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Publicada em 28 de Outubro de 2025 às 11:23

Novo modelo de financiamento deve garantir mais 50 mil unidades habitacionais em 2026, diz Cbic

Câmara da Indústria da Construção prevê avanço no crédito habitacional em 2026

Câmara da Indústria da Construção prevê avanço no crédito habitacional em 2026

Marcelo Camargo/Agência Brasil/JC
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Agências
O presidente da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil), Renato Correia, projeta à reportagem um crescimento de 10% dos recursos destinados à construção da casa própria com o lançamento do novo modelo de financiamento habitacional pelo governo, o equivalente a R$ 37 bilhões de crédito injetado a mais no setor em 2026. Pelos cálculos da entidade, serão mais 50 mil novas unidades.
O presidente da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil), Renato Correia, projeta à reportagem um crescimento de 10% dos recursos destinados à construção da casa própria com o lançamento do novo modelo de financiamento habitacional pelo governo, o equivalente a R$ 37 bilhões de crédito injetado a mais no setor em 2026. Pelos cálculos da entidade, serão mais 50 mil novas unidades.
Para Correia, o novo modelo funcionará como um contraponto para evitar uma desaceleração do financiamento imobiliário no cenário atual de juros altos e manutenção da taxa Selic no patamar de 15% ao ano pelo Banco Central.
"Acaba sendo um contraciclo, porque o BC põe o juro para diminuir a velocidade do mercado e poder baixar a inflação, e o setor da construção continua trabalhando com muita força por conta dos instrumentos do FGTS, da caderneta de poupança e da demanda. É bom que seja assim, porque senão o cidadão ficaria sem habitação", diz.
A projeção de crescimento da Cbic está associada à liberação imediata no pacote de uma parcela de 5% dos recursos da poupança, hoje parada em depósitos compulsórios no Banco Central. "O modelo transforma a poupança em dinheiro para o mercado imobiliário poder financiar o imóvel da classe média."
Segundo ele, a liberação de 5% do compulsório funcionará com um teste de validação do novo modelo de crédito habitacional em 2026. No ano seguinte, a expectativa do setor é que o crédito habitacional esteja a pleno vapor.
"Durante 2026, vamos ver como é que os bancos se comportam, se a oferta de crédito vai acontecer mesmo. Se as empresas vão ter projeto para isso e se o cliente vai querer. Dando tudo certo, em 2027 o novo modelo é colocado a pleno vapor", prevê. Por enquanto, admitiu, há ainda a incerteza de como é que isso vai funcionar. O governo Lula estima um aumento maior, de 80 mil unidades habitacionais.
"O governo tem falado em 80 mil unidades. Mas a gente avalia que umas 50 mil unidades em 2026 é possível acrescentar. É muito difícil fazer projeção do crescimento do mercado, porque leva em conta a renda das pessoas", ressalta.
A liberação dos recursos será escalonada, mas com um impacto imediato dos 5% do compulsório. A partir de 2027, está prevista uma liberação anual adicional de 1,5 ponto percentual, até que a fatia total dos 20% compulsórios esteja disponível ao setor em dez anos.
O novo modelo de financiamento para a casa própria foi desenhado para enfrentar o esgotamento da caderneta de poupança como principal fonte de crédito imobiliário no país. "O saldo da poupança está com dificuldade de subir e isso vai implicar numa dificuldade de financiamento da classe média", diz o presidente da Cbic. "Ela não vai acabar, mas terá dificuldade de manter ou de subir os valores ali depositados."
Correia avalia o cenário atual como positivo para o setor, após um primeiro semestre de crescimento de 6,8% de lançamentos imobiliários, de 9,6% das vendas e de um decréscimo de 4,1% dos estoques. Pesquisa da Cbic, feita em 221 cidades, mostrou que 414.375 unidades foram lançadas e 423.241 unidades vendidas no período de um ano.
Na avaliação do dirigente, as políticas públicas têm surtido efeito para reduzir o déficit habitacional no país. Ele cita os dados divulgados neste ano pela Fundação João Pinheiro, que mostram que a quantidade de famílias sem imóvel próprio para morar frente ao total de moradias existentes no Brasil caiu para o menor patamar da história em 2023, enquanto o déficit habitacional absoluto diminuiu para 5,97 milhões.
Ele diz que a tendência é melhorar o indicador com o apoio dos estados e municípios para subsidiar a parcela de entrada, de 20%, no financiamento da casa própria por famílias de baixa renda. Segundo ele, os estados de São Paulo, Paraná, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e alguns municípios concedem subsídios complementares para ajudar na entrada do valor do imóvel.
A Cbic defende uma uniformização nas normas de códigos de obra e de planos diretores das cidades em todo o país. De acordo com a entidade, cada município tem suas próprias normas, o que dificulta o que chama de industrialização dos projetos para aumentar a produtividade nas construções das habitações.
"Cada município definindo qual que é o tamanho do quarto, qual que é o tamanho da sala, o pé direito, nós temos uma enormidade de opções que vão em desencontro com a industrialização. Se não aplicado a mesma planta, eu tenho dificuldade de escala para industrializar."

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