Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 29 de Abril de 2024 às 01:25

O Rio Grande do Sul e o mapa da fome do IBGE

Editorial

Editorial

/ARTE/JC
Compartilhe:
JC
JC
Os dados da Pnad Contínua, do IBGE, referentes ao último trimestre de 2023, mostram que a insegurança alimentar ainda é uma realidade no Brasil, mas que afeta de forma desigual as regiões. Sul e Sudeste, mesmo que ainda apresentem um número considerável de famílias sem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer outras necessidades essenciais, estão melhor amparadas.
Os dados da Pnad Contínua, do IBGE, referentes ao último trimestre de 2023, mostram que a insegurança alimentar ainda é uma realidade no Brasil, mas que afeta de forma desigual as regiões. Sul e Sudeste, mesmo que ainda apresentem um número considerável de famílias sem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer outras necessidades essenciais, estão melhor amparadas.
As regiões possuem o maior número de domicílios em segurança alimentar, 83,4% e 77% de residências, respectivamente. Na outra ponta, estão Norte (60,3%) e Nordeste (61,2%). Os dados confirmam o que indicadores como Produto Interno Bruto (PIB) per capita e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) revelam ao longo dos anos: que o avanço econômico e social dos municípios segue extremamente desigual entre as metades Norte e Sul do Brasil.
Os estados da região Sul - 98,8% de cidades com desenvolvimento alto ou moderado - estão entre os que possuem menos de 20% da população em insegurança alimentar. No ranking nacional, aparecem Santa Catarina (88,8%), Paraná (82,1%) e Rio Grande do Sul, com 81,3%.
Em todo o Brasil, a proporção de residências com segurança alimentar é de 72,4%, ou 78,3 milhões de domicílios, envolvendo 151 milhões de pessoas. Assim, o País tem 21,6 milhões de domicílios que passam por privação de alimentos.
O número é estarrecedor, mas melhorou em relação ao último levantamento, em 2017/2018, quando 63,3% dos domicílios tinham acesso a uma alimentação de qualidade. No entanto, ainda não chegou ao nível de 2013, ano pré-crise econômica, que atingiu 77,4%.
A verdade é que muito da situação no País ainda pode ser explicada pela crise de 2014. Segundo o Índice Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) de Desenvolvimento Municipal, a recessão, consequência do período, fez com que o nível socioeconômico das cidades retrocedesse três anos. Soma-se a isso a lenta recuperação da atividade econômica e o elevado desemprego.
Deve ser reconhecido que programas sociais desenvolvidos pelo último e pelo atual governo federal ajudaram a colocar comida na mesa de milhares de pessoas e melhorar o indicador de insegurança alimentar. É necessário, porém, ir além da concessão de benefícios sociais para que as regiões Norte e Nordeste melhorem seus índices. Isso passa pela diversificação de atividades econômicas, pela industrialização, por melhor o acesso à educação, incluindo formação técnica, e pela gestão mais eficiente dos recursos.

Notícias relacionadas