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Publicada em 19 de Setembro de 2025 às 17:45

Febre de lavanderias de autosserviço reflete mudanças de hábitos e conveniência

Praticidade e sustentabilidade são apontadas como fatores determinantes pelos clientes

Praticidade e sustentabilidade são apontadas como fatores determinantes pelos clientes

BRENO BAUER/JC
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Miguel Campana
Miguel Campana Repórter
Costumeiramente associada ao ambiente doméstico, a tarefa de lavar roupa tem sido cada vez mais feita fora de casa. Isso porque, desde o início do ano, foram abertas 73 lavanderias self-service no Rio Grande do Sul, sendo 17 delas em Porto Alegre, de acordo com levantamento feito pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Os dados coletados abrangem tanto empreendimentos independentes quanto aqueles vinculados a franquias.
Costumeiramente associada ao ambiente doméstico, a tarefa de lavar roupa tem sido cada vez mais feita fora de casa. Isso porque, desde o início do ano, foram abertas 73 lavanderias self-service no Rio Grande do Sul, sendo 17 delas em Porto Alegre, de acordo com levantamento feito pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Os dados coletados abrangem tanto empreendimentos independentes quanto aqueles vinculados a franquias.
As lavanderias self-service ou de autosserviço são aquelas em que os clientes podem utilizar as máquinas mesmo sem que o estabelecimento tenha a presença de funcionários no local. Para a analista de competitividade setorial sênior do Sebrae-RS, Jociane Ongaratto, o boom deste tipo de empreendimento é resultado de mudanças nos hábitos de consumo da sociedade.
“Estamos vendo cada vez mais apartamentos menores, ou seja, o espaço para as pessoas conseguirem lavar e secar as suas roupas é menor. O modelo self-service possibilitou que a lavanderia deixasse de ser um serviço de luxo para se tornar mais acessível e conveniente no dia a dia das pessoas”, explica.
Ainda segundo ela, outro fator que explica o aumento da procura por este tipo de lavanderia é o crescente interesse da sociedade pela questão da sustentabilidade. “Nas lavanderias self-service, o consumo de água e de energia na lavagem é menor na comparação com uma lavagem doméstica, o que pode ter influenciado o número de unidades abertas neste ano”, conta Jociane.
No caso de Matheus Oliveira, de 32 anos, a escolha pelo modelo self-service foi por questão de praticidade. “Moro junto com duas irmãs, mas temos pouca corda de varal em casa. Por isso, de vez em quando trago as minhas roupas para a lavanderia, que fica bem perto de onde moro. Lavo, seco e depois já guardo”, explica. Segundo ele, o fator custo-benefício não foi determinante para sua escolha. “No final das contas, para mim, o valor da lavanderia é quase o mesmo que gasto em casa, com compra de sabão e amaciante. É elas por elas”, completa.
Edmilson Ziemniczak, de 28 anos, também utiliza o modelo self-service das lavanderias por praticidade. Morador da Zona Norte de Porto Alegre, ele frequenta o local duas vezes por mês. "Esperamos juntar duas ou três máquinas para virmos na lavanderia de uma vez só. Até temos uma máquina de lavar em casa, mas fizemos uma obra há um ano e não terminamos a lavanderia. Agora temos a mania de lavar sempre na lavanderia self-service", explica.
Assim como Oliveira, Ziemniczak considera sustentável financeiramente utilizar o modelo de autosserviço, ao invés de lavar roupa em casa. "Já vem com tudo incluso, amaciante, sabão em pó e água. É bem leve para o nosso bolso", completa.
 

Tendência veio para ficar, aponta analista do Sebrae

Muitas lavanderias desse tipo podem ser encontradas em postos de combustível, fato que, segundo a analista do Sebrae-RS, é explicado por uma questão de conveniência. "Esses locais já oferecem uma estrutura pronta e estratégica para este tipo de negócio, com grande fluxo de pessoas, disponibilidade de estacionamento e facilidade de acesso, o que pode reduzir os custos da operação. Esta tendência está ligada aos conceitos de conveniência e praticidade", explica Jociane.
Durante o processo de abertura de uma lavanderia, seja ela franqueada ou um empreendimento independente, a primeira orientação do Sebrae-RS é que o empresário reflita sobre os investimentos necessários para a manutenção de tal operação. “O empreendedor deve entender quais valores precisará despender não só no início do empreendimento, mas até o ponto em que passe a ter retorno financeiro. Embora esse modelo de negócio não exija que o dono fique o tempo inteiro na unidade, é preciso entender como será feita a gestão da operação”, conta Jociane.
A analista do Sebrae-RS acredita que a febre das lavanderias self-service veio para ficar. “Não é uma moda passageira. Quando o assunto é o comportamento do consumidor, falamos de uma mudança mais estrutural. Por isso, a tendência é que continuem aparecendo modelos mais inovadores e acessíveis não só para os clientes, mas para os investidores”, conclui.
 

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