O dólar encerrou a sessão de sexta-feira cotado a R$ 5,3803 (-0,02%), apesar do sinal predominante de alta da moeda norte-americana no exterior, em meio a ajustes das apostas em torno do afrouxamento monetário nos Estados Unidos após falas cautelosas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Operadores ressaltaram que a formação da taxa de câmbio na sexta esteve ligada em grande parte a fatores técnicos, como a disputa pela formação da taxa ptax de outubro, na primeira etapa de negócios, e a rolagem de posições no segmento futuro. Eventual fluxo para ativos locais, em especial para o Ibovespa, pode ter dado fôlego ao real. Apesar da queda de 0,23% na semana, o dólar terminou outubro com ganhos de 1,08%, após recuo de 1,83% em setembro. No ano, a moeda acumula perdas de 12,94% em relação ao real, que apresenta o melhor desempenho entre as divisas latino-americanas em 2025.
Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY subiu cerca de 0,25%, ao redor dos 99,780 pontos. O Dollar Index avançou 0,85% na semana e 2% no mês. No ano, apresenta ainda queda ao redor de 8%.
O economista sênior do Inter, André Valério, lembra que o real se fortaleceu no início da semana, com um cenário externo favorável para ativos de risco, com menor tensão comercial, e teve desempenho superior a de pares emergentes. Na segunda-feira, o BC realizou operação casada, com venda de US$ 1 bilhão em leilão à vista e colocação de US$ 1 bilhão de swaps cambiais reversos, ampliando a liquidez e amenizando as pressões sobre o cupom cambial (juro em dólar). "O real devolveu os ganhos com a decisão do Fed na quarta-feira, que sinalizou um tom hawkish mesmo com o corte amplamente esperado de 25 pontos-base", afirma Valério. "De toda maneira, o carry favorável no Brasil ajudou a conter a depreciação do real ao longo da segunda metade da semana".
É dado como certo que o Banco Central vai anunciar nesta semana manutenção da taxa Selic em 15%, em um comunicado desautorizando apostas em redução dos juros ainda neste ano.
O Ibovespa não apenas sustentou a oitava alta seguida, como renovou recorde histórico intradia e de fechamento aos 149 mil pontos, acumulando avanço superior a 2% no mês de outubro. Há relatos de fluxo estrangeiro, com maior apetite ao risco global após acordo entre Estados Unidos e China, expectativa de corte de juros no Brasil - renovada nesta sexta após a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, mostrar queda na taxa de ocupação -, e, como cereja do bolo, um balanço melhor do que o esperado da Vale, ação com maior peso do índice.
Aos 149.540,43 pontos ( 0,51%), o recorde de fechamento é o quinto consecutivo. O giro financeiro somou R$ 23,57 bilhões. Na semana, o Ibovespa avançou 2,30%, com ganhos de 2,26% em outubro e de 24,32% no ano.
Os sucessivos recordes do Ibovespa ocorrem por conta da entrada de fluxo estrangeiro para a Bolsa brasileira, segundo o gestor de renda variável da Western Asset, César Mikail. Houve uma reversão de tendência, com maior apetite a risco global, por dois fatores: "O mais relevante no curto prazo foi o acordo de Trump com Xi Jinping, que deu alento aos mercados no mundo todo. O segundo ponto é que os resultados das empresas lá fora estão vindo fortes, mostrando a economia americana resiliente", diz.
Ainda que os investidores estrangeiros tenham retirado R$ 1,3 bilhão da Bolsa brasileira em outubro até a última quarta-feira, o saldo dos últimos cinco pregões é de entrada de recursos. No ano, o fluxo de capital externo está positivo em R$ 25 bilhões.
Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 cedeu de 13,926% no ajuste de quinta-feira, 30, para 13,845%. O DI para janeiro de 2029 recuou de 13,205% no ajuste de ontem a 13,075%. O DI para janeiro de 2031 marcou 13,36%, vindo de 13,48% no ajuste antecedente.