Os efeitos em cascata das incertezas com os efeitos do tarifaço norte-americano no mundo continuam. E, provavelmente, irão se manter, até que o comércio internacional se acomode à nova realidade. Uma situação que atinge diretamente ao menos 185 países, mas cujos efeitos também são sentidos internamente nos Estados Unidos.
No início desta semana, a repercussão das tarifas causou turbulência geral em bolsas de valores nos cinco continentes. Apenas as norte-americanas, perderam US$ 6,2 trilhões desde que o presidente Donald Trump impôs tarifas recíprocas que variam de 10% a 60% sobre importações - o Brasil foi taxado em 10%.
Alguns países estão buscando negociar com os EUA para reduzir as taxas. A posição da China, contudo, é um dos motivos que têm levado os mercados financeiros ao limite, com perdas não vistas nos últimos anos. Ou seja, o gigante asiático, não seguiu a recomendação de não retaliação e aplicou uma tarifa de 34% sobre produtos dos EUA. De quebra, colocou empresas norte-americanas na lista de entidades consideradas não confiáveis, recrudescendo os temores quanto a uma recessão mundial.
Com isso, o contragolpe norte-americano foi impor, a partir de hoje, tarifas de 104% sobre todas as importações chinesas.
A principal avaliação ao redor do globo, porém, é que os EUA é que podem ser os mais prejudicados.
Diante de uma guerra tarifária sem precedentes, ainda não é possível saber quanto do aumento do preço dos produtos será repassado aos consumidores dos EUA. O certo é que esse repasse pode falir fornecedores.
Varejistas de roupas e calçados norte-americanos, altamente dependentes de China, Vietnã e Camboja, por exemplo, suspenderam pedidos e congelaram contratações. O grande dilema é se compensam as tarifas aumentando os preços em torno de 40% ou absorvem o impacto nos custos.
Só nesse ponto, a ideia de Trump de gerar mais empregos, levando fábricas de volta para os EUA ou migrando a produção de forma imediata para plantas aptas a absorver a demanda, é capaz de gerar uma enorme retração no mercado interno.
Um aspecto interessante, igualmente, é que o sentimento do consumidor sobre a economia está despencando. Até hoje, o que se viu no mundo moderno, desde quando a globalização tornou-se realidade, é que se a maior economia do mundo vai mal, o desempenho de outras segue o mesmo ritmo. E, até agora, o panorama mostra que o dano já é significativo o suficiente para ser uma ameaça.