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Publicada em 14 de Outubro de 2025 às 12:01

Consumo de arroz muda em função do estilo de vida da população

Arroz, prato tradicional dos brasileiros, perde espaço para lanches rápidos

Arroz, prato tradicional dos brasileiros, perde espaço para lanches rápidos

FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC
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Cláudio Isaías
Cláudio Isaías Repórter
O arroz, junto com o feijão e a carne, forma o prato mais tradicional e preferido de boa parte dos brasileiros. No caso do arroz, o pico de consumo médio por pessoa ao ano foi na década entre 1991 e 2000, com 47 quilos, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que acompanha o consumo desses alimentos no País há mais de 60 anos.
O arroz, junto com o feijão e a carne, forma o prato mais tradicional e preferido de boa parte dos brasileiros. No caso do arroz, o pico de consumo médio por pessoa ao ano foi na década entre 1991 e 2000, com 47 quilos, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que acompanha o consumo desses alimentos no País há mais de 60 anos.
No ano passado, a situação começou a mudar e a quantidade apresentou queda e chegou a 34 quilos - o menor índice desde o início da série histórica. Alcido Wender, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, destaca que nas décadas de 1960 a 1970 existiam famílias mais numerosas e com mais filhos. "Havia o hábito de fazer a comida em casa. No entanto, os tempos mudaram. No ambiente urbano, a vida é mais corrida. Em toda a esquina das cidades há uma opção de comida mais rápida sendo oferecida e, neste caso, sem o arroz", acrescenta. 
O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Denis Dias Nunes, destaca que a entidade mostra preocupação com a realidade atual do setor em um contexto de excesso de produção e consequente preços baixos de remuneração aos produtores, o que inviabiliza a atividade em muitos casos. "A Índia entrou forte nas exportações de arroz. Temos outros fatores, como o dólar instável devido às políticas econômicas, instabilidade política nos Estados Unidos, juros ainda altos e estoques elevados", comenta.
Com relação a ações para enfrentar a crise no mercado de arroz, Nunes menciona orientações para redução da área plantada, de acordo com a realidade de cada produtor, já que os estoques de passagem serão grandes, além de intensificar e apoiar as estratégias de exportações. A Federação propõe ainda a fiscalização, por parte do governo federal, das importações de arroz que não atendam à legislação fitossanitária brasileira. Nunes diz que a Federarroz defende a realização de campanhas de incentivo ao consumo de arroz e orientações constantes aos produtores ligados à entidade.
O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Lindonor Peruzzo Júnior, afirma que o arroz registrou um pequeno crescimento de vendas em volume nos últimos três meses, na casa do 1,5%. "Este aumento de vendas deve-se a uma deflação forte e atípica sobre o produto, que registrou uma queda de preços de cerca de 24% no período", comenta o dirigente supermercadista.
Ontem, o primeiro levantamento do ciclo 2025/2026 da safra de grãos divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que o arroz no Rio Grande do Sul mantém a liderança, mesmo com queda na produção. O Estado continua como o maior produtor de arroz do País. No entanto, a queda no preço do grão no mercado deverá resultar em retração de 3,1% na área plantada e de 10,5% na produção, estimadas, respectivamente, em 938,1 mil hectares e 7,8 milhões de toneladas.
Apesar das baixas, a expectativa é positiva. Com reservatórios em níveis satisfatórios, além da previsão de alta radiação solar e dias quentes nos meses de janeiro e fevereiro, o desenvolvimento das lavouras deve ser favorecido durante as fases de floração e enchimento de grãos. Até o momento, 18% da área prevista já foi semeada.
A cesta básica de alimentos de setembro divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou que o preço médio do arroz agulhinha diminuiu em 25 das 27 cidades pesquisadas, com destaque para Natal (-6,45%), Brasília (-5,33%) e João Pessoa (-5,05%). A alta foi registrada em Vitória (1,29%). Em Palmas, o preço médio não variou. Apesar do bom desempenho das exportações, o recorde de produção da safra 2024/2025 manteve elevado o excedente interno, o que pressionou as cotações para baixo. O preço do arroz acumulou queda em todas as capitais, com variações entre -32,47%, em João Pessoa, e -17,77%, em São Paulo.

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