O governo brasileiro decidiu aumentar o teor de etanol na gasolina vendida no País a partir de agosto. A medida pode representar alívio no bolso do consumidor, sobretudo diante das tensões no Oriente Médio, principal produtor de petróleo no mundo.
A decisão, anunciada na quarta-feira (25), pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), prevê que o percentual de mistura do etanol na gasolina passará de 27% para 30% e, no diesel, de 14% para 15%. Segundo as projeções do governo, esse acréscimo de etanol à gasolina representará um recuo de até R$ 0,11 por litro no preço do combustível vendido nos postos.
Com mais etanol na mistura, a dependência do petróleo diminui. Reajustes de tarifas de transportes e pressões exercidas pelo aumento de custos do frete e de logística, por exemplo, tendem a dar uma trégua, trazendo alívio ao bolso do consumidor final.
Outro ponto positivo é que a maior necessidade de etanol para acrescentar à gasolina impulsiona a indústria nacional. O Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo, ficando apenas atrás dos Estados Unidos. No ano passado, a produção atingiu recorde de 36,83 bilhões de litros, 4,4% acima do registrado em 2023, segundo os dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica). O País exportou 1,87 bilhão de litros de etanol, tendo como principais destinos Coreia do Sul, Estados Unidos, Países Baixos, Nigéria e Filipinas.
A produção de etanol ganhou o reforço também do milho. O uso do cereal para a produção de biocombustíveis vem crescendo graças aos investimentos em novas usinas, que devem adicionar mais 2,5 bilhões de litros no mercado nos próximos anos.
O setor emprega aproximadamente 1,5 milhão de pessoas, entre empregos diretos e indiretos na cadeia produtiva, abrangendo desde o cultivo até a produção e distribuição do etanol.
Com a elevação do teor de etanol na gasolina e no diesel, o Brasil reafirma seu compromisso com a sustentabilidade, a segurança energética e o fortalecimento da economia nacional.
A medida não apenas contribui para estabilizar os preços internos diante das incertezas globais em meio aos conflitos no Oriente Médio, mas também valoriza a cadeia produtiva de biocombustíveis, que gera emprego, inovação e renda no País. Trata-se de um passo estratégico que alia benefício imediato ao consumidor com ganhos estruturais para o futuro energético do Brasil.