As enchentes de maio do ano passado devastaram boa parte do Rio Grande do Sul, atingindo ao menos 471 municípios, que compreendem 95% das cidades do Estado. Desta forma, já era esperado que o impacto na economia do RS fosse significativo, na medida em que ocorreram grandes perdas na produção agrícola e pastoril, base da economia gaúcha, além prejuízos de grande monta nos setores da indústria, do comércio e dos serviços. Assim, o anúncio de que o Produto Interno Bruto (PIB) estadual recuou 0,3% no terceiro trimestre de 2024 em relação ao segundo trimestre do mesmo ano não é nenhuma surpresa.
Apesar de parecerem indicadores negativos, os números apresentados mostram o quão robusta é a economia do RS. No acumulado de 2024, de janeiro a setembro, o PIB gaúcho cresceu 5,2%, índice superior aos 3,3% do PIB brasileiro no mesmo período.
Atividade econômica que mais depende das condições climáticas, a agropecuária foi o setor que teve a maior queda, com recuo de 30,6%. Importante, frisar, porém, que, naturalmente, os indicadores do agro tendem a cair no terceiro trimestre. A indústria, por sua vez, resistiu ao impacto das enchentes e cresceu 1,1%, enquanto os serviços registraram avanço de 2,3%.
Uma das explicações dadas pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) para as perdas terem sido menores do que as que se esperaria diz respeito aos repasses governamentais e a retomada dos investimentos por parte de empresas que foram afetadas, se refizeram e apostaram no desenvolvimento também foi fundamental.
A recuperação das atividades econômicas em sua plenitude aponta para um cenário otimista para 2025 no Rio Grande do Sul. Para o comércio, a redução no desemprego - a taxa foi de 5,1% no terceiro trimestre de 2024, cerca de um ponto percentual abaixo do índice nacional - traz boas perspectivas em relação ao consumo.
Já para a indústria, a projeção é de um aumento de 3,2% neste ano em relação ao ano passado, enquanto, para o agro, a Farsul prevê um crescimento de 2,2%, com estimativa de alta de 12,4% na produção de grãos no Estado, segundo o IBGE.
Todo esse contexto, que reúne os números de um 2024 desafiador e histórico, com as estimativas de um 2025 otimista, mostram o retrato de uma economia resiliente, que superou o momento de maior dificuldade e mira um futuro de desenvolvimento.