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Publicada em 06 de Julho de 2025 às 17:35

Brasil assume Mercosul em meio a divergências

ARTE/JC
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O Brasil assumiu na quinta-feira passada, durante a 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, a presidência temporária do bloco, em um momento marcado por discursos desalinhados. Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é defensor da Tarifa Externa Comum e busca consolidar o acordo com a União Europeia (UE), Javier Milei defende a autonomia da Argentina e já chegou a ameaçar deixar o grupo.
O Brasil assumiu na quinta-feira passada, durante a 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, a presidência temporária do bloco, em um momento marcado por discursos desalinhados. Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é defensor da Tarifa Externa Comum e busca consolidar o acordo com a União Europeia (UE), Javier Milei defende a autonomia da Argentina e já chegou a ameaçar deixar o grupo.
Criado em 1991 por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, o Mercosul busca promover a integração econômica por meio da redução de tarifas e do fortalecimento da competitividade regional. Desde então, novos parceiros foram integrados. A Venezuela entrou em 2012, mas foi suspensa em 2016. A Bolívia aguarda aprovação dos os fundadores para ingressar. Chile, Peru, Colômbia, Equador, Guiana e Suriname não são membros plenos, mas mantêm acordos comerciais com o grupo.
As divergências no bloco não são novidade. Apesar disso, o Mercosul conquistou avanços importantes. Em 1991, o comércio entre os membros somava aproximadamente US$ 4 bilhões. Os dados mais recentes, de 2023, apontam que esse valor saltou para US$ 59,1 bilhões, segundo a plataforma ConnectAmericas.
Importantes acordos comerciais foram firmados ao longo dos anos. O principal exemplo é o tratado entre Mercosul e União Europeia, cujas negociações técnicas foram concluídas em 2019 após mais de duas décadas. O texto prevê a redução de tarifas para produtos agrícolas e industriais, maior acesso a mercados de serviços e compras públicas, regras sobre propriedade intelectual, sustentabilidade e comércio digital.
O acordo ainda não foi ratificado e enfrenta forte resistência, sobretudo da França, que cobra compromissos mais firmes em questões ambientais. Convencer os europeus, sobretudo os franceses, a aceitar o tratado é uma das principais bandeiras de Lula na presidência temporária.
Na semana passada, foi firmado o Acordo de Livre Comércio com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), formada por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça. O tratado favorecerá exportações de commodities agrícolas pelo Mercosul e facilitará importações de medicamentos produzidos pela EFTA.
Apesar das divergências ideológicas que colocam os membros do Mercosul em posições muitas vezes antagônicas, a atuação conjunta tem se mostrado eficaz para obter acordos comerciais estratégicos. Cabe ao Brasil usar a liderança temporária para renovar o compromisso com a integração regional, superando impasses e reafirmando o papel estratégico do Mercosul.
 

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