Quem anda pelas ruas de Porto Alegre e outras cidades se depara com o visível aumento dos moradores de rua, uma triste realidade agravada no Rio Grande do Sul pela enchente de maio de 2024. Só na Capital, o número de pessoas vivendo ao relento deu um salto de 33,2% entre 2023 e o final do ano passado, saindo de 4.064 para 5.373. A queda nas temperaturas nos últimos dias já mostrou a gravidade de tal situação, com três indigentes mortos até a última sexta-feira (6), sendo o frio a principal causa apontada para os óbitos.
A prefeitura de Porto Alegre conta com uma rede de acolhimento composta por 370 vagas (120 do Ginásio do Demhab e outras 250 em três albergues) para atender a população de rua. Nesses locais, é possível passar a noite protegido, ter acesso à alimentação e a cuidados de higiene. O trabalho de encaminhamento a um dos abrigos é feito por 120 agentes sociais, mas esbarra muitas vezes na resistência dessas pessoas em deixarem as ruas. Além disso, há críticas quanto à forma de abordagem, o que requer uma reavaliação de como é feita.
A oferta de leitos em abrigos é insuficiente para atender a demanda na Capital. Em anos anteriores, em períodos de frio intenso, a prefeitura utilizou abrigos temporários montados emergencialmente em outros ginásios da cidade, o que se mostrou eficaz para proteger os mais desassistidos. Tal medida deve ser repetida sempre que necessário e poderia ser aplicada também em situações de alertas meteorológicos de fortes chuvas.
Entretanto, o amparo às populações carentes envolve ações pontuais, mas também políticas eficazes de assistência social que permitam a essas pessoas saírem das ruas, o que representa um longo e insistente trabalho. A sociedade em geral também deve contribuir para atenuar um pouco a difícil realidade de quem não tem um teto para se abrigar. A adesão às campanhas do agasalho promovidas por prefeituras, governo do Estado e outras instituições permite que as doações cheguem a quem mais precisa. No ano passado, em meio à tragédia climática no Rio Grande do Sul, foram arrecadadas mais de 6 milhões de peças de roupas, distribuídas entre os necessitados em diversas regiões do Estado.
A chegada do inverno é mais uma oportunidade para que os gaúchos comprovem seu espírito solidário. Vamos todos contribuir doando roupas, cobertores e outros itens essenciais, um pequeno gesto para ajudar a quem só tem as vestes do corpo.