A grave crise no sistema de saúde do Rio Grande do Sul expõe a fragilidade estrutural dos serviços públicos e um modelo historicamente negligenciado. Os casos de dengue e de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), causada por vírus como Influenza, Covid-19 e o vírus sincicial respiratório (VSR), sobrecarregam ainda mais a rede hospitalar do Estado e reforçam a urgência de políticas que garantam o atendimento à população.
Os dados do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) da Secretaria Estadual da Saúde mostram que, até ontem, 4.810 pessoas haviam sido internadas por problemas respiratórios, das quais 1.989 eram crianças na faixa dos zero aos 12 anos. Foram confirmados 358 óbitos por SRAG até então.
Nas últimas semanas, a ocupação de leitos hospitalares em Porto Alegre superou os 95%, o que levou o governo do Estado a decretar situação de emergência em saúde pública por 120 dias. A medida vai permitir que os municípios adotem ações emergenciais com maior rapidez, e que os hospitais que atendem pelo SUS tenham a obrigatoriedade de ampliar leitos clínicos e de terapia intensiva voltados ao tratamento da SRAG.
A Secretaria Estadual da Saúde solicitou ao Ministério da Saúde o repasse de R$ 26,1 milhões para a abertura por três meses de 405 leitos para pacientes com SRAG. Outros R$ 20,8 milhões já foram anunciados pelo governo gaúcho para a Operação Inverno Gaúcho, que serão investidos em unidades básicas de saúde e de Pronto Atendimento (UPAs). Além disso, R$ 17,9 milhões oriundos do Ministério da Saúde serão destinados a 211 leitos de UTI pediátrica e com suporte ventilatório pulmonar.
Esses valores vão contribuir para minimizar o problema atual do sistema de saúde, mas, sem investimentos a longo prazo, veremos a situação se repetir a cada novo episódio de circulação de vírus de doenças respiratórias, em períodos chuvosos ou de temperaturas mais baixas. Assim como em outros anos, os casos de doenças respiratórias só tendem a aumentar no próximo mês com a chegada do inverno.
É preciso ir além das ações emergenciais e estruturar a rede hospitalar do Rio Grande do Sul com a construção de novos hospitais e unidades básicas de saúde, mais leitos e contratação de profissionais para que a população não fique desassistida. Investir em saúde é primordial para garantir o bem-estar do povo gaúcho, com reflexos na produtividade e no desenvolvimento do Estado.