O dólar apresentou alta firme em relação ao real nesta quinta-feira (30), em sintonia com o comportamento da moeda americana no exterior. Investidores promoveram ajustes nas apostas em torno do tamanho do afrouxamento monetário nos Estados Unidos, após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmar na quarta-feira que um novo corte de juros em dezembro não está garantido.
A sinalização de uma postura mais cautelosa do Fed daqui para frente, após duas reduções seguidas da taxa básica americana em 25 pontos-base, dominou as atenções do mercado, que deixou em segundo plano o anúncio de um entendimento comercial entre Estados Unidos e China, em grande parte já esperado.
Com máxima de R$ 5,3955 e mínima de R$ 5,3700, o dólar à vista fechou em alta de 0,40%, a R$ 5,3812. Apesar disso, a divisa ainda perde 0,21% na semana. Em outubro, a moeda americana avança 1,09% em relação ao real, após recuo de 1,83% em setembro. Na sexta, ocorre a tradicional disputa pela formação da última taxa Ptax do mês, o que pode exacerbar a volatilidade.
Para o gestor de fundos multimercados da AZ Quest, Eduardo Aun, as declarações de Powell na quarta, revelando divisão entre integrantes do Fed sobre eventual corte em dezembro, levou a uma "reprecificação" do alívio monetário nos EUA, o que jogou a curva de juros americana e o dólar para cima.
"Acho essa reprecificação justa. O mercado já estava dando como certo um novo corte de 25 pontos em dezembro. Powell deixou claro que vai depender de como os dados vierem. Até lá, o shutdown vai ter terminado e o Fed terá mais indicadores para avaliar", afirma Aun, ressaltando que o dólar se fortaleceu no exterior nas últimas semanas, sobretudo em relação a moedas de países desenvolvidos. "A comunicação do Fed acelerou um pouco esse processo, que atinge também alguns emergentes."
Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes, o índice DXY subia cerca de 0,30% no fim da tarde, ao redor dos 99,500 pontos, após máxima aos 99,724 pontos. O Dollar Index sobe quase 0,60% na semana e avança 1,7% em outubro. Destaque para as perdas de mais de 0,90% do iene, na esteira da decisão do Banco do Japão (BoJ) de manter os juros em 0,5% ao ano e de declarações amenas do presidente da instituição, Kazuo Ueda, de que é preciso ainda analisar os dados antes de eventual elevação dos juros.
O Ibovespa perdeu o nível dos 149 mil pontos e reduziu alta após o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de setembro mostrar uma criação de vagas maior do que a esperada, gerando dúvidas sobre quando o Banco Central (BC) deve começar a diminuir os juros - gatilho importante para a renda variável. Contudo, o índice conseguiu driblar a queda vista nas Bolsas de Nova York e renovou, pelo quarto pregão consecutivo, recorde de fechamento, respaldado pelo acordo sino-americano e a temporada de balanços.
No sétimo avanço seguido, acumulando alta de 3,23%, o Ibovespa fechou aos 148.780,22 pontos (+0,10%) após oscilar dos 147 546,46 (-0,73%) aos 149.234,04 (+0,40%) pontos. O giro financeiro somou R$ 20,82 bilhões.
A mínima da Bolsa ocorreu perto da abertura, quando parte do mercado embolsava lucros na esteira de um ambiente mais cauteloso do exterior. Contudo, o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) com queda de 0,36% em outubro, mais intensa do que a mediana das estimativas, ajudou a fazer o mercado focar na expectativa de corte pela Selic.
Ainda pela manhã, o Ibovespa renovou recorde histórico intradia aos 149,2 mil pontos. "O bom humor do mercado foi impulsionado pela divulgação do IGP-M abaixo do esperado, o que fez com que os investidores começassem a tomar risco, porque acreditam que com a inflação menor, há probabilidade de que o Banco Central adiante os cortes de juros para o final de dezembro deste ano, ou para o começo de janeiro do que vem", afirma o analista de investimentos da Daycoval Corretora, Gabriel Mollo.
Contudo, à tarde o movimento perdeu força após o Caged mostrar criação de 213.002 postos. O maior gerador de vagas foi o setor de serviços, com um saldo de 106.606 postos formais de trabalho. A indústria registrou o segundo maior saldo, com 43.095 postos.
Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 avançou de 13,835% no ajuste anterior a 13,925%. O DI para janeiro de 2028 aumentou de 13,161% no ajuste a 13,240%. O DI para janeiro de 2029 subiu de 13,121% no ajuste de ontem a 13,195%. O DI para janeiro de 2031 marcou 13,480%, vindo de 13,419% no ajuste da véspera.
Folhapress