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Indústria

- Publicada em 16 de Março de 2023 às 17:42

Fábrica de fertilizantes na Campanha Gaúcha começará a ser erguida no segundo semestre

Planta que será instalada na cidade gaúcha foi divulgada pela empresa

Planta que será instalada na cidade gaúcha foi divulgada pela empresa


AGUIA FERTILIZANTES/DIVULGAÇÃO/JC
Eduardo Torres, especial para o JC
Eduardo Torres, especial para o JC
Mais de uma década depois do início dos estudos em Lavras do Sul, na região da Campanha, a Águia Fertilizantes pretende dar início às obras da sua planta industrial para produção de fertilizantes a partir de fosfato a ser explorado no próprio município no segundo semestre deste ano. De acordo com o CEO da Águia, Fernando Talarico, entre agosto e setembro as ações de terraplanagem devem iniciar. A partir de então, em 12 meses a fábrica e a mina de fosfato devem estar operando, com capacidade produtiva de 300 mil toneladas de fertilizantes por ano, capazes de atender a 15% da demanda agrícola gaúcha. As informações constam no Anuário de Investimentos 2023 do Jornal do Comércio.

A empresa, que opera com capital australiano, projeta investir R$ 60 milhões em Lavras do Sul neste ano. É mais da metade dos R$ 100 milhões já aportados desde 2011 no projeto - em 2022, a empresa aplicou R$ 17 milhões na iniciativa. Durante as obras, a expectativa é gerar 180 empregos na região e, na fase de operação, outros 145. E, ao que tudo indica, a produção de fertilizantes a partir das reservas de fosfato descobertas pela Água na Campanha serão apenas o primeiro projeto de potencialização da capacidade mineral desta região.
Está em fase inicial outro projeto avaliado em R$ 100 milhões, com os primeiros investimentos, em torno de R$ 5 milhões, a serem aportados neste ano. Trata-se do plano de extração de cobre em Caçapava do Sul, em um depósito de 22 milhões de toneladas com boa qualidade do minério, descoberto pela Águia Fertilizantes. A tendência, aponta Talarico, é de que esta iniciativa tenha tramitação mais rápida do que aconteceu em Lavras do Sul. Ele acredita que, em 2026, é possível que a empresa já esteja produzindo barras de cobre a partir da Campanha.
"Nas duas operações, a ideia é conseguirmos aplicar um conceito completamente novo, verde, comprometido com a preservação ambiental e com a geração de riqueza para a região, justamente pelos diferenciais ambientais da nossa produção", explica o executivo.

 

Usina fotovoltaica está em fase de readequação econômica

Com a licença de instalação para a unidade de Lavras do Sul entregue pela Fepam em novembro do ano passado, a Águia Fertilizantes iniciou um processo de readequação econômica do projeto.
"O cenário industrial e, especialmente, do mercado de fertilizantes, está muito volátil a partir da guerra na Ucrânia. São custos com materiais para a construção da planta industrial que também variaram muito desde o nosso último estudo, mas a constatação de que o fosfato, com o diferencial de ser produzido aqui no Rio Grande do Sul, continua sendo um grande atrativo", explica o CEO da empresa.
O levantamento norteará não somente o aporte necessário, mas também a liberação da linha de crédito já aprovada pelo BRDE para o empreendimento. A estimativa é de que, dos R$ 60 milhões a serem investidos em 2023, metade seja amparada por financiamentos. O orçamento inclui a construção de uma usina fotovoltaica com 600 kW de potência nominal. A geração de energia solar, que tem a intenção de tornar a produção da Águia autossuficiente do ponto de vista energético, é passo fundamental na estratégia de responsabilidade ambiental da empresa.
De acordo com Talarico, a fábrica de fertilizantes será instalada a menos de dois quilômetros da mina. A área de 300 hectares já foi adquirida e deve ter em torno de 50 hectares de área construída. O restante, aponta o executivo, será revertido em mais uma ação de responsabilidade ambiental.
"Nossa ideia é reservar esses 250 hectares para reflorestamento para geração de créditos de carbono. Na operação, teremos, além da energia mais limpa, todo um sistema de reaproveitamento do uso de água, que não será usada na produção direta do fertilizante", diz Talarico.
A estimativa é de que 100% do fosfato a ser explorado em Lavras do Sul seja absorvido pela própria produção da Águia. E aí, aponta o executivo, o produto final também terá o diferencial ambiental. "Não há acréscimo de produtos químicos na nossa produção", garante.
A partir da linha de retirada do fosfato das rochas a céu aberto, o minério será transportado por caminhões até a planta industrial para que lá, passe por secagem, seja moído e embalado. O resultado será o chamado Pampafos, apontado pela empresa como fertilizante orgânico. Testes em lavouras de soja, arroz, trigo e aveia já teriam demonstrado bons resultados de eficiência do produto.

Fonte para a indústria limpa

A pouco mais de 50 quilômetros do local onde produzirá fertilizantes, em Caçapava do Sul, a Águia projeta produzir placas de cobre. Ou, como a empresa tem chamado, "cobre verde", em um plano de investimento que chegará, até a operação, a até R$ 100 milhões.
"Quando se fala na mineração, que é a base de qualquer forma de indústria, naturalmente as pessoas associam com processos de degradação ambiental. Mas o cobre, como condutor elétrico, é a chave, por exemplo, para a fabricação de carros elétricos, de tecnologia limpa. Nosso projeto quer garantir que toda esta cadeia produtiva seja responsável ambientalmente", aponta Fernando Talarico.
A ideia, segundo ele, é replicar as ações de Lavras do Sul, como, por exemplo, a geração de energia solar, as medidas de redução de consumo de água e de insumos na produção e exploração do minério. Por isso, parte dos R$ 5 milhões previstos para serem investidos em Caçapava do Sul em 2023 - R$ 2 milhões - serão fornecidos pelo Finep, que aprovou uma linha de pesquisa para a produção limpa de cobre.
O restante do investimento inicial será destinado à fase de estudos de engenharia para a mina e a planta industrial e ao início dos processos de licenciamento no estado. A previsão é de que ainda no segundo semestre possa ser iniciado o estudo de impacto ambiental. "Hoje, no Brasil, a produção de compostos de cobre acaba abastecendo a indústria. Nós teremos a capacidade de fornecer um produto com 99% de pureza. Um processo que certamente vai desencadear uma cadeia produtiva muito importante na região da Campanha", valoriza o executivo da Águia.

FICHA TÉCNICA


Investimento: R$ 65 milhões (total: R$ 160 milhões)
Empresa: Águia Fertilizantes
Cidades: Lavras do Sul e Caçapava do Sul
Área: Indústria
Estágio: Em execução até 2026
Investimentos em 2022: R$ 17 milhões