Com a conta de luz cada vez mais cara devido à seca histórica pela qual passa o Brasil, afetando as hidrelétricas e a produção de energia, é inevitável que se coloque em pauta, novamente, uma das questões que mais dividem os brasileiros: a volta do horário de verão.
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O Brasil adotou o horário de verão, em que se adianta em 1h os relógios, em 1931. De 1985 a 2019 - quando foi descontinuado -, funcionou ininterruptamente. O principal objetivo da medida sempre foi a economia de energia durante o verão, ao aproveitar melhor a iluminação natural dos dias mais longos.
Na sexta-feira, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que, em outubro, irá vigorar a bandeira tarifária vermelha patamar 2, o que vai encarecer ainda mais a conta de luz. Em setembro, já estava sendo aplicada a bandeira vermelha patamar 1.
Em valores, a conta de luz terá uma cobrança adicional de R$ 7,87 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Um aumento em relação a setembro, cujo acréscimo foi de R$ 4,46 a cada 100 kWh.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) vem alertando há meses que o volume de água que chega ao reservatório das usinas hidrelétricas para gerar energia está abaixo da média histórica.
O cenário exige a adoção de medidas preventivas. Por isso, a decisão sobre a retomada do horário de verão - geralmente, amado por quem chega tarde em casa e odiado pelos que saem cedo - deve ser tomada nos próximos dias pelo governo federal. A adoção pode resultar em uma diminuição de até 2,9% da demanda máxima de energia e em uma economia próxima a R$ 400 milhões, entre outubro e fevereiro, para a operação do Sistema Interligado Nacional.
Entre as justificativas para a descontinuidade da medida em 2019 estavam a pouca efetividade na economia de energia - em torno de 0,5%, segundo a ONS -, o fato de as mudanças no padrão de consumo terem mudado e de o País apresentar boas condições de suprimento energético a partir dos reservatórios das usinas hidrelétricas.
A situação em 2024, evidentemente, é outra. A seca histórica nas regiões Norte e Nordeste e a estiagem no Sudeste e Centro-Oeste fez, inclusive, a ONS recomendar o uso de térmicas para compensar a falta de chuvas.
É preciso, contudo, ter em mente que as causas da crise hídrica não se resumem à irregularidade de chuvas. São resultado de um somatório de fatores como a má gestão dos recursos hídricos, a falta de infraestrutura e de educação para um consumo racional de água e o controle de problemas ambientais, especialmente o desmatamento.