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Editorial

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- Publicada em 11 de Fevereiro de 2024 às 18:00

El Niño, mudanças climáticas e o preço dos alimentos

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JC
Historicamente, Porto Alegre está entre as capitais com o custo da cesta básica mais elevado do Brasil. Em janeiro não foi diferente, porém, o mês teve um agravante: as condições climáticas desfavoráveis.
Historicamente, Porto Alegre está entre as capitais com o custo da cesta básica mais elevado do Brasil. Em janeiro não foi diferente, porém, o mês teve um agravante: as condições climáticas desfavoráveis.
A inflação dos alimentos costuma ser pressionada no verão por fatores como temperaturas altas e chuvas intensas. São eventos climáticos que dificultam o cultivo no campo e reduzem a oferta de mercadorias na cidade.
No início de 2024, sob impacto do El Niño, a situação se agravou, e não foi somente no Brasil. O fenômeno tem o poder de mexer com o clima em todo o mundo ao alterar os padrões dos regimes de chuva, o que se reflete na agricultura e, consequentemente, na produção de alimentos. Isso ocorre porque há excesso de chuva em alguns locais e escassez em outros. Enquanto no Brasil, regiões como o Sudeste atravessaram ondas de calor intenso nos últimos meses, o Sul amargou fortes tempestades.
A alta da cesta básica em Porto Alegre foi de 3,21% em janeiro de 2024 em relação a dezembro de 2023, ficando em R$ 791,16. Em comparação com janeiro de 2023, subiu 4,47%. A batata inglesa (30,43%), o arroz agulhinha (12,54%) e o feijão preto (11,92%) foram os grandes vilões.
No Brasil - alta de 0,42% da inflação em janeiro -, as famílias pagaram mais pela cenoura (43,85%), batata inglesa (29,45%), feijão-carioca (9,70%), arroz (6,39%) e frutas (5,07%). Apesar de ser considerado um movimento sazonal, a alta dos alimentos em janeiro foi a maior desde abril de 2022, quando os preços subiram 2,06%. Considerando apenas os meses de janeiro, o aumento foi o mais acentuado desde 2016 (2,28%).
Em nível internacional, o preço do arroz, por exemplo, que no Brasil subiu 6,39% em janeiro, foi agravado por problemas na Índia - maior produtor mundial. A nação asiática enfrentou questões climáticas que atingiram a produção, levando à paralisação das exportações no segundo semestre de 2023. A situação levou ao aumento do preço no mundo.
Somam-se ao El Niño os impactos acumulados pelo aquecimento global. Janeiro de 2024 foi o oitavo mês seguido de recorde de temperaturas, com a média global mais alta já registrada para o primeiro mês do ano, fechando em 13,14°C.
As altas temperaturas, as chuvas e as secas prejudicam o desenvolvimento das lavouras, levando a quebras de safras. No País, a onda de calor ameaça a produtividade da soja, que pode cair até 10%, e a do milho (15%). O resultado disso pode acabar se traduzindo em uma maior insegurança alimentar para o mundo.