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Publicada em 09 de Junho de 2024 às 19:27

A importação de arroz e a fragilizada economia do RS

Editorial

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O Rio Grande do Sul produz 70% do arroz consumido em território nacional. Com as enchentes, houve um temor pelo desabastecimento do produto e pelo consequente aumento no preço, pressionando a inflação, o que levou o governo federal a se decidir pela importação do cereal.
O Rio Grande do Sul produz 70% do arroz consumido em território nacional. Com as enchentes, houve um temor pelo desabastecimento do produto e pelo consequente aumento no preço, pressionando a inflação, o que levou o governo federal a se decidir pela importação do cereal.
O Ministério da Agricultura e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) alegam que a importação tem o objetivo de frear o aumento dos preços do cereal no Brasil após as perdas registradas nas lavouras gaúchas. Entidades do agronegócio, por outro lado, não veem risco de desabastecimento e garantem que a produção é suficiente para atender ao mercado nacional, que consome 11 milhões de toneladas ao ano.
Nas inundações de maio, a safra de arroz já estava 84% colhida, restando 142 mil hectares nas lavouras. Destes, 22 mil hectares foram perdidos e 18 mil ficaram parcialmente submersos. Entre os grãos estocados nos silos, houve comprometimento de 43 mil toneladas.
A safra 2023/2024 de arroz do RS deve ficar em torno de 7.149.691 toneladas, mesmo com as perdas pelas inundações. O número é bem próximo da safra anterior, de 7.239.000 toneladas, segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Em nível nacional, a produção para 2024 é estimada em 10,4 milhões de toneladas.
Já no que toca à inflação, entre os 13 itens da cesta básica pesquisados pelo Dieese, dez tiveram alta nos preços médios em Porto Alegre em maio. O primeiro foi a batata (27,06%), o segundo o arroz (13,24%). Elevação que não se justifica pelas perdas nas lavouras, segundo as entidades, já que se havia mercados praticando preços abusivos, o aumento não partiu dos produtores.
Por esses e outros motivos, a importação acabou sendo objeto de ações judiciais por parte de deputados e da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). O leilão até chegou a ser suspenso, mas acabou ocorrendo na quinta-feira e terminou com a compra de 263 mil toneladas, por R$ 1,316 bilhão. .
É preciso, porém, pensar mais além, na economia do RS, já tão fragilizada com as inundações históricas. Até o fim de 2024, a estimativa de perdas em diferentes atividades econômicas é de R$ 40 bilhões. Uma situação que tem efeito cascata, com o governo estadual podendo perder até R$ 442 milhões de arrecadação do ICMS, segundo cenários traçados pela Federação da Agricultura do RS (Farsul).
Por isso, a importação da última semana ainda promete ter vários capítulos na Justiça, uma vez que a realização do leilão, por si só, não impede que a compra do arroz ainda seja questionada.

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