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ENTREVISTA

- Publicada em 14 de Julho de 2023 às 00:10

Presidente da Federasul destaca resiliência do comércio

Costa avalia algumas iniciativas promovidas pela Federasul, como o Tá na Mesa

Costa avalia algumas iniciativas promovidas pela Federasul, como o Tá na Mesa


TÂNIA MEINERZ/JC
Uma entidade quase centenária que reúne agentes de diferentes atividades econômicas, entre pequenos, médios e grandes empresários. A Federasul conta atualmente com 180 associações filiadas, representando um universo aproximado de 80 mil empreendedores, e busca por meio do trabalho desenvolvido não só apoiar o meio empresarial, mas conquistar melhorias para a sociedade gaúcha como um todo. O presidente da entidade, Rodrigo Sousa Costa, avalia algumas iniciativas promovidas pela Federasul, como o Tá na Mesa, a resiliência dos integrantes do comércio e o cenário econômico atual.
Uma entidade quase centenária que reúne agentes de diferentes atividades econômicas, entre pequenos, médios e grandes empresários. A Federasul conta atualmente com 180 associações filiadas, representando um universo aproximado de 80 mil empreendedores, e busca por meio do trabalho desenvolvido não só apoiar o meio empresarial, mas conquistar melhorias para a sociedade gaúcha como um todo. O presidente da entidade, Rodrigo Sousa Costa, avalia algumas iniciativas promovidas pela Federasul, como o Tá na Mesa, a resiliência dos integrantes do comércio e o cenário econômico atual.
Jornal do Comércio - No ano passado a Federasul comemorou 95 anos de atividade. Quais foram algumas das principais frentes de atuação nesse quase um século?
Rodrigo Sousa Costa - A Federasul vem se renovando e diversificando suas formas de atuação. Hoje tem um propósito mais amplo, mas começou com associações comerciais que foram evoluindo porque o comércio permeia todas as atividades empresariais. Eu diria que a evolução da Federação a partir já do estatuto em 2016 foi nesse sentido, para acompanhar a evolução das suas filiadas que hoje são associações ligadas à indústria, comércio, serviços, agronegócio, tecnologia e turismo. Ela se transformou numa federação de entidades empresariais representando o empreendedorismo como um todo, desde a classe produtiva, dos profissionais liberais, dos autônomos, dos advogados, de médicos, até o comércio mais tradicional que é a natureza hoje das nossas filiadas.
JC - Quais os propósitos defendidos pela Federasul?
Costa - Os eixos de propósito da Federasul são melhorar o ambiente de negócios, a evolução enquanto empreendedores e a busca do bem comum. A nossa evolução enquanto empreendedores é justamente esta troca de experiências, tecnologia e networking, promovendo negócios entre nós mesmos nos diferentes setores para nos tornamos mais competitivos e melhores. Temos a atuação do empresário empreendedor que busca o melhor para o seu negócio, para os seus colaboradores e para os seus acionistas, e o empresário cidadão, que busca o melhor para sociedade como um todo, a busca do bem comum. Não adianta eu prosperar num ambiente melhor com um negócio melhor e ver desmoronando o mundo à minha volta com uma educação pública, saúde pública e segurança pública dos meus funcionários e minha cada vez pior.
JC - Como se dá a interação dos empresários dentro da entidade?
Costa - A riqueza que a Federação tem hoje é, além de ser multissetorial, onde há um industrial do lado de um agropecuarista, do lado de um de um prestador de serviço, por exemplo, é uma diversidade muito grande de experiências. Temos um pequeno empresário sentado do lado de um grande empresário e os dois têm a mesma voz na reunião de diretoria, trazendo experiências diferentes. Temos a visão de pessoas muito jovens, que recém começaram a empreender, juntamente com pessoas muito experientes, com mais de 80 anos. Atualmente, 32% da diretoria da Federasul é composta por lideranças femininas, o que cria um ambiente muito rico e diverso. O nosso objetivo não era de preenchimento de cotas, mas buscar o enriquecimento das abordagens pela diversidade. E isso está presente também nos diferentes conselhos, como o da Mulher Empreendedora e do Empreendedor Jovem, por exemplo. A ex-presidente Simone Leite é presidente do Conselho da Mulher Empreendedora. Hoje já são mais de 50 núcleos de mulheres no Interior.
JC - Qual o papel da Federasul na formação de novos líderes?
Costa - O nosso objetivo é que eles sejam a fonte de novas lideranças. Um líder empresarial trabalha com colaboradores que podem estar motivados, mas existe relação de subordinação, ele dispõe de premiações e metas. A forma de atuar numa empresa não é igual a forma de atuação numa associação de voluntários. A liderança associativa tem que selecionar os voluntários por uma escala de valores e inspirar para que eles trabalhem gratuitamente e paguem do próprio bolso as suas despesas. O modelo de liderança é mais desafiador porque você tem que reunir voluntários e desafiá-los a cumprir metas com prazos sem remuneração.
JC - A Federasul promove alguns dos principais eventos do RS, como o Tá na Mesa, entre outros. Qual a relevância para o meio empresarial e a sociedade gaúcha?
Costa - Com o Tá na Mesa atuamos através dos meios de comunicação para tentar esclarecer e desafiar a opinião pública. Aí o governador, o deputado federal, coloca holofote em cima do tema e surgem as frentes parlamentares. Surge um Tá na Mesa, se faz uma discussão, integra os atores públicos e privados e tenta oferecer soluções através da mobilização da opinião pública. Meu sentimento é que se trata de uma estratégia vencedora. As pessoas me perguntam 'tu estás expondo toda a estratégia da Federasul, outras entidades podem copiar'. Tomara que copiem, a essência disso é que o discurso seja coerente com a prática. O exemplo arrasta, tu ganhas em credibilidade. Se tiver um discurso bonito e a prática for totalmente desconectada da realidade, aí perde credibilidade. Hoje todos temos muito orgulho de pertencer à Federasul. As pessoas na Federasul preferem ser parte de um grande projeto a donas de algo que não se realiza nunca.
JC - Como você avalia a situação do comércio atualmente?
Costa - O comércio praticamente move o mundo porque ele faz as conexões. Passamos por um período de extrema resiliência do comércio, saído de uma pandemia para um momento em que percebe as crises do varejo. É um período desafiador para os comerciantes e negociantes. Essa resiliência do comércio me chama muito atenção, essa capacidade contributiva de sobreviver e contribuir com a evolução do Estado. É bem impactante.
JC - Como vocês estão vendo o momento atual da economia no Brasil?
Costa - Nos primeiros meses do governo Luiz Inácio Lula da Silva, ele veio na contramão do discurso de campanha de 'paz e amor', de conciliação de todos os brasileiros. Ele assumiu uma postura, eu diria, até vingativa pelas próprias palavras de 'quero ferrar o Moro', que deu um sentimento na classe produtiva de uma ação persecutória por parte do estado em relação a adversários políticos. Isso criou uma instabilidade política e econômica muito grande e as pessoas perderam a fé, os empresários ficaram com medo de tempos difíceis. Hoje, percebemos a economia numa inércia em função de uma super safra do agronegócio. Se percebe os investidores, o empresariado, todo mundo com freio de mão puxado, ninguém tem coragem de investir, as pessoas estão só mantendo os negócios de pé e aguardando para ver o que vai acontecer. Viemos alertando isso desde fevereiro, na primeira reunião de integração, quando saiu a carta de Osório dizendo que essa postura está criando um prejuízo econômico que se reflete em prejuízo social também. As pessoas precisam de segurança jurídica e física, não pode admitir invasão de propriedade produtiva, depredação de patrimônio privado ou público. As pessoas precisam ter segurança e estabilidade. Caso contrário, isso vai criando uma sensação de anarquia, de caos e aí todo mundo vai parando de investir e a roda da economia começa a girar ao contrário. Confesso que nos últimos dias percebi, até pelas propagandas da televisão, uma mudança na forma de comunicação do governo federal, um pouco mais apaziguadora, falando de respeito aos empreendedores. Eu tenho esperança que o governo dê uma guinada, abandone o período de campanha e a polarização inflamada que dividiu os brasileiros e assuma um governo de todos os brasileiros.