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Publicada em 24 de Setembro de 2025 às 18:27

Trabalho infantil caiu no Brasil nos últimos 8 anos, mas problema está longe de ser erradicado

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O Brasil reduziu em 21,4% o número de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil nos últimos oito anos, caindo de 2,1 milhões em 2016 para  1,65 milhão em 2024, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE. O resultado representa uma queda histórica e é acompanhado de outro dado significativo, a redução nas chamadas piores formas de trabalho infantil — atividades que comprometem a saúde, a segurança e a dignidade — que tiveram o menor patamar da série, com 560 mil casos.
O Brasil reduziu em 21,4% o número de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil nos últimos oito anos, caindo de 2,1 milhões em 2016 para  1,65 milhão em 2024, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE. O resultado representa uma queda histórica e é acompanhado de outro dado significativo, a redução nas chamadas piores formas de trabalho infantil — atividades que comprometem a saúde, a segurança e a dignidade — que tiveram o menor patamar da série, com 560 mil casos.
Os avanços refletem políticas públicas consistentes, programas de transferência de renda e a ampliação da rede de proteção social. Entre os beneficiários do Bolsa Família, por exemplo, a taxa de trabalho infantil caiu de 7,3% para 5,2% no período analisado dos últimos oito anos, uma retração superior à média nacional.
Entretanto, os desafios permanecem. Os adolescentes de 16 e 17 anos continuam sendo o grupo mais vulnerável: 15,3% dessa parcela da população estava em trabalho infantil em 2024. A proporção ainda é elevada, e cresceu em relação ao ano anterior. 
Além disso, os dados trazem à tona desigualdades persistentes. Os meninos representam dois terços dos casos, e crianças negras ou pardas aparecem de forma desproporcional. A jornada de muitos ultrapassa 40 horas semanais, afetando a educação e as perspectivas de um futuro melhor.
Do ponto de vista regional, as variações mostram que o problema não é homogêneo. Houve queda expressiva no Norte, enquanto Nordeste e Sul registraram aumento no número absoluto de crianças em trabalho infantil. Isso exige políticas adaptadas às realidades locais, reforçando que não há solução única para um fenômeno tão complexo.
O combate ao trabalho infantil é, além de uma questão social, um requisito para impulsionar o desenvolvimento. Um País que retira crianças e adolescentes do trabalho precoce e garante sua permanência na escola investe em produtividade com ganhos futuros, em qualificação da força de trabalho e na redução das desigualdades. 
A queda no trabalho infantil mostra que a mudança é possível, mas ainda é preciso consolidar os avanços dos últimos anos e enfrentar os empecilhos. A permanência de 1,65 milhão de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil lembra que o Brasil ainda está distante de erradicar essa chaga social. O progresso é real, mas a urgência permanece.

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