Os primeiros 100 dias do retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos foram marcados por uma defesa árdua do protecionismo na economia global. O lema "America First" (América/EUA primeiro) pauta as medidas anunciadas pelo presidente norte-americano nesta etapa inicial do segundo mandato. Em terras brasileiras, os reflexos das ações de Trump podem ser ora benéficos, ora prejudicias, a depender de por qual prisma se olha.
O chamado tarifaço - taxação de produtos importados - gerou troca de farpas e contrapartidas entre os países afetados, repercutiu nas bolsas de valores e respinga na imagem do republicano, que vê a aprovação cair entre seus conterrâneos. A guerra comercial já traz alguns rompimentos para o trumpista, com apoiadores criticando publicamente os anúncios de tarifas. O clima pesou na relação de Trump e de bilionários como Jeff Bezos, da Amazon, e até Elon Musk, que integra a sua equipe de governo.
Uma das frentes de combate dos Estados Unidos tem a China do lado oposto. Diante da taxação da Casa Branca a produtos como smartphones, computadores, baterias, commodities e partes de veículos fabricados pelos chineses, Pequim contra-atacou taxando as importações de soja, semicondutores, vacinas, petróleo e outros itens comprados dos norte-americanos.
Enquanto isso, as exportações do agronegócio brasileiro vem conquistando espaço. Em março, as exportações do agronegócio nacional cresceram 12,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. Só em soja, o Brasil exportou 14,68 milhões de toneladas da oleaginosa, o maior resultado para um mês de março e alta de 16,51 % na comparação com 2024.
Quando o alvo é o Brasil, a taxação de Trump sobre o aço e alumínio nacional deve trazer uma queda nas exportações. Os EUA é o principal comprador do aço brasileiro, e uma retração nas compras pode reduzir a produtividade no País, com reflexos ao longo da cadeia produtiva.
A guerra comercial deflagrada por Trump causa insegurança no ambiente econômico e pode pausar investimentos previstos por grandes empresas e governos. Para que o Brasil tenha vantagens em meio a essa turbulência, um dos caminhos é se firmar nos mercados onde os Estados Unidos fecharam as portas. Fortalecer parcerias, como é o caso do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), pode ser a saída para que os dois blocos econômicos minimizem as perdas.