O 6º Fórum Internacional de Mudanças Climáticas chega em um momento decisivo para o debate sobre transição energética e descarbonização da economia. O encontro, promovido pelo Instituto Latino-Americano de Desenvolvimento Econômico Sustentável (Ilades), ocorre, no dia 2 de outubro, no teatro da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em Porto Alegre. O advogado e presidente do Ilades, Marcino Fernandes, destaca que o fórum conduz a um espaço de reflexão e mobilização em torno da sustentabilidade.
Fernandes lembra que o Ilades, desde a sua fundação, em 2011, aborda o tema. Para o dirigente, o evento deste ano ganha ainda mais relevância diante da proximidade da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada em Belém (PA), em novembro de 2025. “O fórum é uma preparação para esse grande encontro internacional. Estamos trazendo ao Rio Grande do Sul discussões que já estão na agenda global e que precisam ser enfrentadas com urgência pelo Brasil”, afirma.
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Segundo Fernandes, a programação do evento se mantém estruturada em “atos”, que envolvem diferentes painéis com os chamados “atores do clima”, ou seja, especialistas, acadêmicos, representantes do setor produtivo e autoridades públicas. Ele explica que a única alteração recente se refere à ausência da presidente da Famurs, substituída por outro representante municipal que trará um balanço sobre os impactos do maior desastre climático da história recente do Brasil.
O advogado destaca que, embora a participação de governadores, prefeitos e procuradores seja essencial, o conteúdo central do fórum será conduzido pelos especialistas convidados. “O papel das autoridades é institucional, mas o que queremos é oferecer ao público reflexões e experiências de quem está na linha de frente da sustentabilidade”, observa.
O fórum será o ponto culminante de uma série de quatro diálogos realizados ao longo do ano pelo Ilades, em temas como saneamento, indústria, agronegócio e mercado de carbono. Esses encontros, lembra Fernandes, geraram conteúdo qualificado e prepararam o terreno para os debates mais amplos. “Nós já iniciamos uma agenda vinculada aos eixos da COP30, ouvindo empresas, gestores e pesquisadores. O fórum agora consolida esse trabalho e projeta o Brasil como protagonista na transição energética”, afirma.
Para o presidente do Ilades, a educação é o fator essencial para que o País avance de forma consistente no tema. Ele cita o exemplo da Coreia do Sul, que transformou sua realidade por meio do investimento em ensino e pesquisa. “Se queremos mudar o Brasil e torná-lo referência mundial em sustentabilidade, precisamos investir em conhecimento. O Brasil tem ativos naturais incomparáveis, mas não pode desperdiçá-los. É preciso uma nova mentalidade de valorização dos recursos e de combate ao desperdício”, pontua.
Fernandes cita que a questão climática não é abstrata, mas concreta e visível no dia a dia. As enchentes que devastaram mais de 80% do território gaúcho em 2024 ainda deixam marcas profundas em cidades como Eldorado do Sul e Canoas. “Andamos pelo Estado e a sensação é de estar em zonas de guerra. A recuperação é lenta, e isso exige mais do que discursos: é preciso planejamento, cooperação e recursos bem aplicados”, diz. Para ele, prefeitos e governadores são “heróis” por enfrentarem limitações orçamentárias e burocráticas, mas a crise climática exige mudanças estruturais e não apenas emergenciais.
Outro ponto enfatizado pelo advogado é a necessidade de descentralizar o desenvolvimento, garantindo que a transição energética também gere emprego e renda em regiões menos favorecidas. Ele defende que a iniciativa privada seja o motor desse processo, com apoio de políticas públicas claras e seguras. “O empresário é quem financia a transição. O governo deve criar um ambiente favorável, sem travas desnecessárias, mas dentro da legalidade e do rigor técnico. Precisamos de licenciamento ágil e qualificado, sem abrir mão das condicionantes ambientais”, destaca.
Entre os palestrantes confirmados estão nomes de destaque como Dan Ioschpe, presidente do Conselho de Administração da Iochpe-Maxion e campeão de alto nível do clima da COP30, o professor Filipe Albano, especialista em recursos naturais da Pucrs, e representantes do Ministério Público como a promotora de Justiça Annelise Monteiro Steigleder e a procuradora de Justiça Ana Maria Marchesan.
Também participarão o juiz federal Gabriel Wedy, a juíza federal Rafaela Santos Martins da Rosa, autora do livro Dano Climático, o promotor Daniel Martini, o advogado e professor Delton Winter de Carvalho e a diretora de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Corsan-Aegea, Liliani Cafruni. O debate contará ainda com a presença de profissionais da imprensa como Lara Ely, especialista em ESG, Guilherme Kolling, editor-chefe do Jornal do Comércio, Telmo Flor, diretor de redação do Correio do Povo, e Rodrigo Lopes, apresentador do Grupo RBS e colunista de política nacional e internacional do Zero Hora.
Para Fernandes o fórum reforça a pluralidade de perspectivas, dando legitimidade ao debate. “Nosso propósito é oferecer ao Rio Grande do Sul e ao Brasil um espaço de diálogo com atores experientes, que trazem não só teoria, mas prática e resultados. O fórum já conquistou reconhecimento internacional, e este ano queremos consolidar ainda mais essa posição”, afirma.
A expectativa é reunir cerca de 200 participantes, em um evento que servirá também como preparação para a COP30. “Não podemos esperar que apenas os grandes encontros internacionais façam a diferença. Cada cidade, cada estado precisa assumir a sua responsabilidade. O planeta é um só, e a mudança começa nas escolhas do dia a dia, da gestão de resíduos até as grandes decisões de investimento”, conclui.
A participação no 6º Fórum Internacional de Mudanças Climáticas será gratuita, mas com vagas limitadas. As inscrições devem ser feitas pelo e-mail 6forumclima@gmail.com ou pelo Instagram oficial do Ilades (@ilades.org).