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Editorial

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- Publicada em 25 de Setembro de 2023 às 20:38

O muro da Mauá e o papel de proteção contra cheias

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JC
O fechamento das comportas do Cais Mauá para evitar que as águas do Guaíba inundem o Centro Histórico, em Porto Alegre, suscita um assunto que de tempos em tempos domina o noticiário: a retirada de parte do muro.
O fechamento das comportas do Cais Mauá para evitar que as águas do Guaíba inundem o Centro Histórico, em Porto Alegre, suscita um assunto que de tempos em tempos domina o noticiário: a retirada de parte do muro.
A derrubada é um desejo antigo da cidade como parte de um projeto de revitalização do Cais, mas encontra resistência por motivo de segurança. Erguido na década de 1970, o muro integra o Sistema de Proteção contra Cheias - projeto pensado após a enchente de 1941, que inundou o Centro da Capital. A estrutura tem 6 metros de altura, metade abaixo do solo.
No último dia 19, o governo do Rio Grande do Sul publicou o edital de concessão do Cais para a iniciativa privada. O leilão ocorrerá no dia 21 de dezembro. O trecho concedido será da Usina do Gasômetro até a Estação Rodoviária de Porto Alegre, uma extensão de três quilômetros e uma área de 181,2 mil metros quadrados.
A decisão da prefeitura de fechar as comportas havia ocorrido pela última vez em 2015. As estruturas só são fechadas quando a régua de medição se aproxima dos 3 metros. Faltando 25 centímetros, a medida foi tomada por conta dos alertas em relação ao volume excessivo de chuva para os próximos dias e ao represamento da água.
O muro da Mauá cumpre uma função e só poderá ser retirado caso o concessionário que vencer a licitação apresente alguma outra maneira de conter as águas de uma possível cheia. Assim, o edital prevê a retirada parcial da estrutura e a implementação de um projeto para contenção de águas com a instalação de barreiras fixas e removíveis que protejam também o Cais, já que hoje essa área alaga.
A ideia do projeto, fomentada há anos por sucessivos governos estaduais, é promover o desenvolvimento sustentável e o resgate da relação histórica da população com o Guaíba. O conceito não é novo. É algo que outras cidades ao redor do mundo já vêm implementando, inclusive considerando as mudanças climáticas em curso.
Em Boston, nos EUA, por exemplo, foi construída uma espécie de arquibancada no entorno dos eixos de inundação mais vulneráveis, cuja função, além de barrar as águas, é permitir que a população desfrute de um local de contemplação. É um projeto de renovação urbana que ainda está em curso e busca preparar a cidade para o futuro.
Um local nobre e tão simbólico quanto o Cais Mauá, que representa tanto para a cultura e história do Rio Grande do Sul, faz jus a um projeto arquitetônico que integre a cidade ao Guaíba com segurança. Assim como a população de Boston, os porto-alegrenses merecem essa revitalização.