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Publicada em 09 de Junho de 2025 às 17:30

Crise nos Correios e o desmonte de um serviço essencial

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A crise enfrentada pelos Correios, escancarada pelo prejuízo de R$ 1,7 bilhão no primeiro trimestre, é reflexo direto do processo de desmonte do serviço público ao longo dos últimos anos. Fundada em 1663, a instituição é uma das mais antigas do Brasil e tem papel estratégico na logística nacional. Sua atuação vai muito além da tradicional entrega de correspondências — cujo volume tem diminuído consideravelmente nas últimas décadas — e envolve serviços essenciais à população, especialmente em regiões afastadas dos grandes centros urbanos.
A crise enfrentada pelos Correios, escancarada pelo prejuízo de R$ 1,7 bilhão no primeiro trimestre, é reflexo direto do processo de desmonte do serviço público ao longo dos últimos anos. Fundada em 1663, a instituição é uma das mais antigas do Brasil e tem papel estratégico na logística nacional. Sua atuação vai muito além da tradicional entrega de correspondências — cujo volume tem diminuído consideravelmente nas últimas décadas — e envolve serviços essenciais à população, especialmente em regiões afastadas dos grandes centros urbanos.
A empresa pública diversificou sua atuação e passou a oferecer soluções financeiras como o pagamento de contas, envio e recebimento de dinheiro, transferências bancárias e doações. No campo social, a parceria com a Caixa Econômica Federal ampliou o alcance de programas como PIS, Seguro-Desemprego, FGTS e Bolsa Família. Mais recentemente, diante das denúncias de fraudes nos descontos indevidos do INSS, cerca de 5 mil agências em todo o País passaram a oferecer atendimento presencial a aposentados e pensionistas. A precariedade das operações compromete o acesso de milhões de brasileiros a esses serviços.
Apesar de contar com um contingente de quase 84 mil funcionários — 46 mil carteiros — e da recente abertura de concurso público para preencher 3.622 vagas, os Correios ainda enfrentam um déficit de mão de obra estimado em 6.976 empregados. A situação foi agravada pela adesão de 3.892 funcionários ao Plano de Demissão Voluntária (PDV) no ano passado, o que representa 4,6% do efetivo total. A carência de pessoal impacta diretamente a qualidade dos serviços prestados e contribui para o aumento das queixas da população.
Nos últimos anos, os trabalhadores protagonizaram paralisações em defesa de reajustes salariais, contra mudanças no plano de carreiras e, sobretudo, em oposição à proposta de privatização. A ideia de venda da estatal atualmente encontra-se fora do centro do debate político, mas continua latente diante das dificuldades operacionais.
É urgente a adoção de medidas estruturantes para garantir a sustentabilidade dos Correios. Investimentos em modernização e recomposição do quadro de funcionários são essenciais para assegurar um serviço de qualidade, acessível a todos os brasileiros. Mais do que uma empresa de entregas, os Correios representam uma ferramenta de inclusão social e integração nacional.
 

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