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Publicada em 10 de Junho de 2024 às 17:39

A saúde mental e os atingidos pela tragédia climática

Editorial

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ARTE/JC
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O clima deu uma trégua em relação às chuvas, o que deve se estender até o fim desta semana. Há receio, no entanto, que a eventual chegada de uma nova frente fria provoque chuvas volumosas, afetando o comportamento dos rios que cortam o Rio Grande do Sul, incluindo os que formam a bacia hidrográfica do Guaíba.
O clima deu uma trégua em relação às chuvas, o que deve se estender até o fim desta semana. Há receio, no entanto, que a eventual chegada de uma nova frente fria provoque chuvas volumosas, afetando o comportamento dos rios que cortam o Rio Grande do Sul, incluindo os que formam a bacia hidrográfica do Guaíba.
Com a previsão de volte a chover forte (entre 150 milímetros e 200 milímetros ao longo de dois dias), os gaúchos que viram suas casas serem levadas, o nível das águas chegando ao topo de residências ou ainda sofrem o luto pela perda de algum parente ou amigo, voltam a reviver o medo e a angústia, mesmo que o volume de chuva previsto não tenha força para uma nova enchente.
A Defesa Civil emitiu alerta para as regiões dos Vales, Serra, Litoral Norte e da Região Metropolitana de Porto Alegre. Situação, também, que deve dificultar a limpeza de muitas cidades atingidas pela maior tragédia climática da história do RS.
Porto Alegre, por exemplo, de 6 de maio a 8 de junho já havia retirado 46.418 toneladas de resíduos das ruas. São dezenas de montes de entulho que ainda tomam conta de pontos em bairros como Menino Deus, Humaitá e São Geraldo, entre outros.
Meteorologistas dizem que com rios e lagos já nos níveis normais, a chuva que cairá no fim da semana não terá potencial de extravasá-los. A exceção são cidades banhadas pela Lagoa dos Patos, ainda acima da cota de inundação - como Rio Grande e Pelotas. Isso porque o grande volume de água que escoa do Guaíba passa pela laguna antes de desaguar no Oceano Atlântico.
Assim como não será da noite para o dia que o Estado vai recuperar sua infraestrutura - o processo demorará anos - e que setores econômicos como agricultura, indústria e comércio conseguirão retomar suas atividades a pleno, os atingidos diretamente pela enxurrada precisarão de anos de suas vidas para reconstruir o que foi levado.
E quanto à saúde mental das pessoas? Toda a população gaúcha, em maior ou menor escala, foi afetada pela tragédia. São problemas psicológicos, consequências não visíveis, mas nem por isso menos traumáticas, diante de todo o drama vivido no RS. Após o entorpecimento dos primeiros dias da tragédia, surgem a tristeza, a angústia, a raiva, o choro e, talvez o sentimento mais forte: a preocupação com o futuro.
Agora, com qualquer evento de chuva mais volumosa, a dor pela qual passaram essas pessoas já tão traumatizadas, fica latente.
 

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