O acordo temporário fechado entre Estados Unidos e China sobre as tarifas de importações é uma trégua na guerra comercial deflagrada por Donald Trump, e um alívio para o clima de insegurança que vinha dominando a economia global. Desde o anúncio do "tarifaço", no dia 2 de abril, alguns dos países atingidos procuraram se proteger e responderam com o aumento da taxação a produtos norte-americanos. Essa "troca de golpes" reacendeu o temor de uma recessão mundial.
A bandeira branca entre norte-americanos e chineses deve durar 90 dias, conforme o acordo firmado entre os dois governos no final de semana passado. Depois de anunciar tarifas de 145% sobre as importações chinesas, os EUA recuaram para 30%.
A contrapartida de Pequim foi taxar em 10% os produtos norte-americanos, ao invés dos 125% informados anteriormente. Outro país com quem o governo Donald Trump tenta apaziguar os ânimos é o Reino Unido, e um acordo também começou a ser alinhavado.
Esses acenos de paz, mesmo que temporários, devem trazer a calma novamente aos mercados financeiros. Outro reflexo é a retomada de investimentos que foram interrompidos por conta do ambiente de incerteza, injetando recursos na economia e estimulando a geração de empregos.
Para o Brasil, não se pode negar que há motivos de preocupação com a volta do diálogo entre EUA e China. O agronegócio brasileiro, por exemplo, vinha crescendo nas exportações, absorvendo a demanda afetada pelas disputas de taxas. Em abril, as vendas de produtos brasileiros ao exterior bateram recorde e somaram US$ 30,41 bilhões. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), a alta de 0,3% na comparação com o mesmo mês de 2024.
Porém, é preciso reconhecer que o acordo e a busca de diálogo entre Estados Unidos e outros países terão impactos benéficos para a economia brasileira. A pausa na guerra comercial deve reduzir as pressões sobre o câmbio e a inflação, distante ainda do teto da meta do Banco Central (BC), que é de 3%. O País pode ganhar mais destaque no mercado de commodities, conquistando novos compradores.
Em tempos de "armistício" comercial entre as grandes potências, o governo brasileiro deve estar atento às oportunidades que surgem e ser estratégico na tomada de decisões. Caberá ao Brasil manter-se atrativo no comércio internacional, fazendo mão de acordos bilaterais e atraindo mais parceiros.