O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), publicado na semana passada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), mostra a persistência da desigualdade ao redor do mundo. Contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB), que mede o crescimento econômico, o IDH avalia o desenvolvimento humano a partir de dados da saúde, educação e renda de 193 países e territórios, e utiliza uma escala de 0 a 1. Quanto mais perto de 1, mais desenvolvido é um país.
Embora o índice global de 2023 tenha ficado em 0,756, considerado alto, o desenvolvimento vem ocorrendo em um ritmo mais lento e requer atenção. A disparidade entre os países mais ricos e mais pobres persistiu pelo quarto ano. As dez primeiras posições do IDH são lideradas por países europeus e as dez últimas por nações africanas e uma do Oriente Médio. A Islândia tem o maior IDH, de 0,972, enquanto o Sudão do Sul o mais baixo, com 0,388.
Essa desigualdade é empecilho para que sejam alcançadas as metas estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O plano global criado pela ONU traz ações de erradicação da pobreza extrema, entre outros pontos essenciais ao bem-estar. Países menos desenvolvidos convivem com crises sociais, e os conflitos internos muitas vezes impulsionam movimentos migratórios, pressionando outras nações.
Quando olhamos o IDH do Brasil, há uma melhora, porém, a intensidade não é a mesma dos nossos vizinhos. O Brasil subiu cinco posições e saiu da 89ª para a 84ª, indo de 0,760 para 0,786, considerado alto. Já os vizinhos Chile, Argentina e Uruguai fazem parte do primeiro pelotão no IDH, ficando entre os 50 primeiros colocados. Os chilenos têm um IDH de 0,855, ocupando o 45º lugar, ao passo que o índice dos argentinos é de 0,849, no 47º lugar, e os uruguaios 0,809, na posição 48ª na lista.
Os programas implementados pelos diferentes governos brasileiros ao longo dos anos têm se mostrado insuficientes para que o País avance no ranking. Não se pode negar as melhoras em indicadores de saúde e no acesso à educação dos últimos anos, mas ainda enfrentamos um ensino de baixa qualidade (atestada pelo resultado do Índice de Alfabetismo Funcional, igualmente divulgado na semana passada), desigualdade social e instabilidade econômica, entraves para que o País progrida. Melhorar o IDH requer políticas eficazes de longo prazo e que não estejam baseadas apenas no assistencialismo.