Um clima esperançoso quanto a bons negócios marcou a inauguração da 24ª TranspoSul – Feira e Congresso de Transporte e Logística ocorrida nesta terça-feira (23), na Fiergs, em Porto Alegre. A expectativa do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Rio Grande do Sul (Setcergs), que realiza o evento, é que seja movimentado nesta edição cerca de R$ 1,5 bilhão.
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O presidente do Setcergs, Delmar Albarello, admite que se trata de uma projeção otimista e lembra que recentemente a Expointer, apesar de ter verificado uma enorme presença de público, teve um recuo na geração de negócios. "É no momento de crise que se deve ter um arrojo maior, há a dificuldade, mas existem muitas oportunidades", afirma o presidente do Setcergs.
Se a estimativa de negócios se confirmar, será um patamar semelhante ao registrado na última edição da TranspoSul, realizada em 2023 (a do ano passado foi cancelada devido à enchente). Apesar da perspectiva positiva, Albarello salienta que um dos obstáculos que precisam ser enfrentados pelo setor são as elevadas taxas de juros praticadas atualmente.
O vice-presidente do Setcergs, Marcelo Dinon, enfatiza que o segmento de transportes está conectado com todos os outros ramos da economia. Ele detalha que hoje são cerca de 50 mil empresas transportadoras operando no Brasil e mais em torno de 1 milhão de transportadores autônomos. Em matéria de frota, o País conta com algo entre 2,8 milhões e 3 milhões de caminhões. Somente no Rio Grande do Sul, são aproximadamente 18 mil transportadoras, sendo 16 mil delas associadas ao Setcergs.
Já sobre a TranspoSul, que será realizada até sexta-feira (26), o coordenador institucional do encontro, Leandro Bortoncello, frisa que o evento é o mais importante dos segmentos de transporte e logística no Rio Grande do Sul. Ele adianta que são esperados em torno de 22 mil visitantes e mais de 150 expositores.
Além disso, um dos destaques é o congresso técnico que acontece paralelamente à feira e que deverá registrar mais de 100 horas de debates. O encontro também tem um caráter internacional, devendo contar nesta edição com representantes de 12 países.
Questionado sobre a recuperação da infraestrutura gaúcha após as enchentes do ano passado, o presidente do Setcergs considera que o governo estadual está "fazendo mais do que pode" em vista de todas as dificuldades apresentadas. Albarello comenta que a iniciativa privada está levando sugestões ao governo e indicando as regiões com maiores necessidades. Entre esses locais, o dirigente cita as regiões de Lajeado e Vale do Rio Pardo, que sofreram impactos com diversas pontes caídas.
Presente na abertura da TranspoSul, o governador Eduardo Leite salientou que é importante, além de recuperar e reconstruir as estradas gaúchas afetadas pela catástrofe climática, tornar essas rodovias mais resilientes com obras como a contenção de encostas e a construção de galerias de drenagem. Ele apontou ainda que o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) investiu cerca de R$ 1,5 bilhão em estradas do Rio Grande do Sul no ano passado. Mesmo assim, Leite defende que é preciso realizar concessões para viabilizar mais empreendimentos na área de infraestrutura no Estado, pois o poder público tem limitações para realizar aportes.
O governador revela ainda que estão sendo analisadas medidas para tornar o Estado mais competitivo, inclusive na área de logística. “Estamos trabalhando para buscar dispensar, por exemplo, vistorias em veículos 0 km para poder acelerar processos de emplacamento e inclusive proporcionar emplacamentos no Rio Grande do Sul de veículos que são adquiridos em outros estados”, destaca Leite.
Há uma equipe técnica do governo do Estado trabalhando nesse tema, porque há preocupações quanto à questão da segurança. O governador ressalta que não há um prazo para vigorar a medida, mas espera que possa ser em breve. “O nosso desejo é justamente poder aliviar a burocracia”, finaliza Leite.