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ENTREVISTA

- Publicada em 14 de Julho de 2023 às 00:10

Desafio do varejo é se adaptar às novas tecnologias

Vitor Augusto Koch destaca que entidade possui quatro mil associados no Rio Grande do Sul

Vitor Augusto Koch destaca que entidade possui quatro mil associados no Rio Grande do Sul


TÂNIA MEINERZ/JC
A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL/RS) destaca que o grande desafio do varejo é se adaptar às novas tecnologias e às inteligências artificiais que transformam as vendas no comércio.
A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL/RS) destaca que o grande desafio do varejo é se adaptar às novas tecnologias e às inteligências artificiais que transformam as vendas no comércio.
Para o presidente da Federação, Vitor Augusto Koch, um dos principais objetivos dos varejistas é conseguir avançar os limites geográficos junto com a utilização da tecnologia. "O desafio do comércio é se adaptar a essa nova realidade que é a venda por aplicativos e estar sempre buscando as inovações e tendências de mercado", destaca. Koch ressalta que a entidade está focada na melhoria da concessão de crédito.
"Temos dados que analisam o comportamento do tomador de crédito. Trocamos informações com os nossos parceiros que são os cinco maiores bancos do País, três privados e dois públicos. "São instituições financeiras que movimentam hoje 85% de toda a liberação de crédito nas mais diferentes esferas", afirma. Conforme Koch, a FCDL conta com quase 4 mil associados e possui 44 afiliadas no Rio Grande do Sul. A entidade oferece um produto de certificação digital que pode ser utilizado tanto para empresas do varejo quanto para a indústria, para o atacado e também para os prestadores de serviços.
Jornal do Comércio - Quais os desafios do varejo gaúcho no período pós-pandemia?
Vitor Augusto Koch - Com a crise sanitária, os lojistas foram pegos de surpresa com o cerceamento da abertura das lojas. Isso foi uma situação bastante complicada porque as empresas tiveram seus custos continuados e a receita acabou, o que resultou em problemas enormes, inclusive com o fechamento de atividades. Outra situação foi a de insolvência no fluxo de caixa das empresas. Junto com a crise sanitária, aconteceu um fato: a disparada no crescimento das vendas online. E da forma como isso aconteceu impactou muito o comércio de pequeno e médio porte. Os varejistas foram salvos pelas redes sociais onde conseguiram realizar bons negócios pelo WhatsApp e pelo Instagram. O grande desafio do varejo é se adaptar às novas tecnologias e às inteligências artificiais que transformaram as vendas no varejo. A Federação precisa buscar uma metodologia que seja menos onerosa para a pequena empresa. O pequeno varejo tem como maior desafio sair dos limites do eixo de atuação. Hoje, o pequeno tem um limite dentro do município e, muitas vezes, dentro do bairro. Os varejistas precisam superar isso porque os grandes players entraram no nicho e estão disputando o mercado com o pequeno comerciante. Considero um dos maiores desafios dos varejistas conseguir avançar os limites geográficos junto com a utilização da tecnologia. O desafio do comércio é se adaptar a essa nova realidade que é a venda por aplicativos e estar sempre buscando as inovações e tendências.
JC - Quais são os projetos atuais da FCDL?
Koch - A Federação está focada na melhoria da concessão de crédito. Temos um bureau de dados que analisa o comportamento do tomador de crédito. Trocamos informações com os nossos parceiros que, são os cinco maiores bancos do País, três privados (Bradesco, Itaú e Santander) e dois públicos (Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal). Trocamos informações com essas instituições financeiras que movimentam hoje 85% de toda a liberação de crédito no País nas mais diferentes esferas, tanto imobiliária quanto estudantil. Essa informação dá uma condição diferenciada porque analisamos o comportamento do consumidor. Oferecemos esse serviço para o mercado. Temos 44 afilhadas no Rio Grande do Sul que representam e revendem o nosso produto. Temos 4 mil sócios na FCDL que consomem os nossos produtos com foco no desenvolvimento de aplicativos onde os pequenos varejistas podem estar na internet oferecendo seus produtos. Em 90 dias, a federação estará com esse aplicativo no ar, fornecendo uma solução para que o pequeno possa ser competitivo tanto no oferecimento de produtos quanto na distribuição.
JC - Uma reclamação dos empresários é a burocracia do poder público. Como mudar esse quadro?
Koch - Um dos focos da FCDL é que atuamos intensamente junto ao poder público tanto na Assembleia Legislativa quanto nas secretarias de Estado e junto ao governador Eduardo Leite. Além disso, temos uma parceria com as outras quatro federações (Fiergs, Fecomércio, Farsul e Federasul). Temos reuniões uma vez por mês onde buscamos articulações políticas para minimizar os problemas do setor — entre eles a burocracia. As federações estão trabalhando em conjunto na questão da reforma tributária com a participação em seminários e congressos. Uma coisa é certa: a matriz tributária precisa ser aumentada, ou seja, mais pessoas precisam pagar impostos, mas de uma forma justa.
JC - Como a FCDL analisa o atual momento político e econômico do Brasil?
Koch - Prevemos este cenário em setembro e outubro do ano passado quando a disputa estava muito acirrada nas eleições presidenciais. Na questão econômica, havia uma política pública sendo desenvolvida que vinha dando certo e agora, com o novo governo, que tem uma outra visão, houve um impacto nos nossos negócios. E, logicamente, os varejistas tiveram o ônus da crise sanitária que desencadeou um processo inflacionário no mundo e no Brasil. A pandemia impactou muito a renda das pessoas, retirando, por exemplo, o poder de compra da população. Logicamente que os empresários são muito impactados pelos juros altos que trancam os negócios. O juro alto inibe os negócios e aumenta o preço final dos produtos. Na tomada de crédito, quando buscamos recursos financeiros em uma instituição financeira, é analisado o nosso perfil para a liberação do dinheiro. São exigidas garantias que, muitas vezes, especialmente os varejistas de pequeno porte não tem. A Federação torce para que o governo federal acerte nas políticas públicas e que minimize os seus gastos. E que os recursos financeiros sejam investidos de forma correta e por consequência aumente a produtividade do País e o PIB.
JC - De que modo a entidade apoia a categorias?
Koch - A federação está presente em todos os poderes constituídos e sempre procura se relacionar com cada governo (federal, estadual e municipal), respeitando a sua forma de fazer gestão. Levamos sugestões e mostramos os gargalos que acontecem e que inibem as nossas atividades. Hoje, estamos oferecendo um produto de certificação digital que serve tanto para empresas do varejo quanto para a indústria, para o atacado e para os prestadores de serviços.
JC - A inflação e a taxa de juros são questões desafiadoras para o setor varejista gaúcho?
Koch - Nos últimos dois anos, a inflação e a taxa de juros prejudicaram muito a questão de poder de compra dos consumidores, até porque o setor estava em recuperação. Tivemos a situação das pessoas que não tinham o poder de consumo e aconteceu o endividamento com os bancos, que liberaram muito crédito e isso criou um problema de inadimplência no varejo. Com a inflação em elevação, não foi possível a retomada que a gente esperava na comercialização de produtos. Os juros são muito nocivos para quem vende a prazo porque aumenta demasiadamente o preço final do produto. Por outro lado, o cliente faz um cálculo e passa a adotar uma certa cultura germânica ou italiana de esperar ter o dinheiro para comprar os produtos na loja.