A decisão dos Estados Unidos de impor taxação de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto - até o momento sem sinais de acordo entre os dois países ou um abrandamento pelos norte-americanos — terá forte impacto sobre atividades econômicas voltadas às exportações. Desde o anúncio feito pelo presidente Donald Trump, entidades empresariais e o governo brasileiro têm se reunido para estudar os impactos do tarifaço e o que pode ser feito. Nesse sentido, a implementação de medidas de auxílio às empresas afetadas é imprescindível para minimizar os prejuízos.
O Rio Grande do Sul exporta produtos industrializados e agropecuários e será um dos estados mais afetados. Indústrias do setor calçadista já sinalizam preocupação com a perda de competitividade. A fabricante de armas Taurus avalia migrar a operação, atualmente em São Leopoldo, para os Estados Unidos para evitar a taxação. Também sentirão os efeitos da tarifa de 50% produtores de carne, tabaco e outros itens que têm os EUA como destino das vendas ao exterior.
O governo federal estuda a criação de uma linha emergencial de crédito a exportadores direcionada às empresas que serão diretamente afetadas pelo tarifaço. Enquanto não se esgotam as tentativas de negociação com Washington, e o Palácio do Planalto não define como será o plano de ajuda, estados se organizam para socorrer os exportadores. Na sexta-feira passada, o governador Eduardo Leite anunciou a liberação de R$ 100 milhões por meio do BRDE para apoiar empresas exportadoras atingidas pelas tarifas adicionais.
Os juros serão equalizados com recursos do Fundo Impulsiona Sul, instituído pelo próprio BRDE. A linha de crédito para capital de giro aos exportadores terá um custo final entre 8% e 9% ao ano. A medida deve ajudar a preservar empregos e garantir a continuidade de operações que movimentam a economia gaúcha, que busca a recuperação após os impactos causados pela enchente de maio de 2024.
Cabe ao governo brasileiro, em atuação conjunta com os estados, atuar para mitigar os impactos do tarifaço, preservando empregos, a economia e a arrecadação. Além disso, a diplomacia deve ser utilizada até o último momento para tentar reverter ou atenuar os efeitos da decisão dos EUA, uma vez que a tarifação de 50% sobre as exportações de produtos brasileiros compromete a competitividade do País no mercado internacional e ameaça setores estratégicos da economia.