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Editorial

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- Publicada em 08 de Maio de 2023 às 19:44

Os empregos no setor calçadista e a desoneração da folha

O setor calçadista vem perdendo espaço no Rio Grande do Sul desde o início dos anos 1990. A questão passou, e ainda passa, pela perda de competitividade do calçado brasileiro tanto no mercado interno, quanto no externo, com os chineses sendo o principal competidor. Outra questão foi a transferência de empresas do Vale do Sinos para o Nordeste, estado no qual os incentivos fiscais às exportações e o custo da mão de obra são menores.
O setor calçadista vem perdendo espaço no Rio Grande do Sul desde o início dos anos 1990. A questão passou, e ainda passa, pela perda de competitividade do calçado brasileiro tanto no mercado interno, quanto no externo, com os chineses sendo o principal competidor. Outra questão foi a transferência de empresas do Vale do Sinos para o Nordeste, estado no qual os incentivos fiscais às exportações e o custo da mão de obra são menores.
No momento atual, o problema do setor calçadista está ligado à possível reoneração da folha de pagamento. Prevista para expirar em dezembro de 2023, a medida estava em vigor desde 2011 para 17 setores da economia. A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) realizou um estudo que aponta para queda de mais de 20% na produção, com chance de fechamento de mais de 10 mil postos de trabalho no Rio Grande do Sul - segundo maior produtor em quantidade de pares - caso ocorra a reoneração. Em todo o Brasil, seriam 30 mil.
O Projeto de Lei 334/2023, do senador Efraim Filho (União-PB), propõe a continuidade da isenção até 2027. O texto será tema de audiência pública no dia 23 de maio, para depois ser votado no Senado. 
Em 2022, o aumento de 3% na produção do setor - mais de 840 milhões de pares - foi puxado, principalmente, pelas exportações, que representaram quase 17% das vendas, ante 15% em 2021. Uma fatia desse mercado ficou com países da América Latina, que responderam por 45% dos valores embarcados, sendo a Argentina o que mais importou. No entanto, o principal destino do calçado brasileiro no exterior é os Estados Unidos.
Já em 2023, a projeção da Abicalçados é que o crescimento ocorra via mercado interno, com mais de 85% das vendas - entre 754 e 757 milhões de pares -, portanto, uma alta entre 3% e 3,4% ante 2022. Essa inversão se dá pela desaceleração internacional provocada pela guerra na Ucrânia e pelo retorno da China ao mercado após o país asiático reduzir as exportações na pandemia para suprir-se internamente.
Um possível crescimento em 2023 ainda coloca o mercado interno cerca de 7% abaixo do nível prévio à pandemia e, caso nenhuma medida seja tomada em relação à desoneração, pode não chegar tão cedo ao percentual de 2019. Responsável por 300 mil postos de trabalho diretos no Brasil, o setor calçadista é um dos maiores empregadores da indústria de transformação, cenário que pode mudar até o fim do ano, já que a oneração adicional representaria um montante de R$ 550 milhões e uma redução produtiva estimada em mais de 180 milhões de pares de calçados anuais.