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Publicada em 07 de Maio de 2024 às 19:55

A crise do clima e a segurança alimentar

Editorial

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O Rio Grande do Sul está sendo assolado pela maior tragédia climática de sua história. Os eventos que atingiram o Estado na semana passada, trazendo um volume de chuva de três meses em apenas alguns dias, não podem ser vistos como fatos isolados dentro do desregulamento climático pelo qual o mundo passa. Por isso, há questões, como a garantia da alimentação que, após o cenário de guerra instalado por aqui, devem voltar a ser debatidas.
O Rio Grande do Sul está sendo assolado pela maior tragédia climática de sua história. Os eventos que atingiram o Estado na semana passada, trazendo um volume de chuva de três meses em apenas alguns dias, não podem ser vistos como fatos isolados dentro do desregulamento climático pelo qual o mundo passa. Por isso, há questões, como a garantia da alimentação que, após o cenário de guerra instalado por aqui, devem voltar a ser debatidas.
Eventos climáticos extremos têm impactado a produção de alimentos no Brasil e no mundo. Hoje, enquanto algumas regiões do País sofrem com a seca, outras enfrentam o excesso de chuvas. Passado um determinado período, a situação se inverte.
O cenário já levou a situações de desregulação da economia, tanto de forma local, quanto global. Geralmente, se faz a associação, muito rapidamente, entre risco de inflação e de instabilidade econômica, geopolítica, associado à energia. Mas é preciso levar em conta que esse risco, talvez, seja até maior em relação à segurança alimentar.
A economia do RS é fortemente dependente de setores do agronegócio. Hoje, o Estado é o principal produtor de arroz do Brasil e o segundo maior de soja. Além disso, nacionalmente, é responsável por 11% da produção de carne de frango e por quase 20% da de suínos.
Quando as chuvas tiveram início na semana passada, ainda restavam entre 40% e 50% das lavouras de arroz a serem colhidas na Metade Sul. Na soja, cerca de 5 milhões de toneladas de grãos ainda estavam nos pés. E mesmo que sejam colhidos, se ainda houver alguma condição, há o entrave da logística.
No que toca à área de proteína animal, com a paralisação ou dificuldade de operação de dezenas de unidades produtoras, a Associação Brasileira da área já alertou que os gaúchos devem enfrentar desabastecimento até a retomada do sistema de produção, o que pode levar mais de 30 dias.
Dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) indicam que os prejuízos na agricultura já chegam a R$ 423,8 milhões. Na pecuária, são R$ 83 milhões, e, na indústria, R$ 57,3 milhões.
Considerando toda a economia gaúcha, as perdas estão estimadas em R$ 967,2 milhões, somente entre os 25 municípios que conseguiram cadastrar informações no sistema do Ministério da Integração. Isso porque muitos dos 390 municípios - dos 497 do RS - com prejuízos ainda estão inacessíveis ou totalmente alagados. A título de exemplo, o ciclone que atingiu o RS em 2023 causou mais de R$ 3 bilhões em prejuízos financeiros.
Muitos perderam suas vidas, outros tantos suas casas. Obviamente, o foco agora são as pessoas, mas o País não pode deixar o debate sobre a segurança alimentar de lado.
 

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