A cidade de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, tem se destacado na contratação de migrantes no Estado. De acordo com a Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico local, o município abrigava, no começo do segundo semestre do ano, cerca de 9 mil trabalhadores estrangeiros com carteira assinada, número que representa 17,6% do total registrado no Rio Grande do Sul.
Dos 5 municípios gaúchos que mais contrataram expatriados, a cidade serrana desponta. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), as cidades número estimado de trabalhadores, além de Caxias do Sul são: Porto Alegre (8.351), Erechim (3.307), Passo Fundo (3.052) e Marau (1.673).
A mão de obra estrangeira na cidade é composta, em sua maioria, por venezuelanos, com aproximadamente 6.366 profissionais formalizados. Na sequência estão haitianos (683), argentinos (440), cubanos (287) e uruguaios (138). Imigrantes de outras nacionalidades também integram o cenário laboral da cidade.
Segundo a Secretaria, esses números não incluem os microempreendedores individuais (MEIs), o que, segundo eles, indica que o contingente real de trabalhadores estrangeiros em atividade no município pode ser ainda mais expressivo.
Segundo Silvio Tieppo, secretário-adjunto do Turismo e Desenvolvimento Econômico de Caxias do Sul, esse aumento da mão de obra estrangeira na cidade acontece por diversos motivos. Ele explica que o município possui uma necessidade de empregabilidade considerável, e os migrantes se inserem nesse contexto de demanda em uma contingência de necessidade básica, aceitando trabalhos manuais e se submetendo a salários um pouco menores, especialmente no início de suas trajetórias.
“O trabalho é todo registrado, com carteira assinada, mas com um valor mais baixo, e eles se submetem pela necessidade. O brasileiro acaba procurando um trabalho com salários e cargos um pouco maiores”, explica Tieppo.
Segundo Silvio Tieppo, secretário-adjunto do Turismo e Desenvolvimento Econômico de Caxias do Sul, esse aumento da mão de obra estrangeira na cidade acontece por diversos motivos. Ele explica que o município possui uma necessidade de empregabilidade considerável, e os migrantes se inserem nesse contexto de demanda em uma contingência de necessidade básica, aceitando trabalhos manuais e se submetendo a salários um pouco menores, especialmente no início de suas trajetórias.
“O trabalho é todo registrado, com carteira assinada, mas com um valor mais baixo, e eles se submetem pela necessidade. O brasileiro acaba procurando um trabalho com salários e cargos um pouco maiores”, explica Tieppo.
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O secretário afirma que a concentração de migrantes em Caxias do Sul é notável em setores com alta demanda por mão de obra, sendo que os supermercados, as indústrias de processamento de alimentos e a indústria metalmecânica da região representam as áreas de maior empregabilidade. Ele conta que redes supermercadistas na cidade, sozinhas, necessitam de aproximadamente 800 profissionais.
Perante ao alto fluxo de migrantes chegando na cidade, Tieppo afirma que a população tem sido “muito receptiva”, pois, segundo ele, reconhece a importância do acolhimento em virtude da própria história local, marcada pela imigração italiana. O secretário ainda destaca que a presença dos estrangeiros é encarada como uma experiência positiva, uma vez que eles estão ativamente colaborando com o desenvolvimento econômico e a empregabilidade do município, suprindo uma necessidade grande de mão de obra em diversos setores.
“Certamente é uma relação bilateral. Eles colaboram com o desempenho da cidade, com o desenvolvimento econômico e a empregabilidade. Não é que a gente vai chamá-los, mas, quando chegam aqui, temos de acolhê-los. Eles estão girando o mercado, ajudando na indústria. Estão colaborando também com o desenvolvimento econômico”, destacou.
Para garantir que os migrantes tenham uma sobrevivência com dignidade e uma melhor qualidade de vida na cidade, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo afirma que oferece capacitações, auxiliando, inclusive, na evolução e aprendizado da língua portuguesa. Além disso, o município tem promovido a formalização de inúmeros trabalhadores, por meio de iniciativas como o Centro de Capacitação e Comércio (CCC), que permitiu a ex-ambulantes formalizarem-se como MEIs. O objetivo do projeto, segundo Tieppo, é gerar mais oportunidades e um melhor aproveitamento de sua capacidade de trabalho na cidade e os migrantes têm direito a esse benefício.
“É necessário que haja essa receptividade porque nós também um dia fomos imigrantes italianos, com necessidade de empregabilidade. Os migrantes precisam gerar o seu sustento para terem uma melhor qualidade de vida. Já que estão na cidade, a gente tem que fazer um bom acolhimento”, enfatizou.
O secretário afirma que a concentração de migrantes em Caxias do Sul é notável em setores com alta demanda por mão de obra, sendo que os supermercados, as indústrias de processamento de alimentos e a indústria metalmecânica da região representam as áreas de maior empregabilidade. Ele conta que redes supermercadistas na cidade, sozinhas, necessitam de aproximadamente 800 profissionais.
Perante ao alto fluxo de migrantes chegando na cidade, Tieppo afirma que a população tem sido “muito receptiva”, pois, segundo ele, reconhece a importância do acolhimento em virtude da própria história local, marcada pela imigração italiana. O secretário ainda destaca que a presença dos estrangeiros é encarada como uma experiência positiva, uma vez que eles estão ativamente colaborando com o desenvolvimento econômico e a empregabilidade do município, suprindo uma necessidade grande de mão de obra em diversos setores.
“Certamente é uma relação bilateral. Eles colaboram com o desempenho da cidade, com o desenvolvimento econômico e a empregabilidade. Não é que a gente vai chamá-los, mas, quando chegam aqui, temos de acolhê-los. Eles estão girando o mercado, ajudando na indústria. Estão colaborando também com o desenvolvimento econômico”, destacou.
Para garantir que os migrantes tenham uma sobrevivência com dignidade e uma melhor qualidade de vida na cidade, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo afirma que oferece capacitações, auxiliando, inclusive, na evolução e aprendizado da língua portuguesa. Além disso, o município tem promovido a formalização de inúmeros trabalhadores, por meio de iniciativas como o Centro de Capacitação e Comércio (CCC), que permitiu a ex-ambulantes formalizarem-se como MEIs. O objetivo do projeto, segundo Tieppo, é gerar mais oportunidades e um melhor aproveitamento de sua capacidade de trabalho na cidade e os migrantes têm direito a esse benefício.
“É necessário que haja essa receptividade porque nós também um dia fomos imigrantes italianos, com necessidade de empregabilidade. Os migrantes precisam gerar o seu sustento para terem uma melhor qualidade de vida. Já que estão na cidade, a gente tem que fazer um bom acolhimento”, enfatizou.
'Sociedade ainda vê o migrante como um estranho', afirma coordenador do Centro de Atendimento ao Migrante
Apesar do otimismo do poder público, há quem diga que a cidade ainda tem muito a evoluir na recepção desses migrantes. Quem afirma isso é Adriano Pistorelo, coordenador do Centro de Atendimento ao Migrante (Cam), órgão da sociedade civil mantido pela Congregação das Irmãs Scalabrinianas.
“A prefeitura até tem alguns cursos, mas não tem ações específicas e direcionadas para migrantes. Eles acabam tendo ações das políticas públicas de empregabilidade, cursos, formação para todo mundo, mas não têm um trabalho específico para o apoio a migrante refugiado, considerando as suas particularidades, as suas limitações e as suas vulnerabilidades”, explicou Pistorelo.
O coordenador conta que o Centro oferece apoio aos migrantes para a obtenção da regularização migratória e de documentos. Além disso, ajuda os migrantes a conhecerem o sistema da rede pública, para acessar serviços de saúde, fazendo o cartão SUS, e até a lidar com a barreira linguística.
Segundo Pistolero, o trabalho do órgão é essencial para dar visibilidade à pauta da migração e demonstrar que as políticas públicas precisam se conectar para atender a esta nova realidade brasileira.
“A importância do trabalho do Cam é trazer essa visibilidade e mostrar que as políticas públicas precisam ser feitas de forma conexa, voltadas para atender esse perfil que hoje é muito presente na realidade brasileira e da Serra Gaúcha", ponderou.
“A prefeitura até tem alguns cursos, mas não tem ações específicas e direcionadas para migrantes. Eles acabam tendo ações das políticas públicas de empregabilidade, cursos, formação para todo mundo, mas não têm um trabalho específico para o apoio a migrante refugiado, considerando as suas particularidades, as suas limitações e as suas vulnerabilidades”, explicou Pistorelo.
O coordenador conta que o Centro oferece apoio aos migrantes para a obtenção da regularização migratória e de documentos. Além disso, ajuda os migrantes a conhecerem o sistema da rede pública, para acessar serviços de saúde, fazendo o cartão SUS, e até a lidar com a barreira linguística.
Segundo Pistolero, o trabalho do órgão é essencial para dar visibilidade à pauta da migração e demonstrar que as políticas públicas precisam se conectar para atender a esta nova realidade brasileira.
“A importância do trabalho do Cam é trazer essa visibilidade e mostrar que as políticas públicas precisam ser feitas de forma conexa, voltadas para atender esse perfil que hoje é muito presente na realidade brasileira e da Serra Gaúcha", ponderou.
Para ele, mesmo que a população já esteja acostumada a conviver com estrangeiros, a dificuldade de integração social é um problema muito comum enfrentado por quem se muda para a cidade.
“Depende muito do tipo de migrante, depende muito da migração, mas geralmente o migrante não consegue se integrar. Isso é uma realidade não no Brasil, nem em Caxias, é uma realidade a nível mundial. A grande dificuldade hoje é que a sociedade ainda vê o migrante como um diferente, um estranho”, lamentou.
“Depende muito do tipo de migrante, depende muito da migração, mas geralmente o migrante não consegue se integrar. Isso é uma realidade não no Brasil, nem em Caxias, é uma realidade a nível mundial. A grande dificuldade hoje é que a sociedade ainda vê o migrante como um diferente, um estranho”, lamentou.
Isso, segundo ele, se reflete na maneira como o mercado de trabalho enxerga o trabalhador estrangeiro. Pistorelo aponta que os empregadores não conseguem ver além da condição migratória desses profissionais. Assim, muita mão de obra qualificada não é propriamente aproveitada, o que, segundo ele, é um impedimento direto para que os migrantes consigam ascender social e profissionalmente.
“A sociedade não consegue aproveitar essa mão de obra especializada porque foca na pessoa pela condição migratória e não se importa se esse cara no país de origem foi um engenheiro ou um médico. A sociedade precisa trabalhar nesse meio de trabalho, aproveitar essa mão de obra para além da condição migratória. Não é dizer que o cara que foi engenheiro na Venezuela vai ser engenheiro aqui. Tem todo um trâmite. Mas o conhecimento ninguém te tira. O setor empresarial deveria olhar para essas pessoas e tentar potencializar essa capacidade técnica”, enfatizou.
“A sociedade não consegue aproveitar essa mão de obra especializada porque foca na pessoa pela condição migratória e não se importa se esse cara no país de origem foi um engenheiro ou um médico. A sociedade precisa trabalhar nesse meio de trabalho, aproveitar essa mão de obra para além da condição migratória. Não é dizer que o cara que foi engenheiro na Venezuela vai ser engenheiro aqui. Tem todo um trâmite. Mas o conhecimento ninguém te tira. O setor empresarial deveria olhar para essas pessoas e tentar potencializar essa capacidade técnica”, enfatizou.