda, temos pautas de defesa da segurança física e jurídica de quem investe e empreende e pautas que cobram o uso racional dos recursos públicos, desde equilíbrio fiscal até otimização da máquina pública. Nas pautas estruturantes se destacam o debate por uma melhor modelagem, que atenda o interesse público, nas concessões rodoviárias federal, do Polo Sul, rodoviária estadual, do Bloco 2, e concessão ferroviária federal da malha gaúcha, que entendemos como projetos e licitações mal concebidos em sua origem, atualmente representando enorme prejuízo para a competitividade gaúcha. Nas oportunidades, há uma atuação sobre potenciais gaúchos que precisam de atenção prioritária, desde a mineração, comércio externo, setor de energia, saúde, agronegócio e turismo.
JC - Os pleitos apresentados pela entidade junto aos governos municipal, estadual e federal foram atendidos?
Costa - Nossa atuação vai muito na linha de uma construção conjunta, trazendo a visão dos empreendedores na interação com nossos representantes nos parlamentos e no Poder Executivo, com algumas pautas mais simples, muitas vezes, sendo prontamente atendidas, enquanto pautas mais complexas exigem uma interação que algumas vezes evoluem para um debate público de ideias. Outras vezes evoluem para um embate público no campo das ideias, quando divergimos de iniciativas que ferem os princípios e valores estatutários que defendemos, como nas tentativas de aumentos de impostos ou aumento no peso da máquina pública. Eu diria que celebramos em conjunto muitas conquistas e entregas, algumas delas com parlamentares, outras com o Poder Executivo. Porém, os desafios do Rio Grande do Sul são enormes, tanto pela fragilidade do equilíbrio fiscal gaúcho quanto pelos efeitos da tragédia climática e o agravamento do êxodo. Hoje, sabemos o quanto teria custado nossa omissão enquanto sociedade civil.
JC - Que iniciativas de apoio às empresas a federação lançou?
Costa - A Federasul tem uma cultura muito forte de ouvir os associados, de dar voz a quem representamos, construindo estratégias em conjunto com quem traz os pleitos para que as soluções possam se efetivar através das lideranças locais como protagonistas. Neste sentido, há iniciativas que nos orgulham como as pontes e obras viabilizadas através da parceria com o programa Reconstrói RS, e o crédito facilitado às vítimas da tragédia climática oferecido em nossa rede pelo Fundo Estímulo. As iniciativas vão desde atuar para impedir aumentos de impostos, propostas de políticas públicas, até mobilizar a opinião pública em reação as ações que atacam valores e princípios que defendemos.
JC - Como a Federasul avalia as ações dos governos federal, estadual e municipal com relação a economia de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul?
Costa - Em relação ao governo Federal, as nossas pautas têm sido predominantemente reativas, procurando trazer argumentos para redirecionar ações que entendemos equivocadas, que estão trazendo prejuízos ao País, diante dos valores e princípios que defendemos no associativismo empreendedor. Em relação ao governo Estadual, há um histórico, tanto de pautas convergentes quanto divergentes, mas cada caso é um caso, porque a Federasul se movimenta politicamente de forma suprapartidária, a partir do debate interno baseado nos princípios que defendemos no nosso estatuto.
JC - Como a Federasul avalia a implementação da Inteligência Artificial no setor privado? Como o tema vem sendo tratado pelas entidades empresariais?
Costa - Avaliamos como um evento disruptivo, com potencial de revolucionar relações sociais e econômicas, trazendo um novo paradigma a partir do qual precisamos reavaliar tudo o que está posto, em todos os setores.
JC - Em 2026, teremos eleições presidenciais e para o governo do Estado. Quais propostas a entidade pretende apresentar aos candidatos com relação ao associativismo empreendedor?
Costa - A Federasul tem uma característica multissetorial, com uma visão muito clara de nossa interdependência enquanto sociedade, porque na geração de riquezas surgem as oportunidades de trabalho, mas também a arrecadação que sustenta os serviços públicos. E justamente por esta visão sistêmica, do Estado como um todo, nossas propostas precisam abordar os entraves e oportunidades de um melhor ambiente para investir, trabalhar, viver e fazer negócios. Neste sentido, concluímos um mapa de ações para mobilização da opinião pública de 2025 até o pleito eleitoral, com 12 eixos que definem tendências para os próximos 30 anos, numa linguagem que converse com as dores do pequeno empreendedor, do pedreiro, da dona de casa, da empregada doméstica, para que as pessoas compreendam que a hostilidade aos investimentos, ao trabalho e à produção, tem consequências em suas próprias vidas e no futuro de seus filhos. Nossas propostas serão no sentido de buscar posicionamentos e compromissos dos candidatos em relação aos entraves, oportunidades e princípios destes 12 eixos que vão desde ameaças ao trabalho e ambiente de negócios até pautas estruturantes, de infraestrutura, da gestão de serviços públicos, bem como vocações e oportunidades desperdiçadas ou sufocadas no Rio Grande do Sul.