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Publicada em 17 de Setembro de 2025 às 15:22

BC dos EUA corta taxa de juros em 25 pontos-base, para faixa de 4% a 4,25% ao ano

Esta é a primeira vez que o Fed reduz as taxas de juros neste ano, retomando ciclo de flexibilização monetária

Esta é a primeira vez que o Fed reduz as taxas de juros neste ano, retomando ciclo de flexibilização monetária

KAREN BLEIER/AFP/JC
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Agências
O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) cortou a taxa dos Fed Funds (como é conhecida a taxa de juros dos Estados Unidos) em 25 pontos-base, para faixa entre 4% a 4,25% ao ano, segundo comunicado divulgado nesta quarta-feira, 17. Esta é a primeira vez que o Fed reduz as taxas de juros neste ano, retomando ciclo de flexibilização monetária.
O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) cortou a taxa dos Fed Funds (como é conhecida a taxa de juros dos Estados Unidos) em 25 pontos-base, para faixa entre 4% a 4,25% ao ano, segundo comunicado divulgado nesta quarta-feira, 17. Esta é a primeira vez que o Fed reduz as taxas de juros neste ano, retomando ciclo de flexibilização monetária.
Analistas consultados pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) esperavam amplamente o corte dos juros pelo BC norte-americano na sexta reunião de política monetária de 2025.
O presidente do Fed, Jerome Powell, já havia admitido a possibilidade de reduzir os juros do país no último mês, mencionando os riscos de desaceleração do mercado de trabalho americano como justificativa.
A inflação nos Estados Unidos permanece resiliente, chegando a 2,6% em julho. Por outro lado, o crescimento mensal de empregos desacelerou, com empresas freando contratações. Com isso, o mercado de trabalho se tornou o principal fator analisado pelo Fed.
"Esta situação incomum [de inflação resiliente e mercado de trabalho menos aquecido] sugere que os riscos de queda no emprego estão aumentando. E se esses riscos se materializarem, podem fazê-lo rapidamente na forma de demissões acentuadamente maiores e aumento do desemprego", disse ele no Simpósio de Jackson Hole, em agosto.
A redução ocorre em meio a ataques de Trump contra a autonomia do banco central. Na segunda (15), o presidente dos EUA voltou a pressionar a instituição, pedindo um corte "maior" de juros.
O republicano já disse cogitar nomear a si mesmo para dirigir o banco central, que a taxa poderia estar dois ou três pontos percentuais abaixo e que Powell é "burro" e "idiota" por manter os juros nesse nível.
Nas últimas semanas, o presidente americano também iniciou uma campanha para tentar destituir Lisa Cook, única diretora negra no Fed, do cargo, acusando-a de uma suposta fraude na documentação de uma hipoteca. Apesar da ofensiva, um tribunal rejeitou a demissão.
Na segunda-feira (15), Trump teve uma vitória: seu indicado ao conselho de diretores do Fed, Stephen Miran, foi aprovado pelo Senado por 48 votos a 47.
Agora, o republicano conta com três indicados por ele no conselho de política monetária. Os diretores Christopher Waller e Michelle Bowman, os únicos votos contrários à manutenção dos juros na última reunião do Fed, também foram conduzidos ao cargo por Trump.
Isso significa que, caso tenha sucesso em sua tentativa de demitir Lisa Cook, Trump poderia indicar outro diretor para cumprir seu mandato, que termina em janeiro de 2038, e teria maior influência sobre as decisões de juros no país, com quatro dos sete membros fixos do Fomc (sigla para Comitê Federal de Mercado Aberto). Nas decisões de juros, há, ainda, a participação em regime de rodízio de outros 5 diretores regionais.
O ciclo de queda nos juros americanos deve aumentar a diferença entre as taxas dos Estados Unidos e do Brasil e beneficiar ativos brasileiros, segurando uma alta do dólar ante o real.
Caso o Banco Central brasileiro mantenha a Selic (taxa básica de juros do Brasil) em 15% nesta quarta, como projetado pelo mercado, essa diferença de juros iria a 10,75 pontos, levando em conta o limite superior americano.
Quanto maior essa diferença, mais rentável é a estratégia de investimento conhecida como "carry trade". Nela, pega-se dinheiro emprestado a taxas mais baixas, como a dos EUA, para investir em ativos com alta rentabilidade, como a renda fixa brasileira.
Assim, quanto mais atrativo o carry trade, mais dólares tendem a entrar no Brasil, o que ajuda a valorizar o real. Na terça (16), o câmbio fechou em R$ 5,298, com a expectativa pelo corte de juros nos EUA. Desde janeiro, a cotação do dólar acumula queda de 14% frente ao real.
O Ibovespa, por outro lado, registrou 145 mil pontos no começo desta 'Superquarta', com aumento no fluxo estrangeiro para a Bolsa de Valores.
Na avaliação de Eduardo Tellechea Cairoli, CEO e fundador da Privatto Multi Family Office, o movimento abre espaço para que novos cortes ocorram ainda em 2025, caso os indicadores de inflação e emprego se mantenham favoráveis dos EUA. A perspectiva da gestora é de até três reduções adicionais em 2026, o que tende a criar um ambiente mais favorável para ativos globais.

“Seguimos atentos às implicações desse ciclo de afrouxamento monetário para identificar oportunidades que tragam valor aos nossos clientes”, destaca Cairoli.

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