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Publicada em 23 de Junho de 2025 às 00:25

Alta da Selic coloca em risco retomada do crescimento

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, na semana passada, dar continuidade ao ciclo de alta da taxa básica de juros Selic, elevando-a de 14,75% para 15% ao ano. É o maior nível dos juros no Brasil desde julho de 2006. Embora a medida tenha como objetivo conter a inflação, o aumento da Selic pode gerar uma desaceleração da atividade econômica, o que requer atenção do governo.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, na semana passada, dar continuidade ao ciclo de alta da taxa básica de juros Selic, elevando-a de 14,75% para 15% ao ano. É o maior nível dos juros no Brasil desde julho de 2006. Embora a medida tenha como objetivo conter a inflação, o aumento da Selic pode gerar uma desaceleração da atividade econômica, o que requer atenção do governo.
Juros mais caros reduzem o poder de compra da população, adiando os planos para adquirir desde produtos para o dia a dia até itens mais caros como, por exemplo, uma viagem, um imóvel ou carro. Do lado das empresas, há uma queda nos investimentos e a consequente retração na expansão dos negócios, prejudicando a retomada do crescimento econômico.
A expectativa de Produto Interno Bruto (PIB) modesto, de 2,2% neste ano, reforça a preocupação de que o aperto monetário seja excessivo, sobretudo diante de um mercado de trabalho ainda em recuperação e de uma indústria que vem apresentando crescimento tímido neste ano.
O aumento da desconfiança fiscal, impulsionado por dificuldades do governo federal em cumprir metas, aprovar projetos considerados essenciais e em conter os gastos públicos, agrava o risco país e pressiona o câmbio, fatores que pesam nas decisões do Banco Central.
O cenário externo também exerce pressão sobre o que ocorre no Brasil. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve, o banco central norte-americano, decidiu na semana passada manter os juros na faixa atual de 4,25% a 4,5% em dezembro, adiando o início do ciclo de queda, enquanto na Europa o cenário ainda é de crescimento fraco, o que torna o fluxo de capitais mais volátil.
A expectativa é que esse tenha sido o último movimento de alta da taxa Selic feito pelo Copom em 2025, mas, até o fim do ano, a tendência é que os juros sigam em patamar elevado. Uma possível retomada nos cortes só deve ocorrer com sinais mais claros de estabilidade fiscal e queda consistente da inflação, atualmente ainda acima da meta de 3% estipulada pelo BC, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
A política monetária não pode carregar sozinha o peso dos ajustes estruturais no Brasil. É hora de coordenação entre equilíbrio fiscal, reformas, estímulo à produção e responsabilidade no gasto público. Esses fatores são tão determinantes quanto a política de juros para assegurar uma economia sólida, inclusiva e sustentável.

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